Segundo explicou à agência Lusa o diretor de frotas da Hi Fly, Ricardo Bahia, o A380, que pertence a uma categoria de aviões especiais devido às suas dimensões, requer que o aeroporto esteja certificado para receber aquele tipo de aeronaves, mas, “quando não está, tal não significa que não o possa receber”.

Nesses casos, disse, é feito um pedido à gestora do aeroporto, que no de Lisboa é a ANA – Aeroportos de Portugal, para que seja autorizada a operação do avião naquela infraestrutura, garantindo as condições de segurança e, caso necessário, medidas de mitigação, como por exemplo supervisão humana na pista no momento da operação no chão.

“O que é preciso fazer é analisar se a operação se justifica”, como, por exemplo, para fazer “dois ou três voos por semana ou operações humanitárias”, defendeu Ricardo Bahia.

“As autoridades aeronáuticas dedicam-se a fazer um estudo e a emitir pareceres com, por vezes, algumas medidas de mitigação, por forma a que o avião possa operar em segurança, cumprindo com todos os requisitos”, acrescentou o responsável.

Um estudo da fabricante de aviões Airbus, a que a Lusa teve acesso, dá o A380 como compatível no aeroporto de Lisboa.

“Temos documentação factual representativa, em que, para além dos aspetos de mitigação, temos também esse parecer e estudo que aponta que o avião apenas terá que ser supervisionado em determinados ‘stands’ de estacionamento e, mais importante, a segurança absolutamente nunca é posta em causa”, sublinhou Ricardo Bahia.

No entanto, de acordo com a companhia aérea que se dedica ao fornecimento de aviões com tripulação, manutenção e seguros (‘wet lease’), a ANA avaliou o seu pedido “durante bastante tempo”, mas acabou por alegar que, para autorizar a operação do A380 na Portela, teria de fazer “obras avultadas”.

“Nós, a Airbus e todas as entidades aeroportuárias e autoridades para quem já operámos este avião, até aeroportos mais pequenos, não somos dessa opinião”, reiterou o gestor de frotas da Hi Fly.

Ricardo Bahia ressalvou compreender que a aeronave em questão pode criar o que chamou de “rugosidade operacional” em Lisboa, tendo em conta o tráfego habitual do Aeroporto Humberto Delgado.

“O problema é que Lisboa tem muito tráfego e o tráfego típico de Lisboa não é o A380. […] Operacionalmente, de facto, o avião, para os ‘standards’ de Lisboa, com uma operação normal do dia-a-dia, cria algumas rugosidades”, admitiu.

No entanto, na sua opinião, “agora era a altura de se colocar essa questão de parte”, uma vez que a aviação comercial está praticamente parada, e emitir uma autorização para o modelo A380, que pode ser temporária, ou de caráter regular.

“Este avião pesa tanto como um comboio. Nós conseguimos transportar o que for preciso, o quão longe for preciso. Numa altura destas, parece-me que é o avião que todos procuramos”, considerou.

A Hi Fly passou a incluir na sua frota o modelo A380 da fabricante Airbus em 2018.

Atualmente, o único aeroporto nacional com autorização para receber o A380 é o de Beja.

A Lusa contactou a ANA, não tendo ainda obtido resposta às questões colocadas.