Num novo balanço, as autoridades sanitárias chinesas também confirmaram 14.840 novos casos de contágio em Hubei, onde a epidemia foi identificada em dezembro, elevando para cerca de 60.000 o total de portadores da doença.
O salto enorme no número de contaminados ocorre depois de as autoridades locais anunciarem que mudaram a forma de contar o número de novos diagnóticos do COVID-19.
Em comunicado, a comissão de saúde de Hubei, que agora inclui na contagem os casos que foram "diagnosticados clinicamente". Isso significa que as imagens de pulmão em casos suspeitos podem ser considerados suficientes para diagnosticar o vírus, em vez de testes padrão de ácido nucleico.
Segundo a Comissão de Saúde de Hubei, a mudança significa que os pacientes podem receber tratamento "o mais rapidamente possível" e ser "consistentes" com a classificação usada em outras províncias.
A entidade acrescentou que tinha feito essa mudança "à medida que a compreensão da pneumonia causada pelo novo coronavírus se aprofundou e à medida que se acumulou experiência em diagnóstico e tratamento".
Também no Japão, os exames laboratoriais confirmaram 44 novos casos de contaminação com COVID-19 entre pessoas em quarentena a bordo de um cruzeiro de luxo, anunciou nesta quinta-feira o ministro da Saúde japonês, Katsunobu Kato.
Veja em baixo o mapa interativo com os casos de coronavírus confirmados até agora
Se não conseguir ver o mapa desenvolvido pela Universidade Johns Hopkins, siga para este link.
Milhões de pessoas em quarentena
O governo chinês colocou praticamente 56 milhões de pessoas em quarentena na província de Hubei, e especialmente na capital, Wuhan, além de restringir os movimentos de vários milhões a mais em várias cidades. Trata-se de um grande esforço tentar conter a propagação da epidemia.
O presidente da China, Xi Jinping, presidiu na quarta-feira uma reunião com as lideranças do Partido Comunista depois da divulgação de números que indicavam uma redução nos casos confirmados pelo segundo dia consecutivo. O país não deve, no entanto, "baixar" a guarda nesta "grande guerra", disse Xi, durante a reunião do Partido Comunista, informou a televisão pública da CCTV.
A China recebeu elogios da Organização Mundial da Saúde (OMS) pela transparência na gestão da crise da saúde, mas, no entanto, as autoridades ainda enfrentam um ceticismo por parte da população. Autoridades sanitárias de Hubei foram severamente questionadas sobre o atraso na resposta aos alertas iniciais sobre a epidemia, e os dois maiores responsáveis foram sumariamente demitidos de seus cargos.
Nesse contexto, a nova metodologia adotada pelas autoridades para definir os casos confirmados alimentaria as suspeitas de que o total de diagnósticos positivos estaria subestimado.
Ainda nesta quinta-feira, a agência de notícias chinesa Xinhua anunciou que o secretário do Partido Comunista em Hubei, Jiang Chaoliang, foi sumariamente afastado do cargo e substituído pelo prefeito de Xangai, Ying Yong. Zhong Nanshan, um renomado cientista da Comissão de Saúde, estima que a epidemia deve atingir o pico "em meados ou no final de fevereiro".
Em Genebra, Michael Ryan, chefe do departamento de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS), declarou horas depois que acreditava "que é cedo demais para tentar prever o (...) fim dessa epidemia".
Já o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que "o número de novos casos relatados na China se estabilizou durante a última semana", mas o dado "deve ser interpretado com extrema cautela". "Essa epidemia pode ir em qualquer direção", alertou Tedros.
Repercussões negativas
Também esta quinta-FEIRA, o ministro da Saúde do Japão, Katsunobu Kato, informou que exames laboratoriais confirmaram 44 novos casos de contaminação com COVID-19 entre pessoas em quarentena a bordo de um cruzeiro de luxo que está atracado na costa japonesa.
Kato indicou que foram realizados 221 novos exames de laboratório entre os passageiros do Diamond Princess, sendo que 44 foram diagnosticados com o vírus, elevando a 218 o número de casos de contaminação nessa embarcação que está ancorada perto de Tóquio.
A epidemia ou o temor internacional de contágio levou os organizadores do World Mobile Congress (WMC), salão mundial da telefonia móvel de Barcelona, a cancelar nesta quarta-feira este grande evento do setor, que estava previsto para entre 24 e 27 de fevereiro na cidade espanhola.
"O WMC Barcelona 2020 foi cancelado porque a preocupação mundial com a epidemia do coronavírus, a preocupação sobre as viagens e outras circunstâncias tornam impossível a organização" do congresso, afirmou em nota a GSMA (órgão comercial que representa os interesses das operadoras de redes móveis em todo o mundo), responsável pelo evento.
O cancelamento é um duro golpe para Barcelona, que contava com receber mais de 110.000 visitantes, faturar 492 milhões de euros e gerar mais de 14.000 empregos. Ontem, a Federação Internacional do Automóvel (FIA) anunciou o adiamento do Grande Prémio da China de Fórmula 1, previsto inicialmente para ser realizado em 19 de abril, em Xangai.
Em Paris, o estilista chinês Jarel Zhang anunciou o cancelamento do seu desfile em março na Semana de Moda de Paris "para garantir a boa saúde e segurança dos dois países e reduzir o número de contactos".
Dado o peso económico e a posição da China nas redes de suprimento globais, o vírus está a afetar empresas em vários setores ao redor do mundo. Diversos países proibiram o desembarque de passageiros da China, enquanto as principais companhias aéreas suspenderam voos para esse país.
A Administração de Aviação Civil da China (CAAC) pediu esta quarta-feira que essas restrições sejam levantadas, apontando o seu "impacto negativo" no setor aéreo e na economia mundial, segundo a agência chinesa Xinhua. A companhia aérea Air China anunciou nesta quarta-feira (12) que cancelará vários voos entre Atenas e Pequim devido à epidemia do novo coronavírus, informou a agência de notícias grega Ana.
Comentários