Em declarações aos jornalistas na Residência Oficial de São Bento, em Lisboa, antes de começar a receber os partidos políticos, António Costa fez um apelo, um dia depois de terem sido divulgadas imagens, por exemplo, de praias cheias de gente nos arredores de Lisboa, nomeadamente jovens.
“A deslocalização do contacto do espaço educativo para outros espaços mais conviviais não resolve o fundo do problema, só deslocaliza os riscos. O apelo que faria é que todas as pessoas que estudam ou trabalham em entidades que tem sido encerradas compreendem que devem ter um esforço acrescido no seu esforço de contenção na sua circulação social”, disse.
Questionado sobre se referia a praias, o chefe do Governo respondeu com um sim. “A liberdade de cada um tem que respeitar também a liberdade dos outros”, sublinhou ainda.
Costa considerou ser preciso “procurar evitar essas situações de convívio” em grandes espaços e avisou: “Ninguém pense que não é pelo facto de não estar numa sala de aula e estar noutros locais de convívio que esse risco de contágio é menor.”
O primeiro-ministro insistiu na responsabilidade de todos na prevenção da difusão da doença e nas medidas que cada um deve adotar, como lavar as mãos, evitar mexer na cara.
António Costa interrompe Conselho de Ministros para ouvir partidos
À chegada à residência oficial de São Bento, cerca das 12:30, hora prevista para receber Rui Rio, presidente do PSD, Costa afirmou ser importante ouvir os líderes dos partidos com assento parlamentar, dado que este é um tema em que deveria existir um consenso. Depois das 20:00, afirmou, são retomados os trabalhos no Conselho de Ministros e serão anunciadas as medidas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a doença COVID-19 como pandemia, uma decisão que justificou com os "níveis alarmantes de propagação e de inação".
A pandemia de COVID-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.500 mortos em todo o mundo.
O número de infetados ultrapassou as 124 mil pessoas, com casos registados em 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 78 casos confirmados. Até ao momento, as escolas portuguesas mantêm-se abertas, exceto aquelas encerradas de forma casuística por ligação a casos confirmados ou casos suspeitos.
O Governo português decidiu suspender todos os voos com destino ou origem nas zonas mais afetadas em Itália, recomendando também a suspensão de eventos em espaços abertos com mais de 5.000 pessoas. Ordenou também a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte, a mais afetada.
Foram também encerrados alguns estabelecimentos de ensino, sobretudo no Norte do país, assim como ginásios, bibliotecas, piscinas e cinemas.
Os residentes nos concelhos de Felgueiras e Lousada, no distrito do Porto, foram aconselhados a evitar deslocações desnecessárias. Um pouco por todo o país, centenas de eventos têm sido cancelados num esforço conjunto para travar a propagação do COVID-19.
A Itália é o caso mais grave depois da China, com mais de 12.000 infetados e pelo menos 827 mortos, o que levou o Governo a decretar a quarentena em todo o país.
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