À chegada à residência oficial de São Bento, cerca das 12:30, hora prevista para receber Rui Rio, presidente do PSD, Costa afirmou ser importante ouvir os líderes dos partidos com assento parlamentar, dado que este é um tema em que deveria existir um consenso.

"Este é um daqueles momentos em que é essencial que o país sinta que os agentes políticos estão todos convergentes quanto ao objectivo comum: conter o mais possível a expansão desta pandemia e estar nas melhores condições possíveis para responder ao tratamento daqueles que estão ou venham a estar contaminados e evitar mortes", disse.

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

Depois das 20:00, afirmou, são retomados os trabalhos no Conselho de Ministros e serão anunciadas as medidas. Qualquer que seja a medida, terá "grande impacto social", por isso, Costa entendeu que "era o momento de ouvir todas as lideranças partidárias".

"Acho que é útil e necessário que todos os partidos sejam ouvidos nesta matéria. Cada um, naturalmente, tem a liberdade de tomar a decisão que entender, mas o governo gostaria de ouvir a opinião de todos", disse.

António Costa recusou-se a antecipar quaisquer decisões antes de falar com os líderes partidários, nomedamente sobre o eventual encerramento de escolas, que o Conselho Nacional de Saúde Pública só aconselha caso a caso, situação e situação. Qualquer que seja a decisão, admitiu, ela "não é isenta de consequências", quer para o sistema de ensino ou para a organização das famílias.

Em termos genéricos, o chefe do Governo afirmou, que, na primeira parte do Conselho de Ministros de hoje, foram "indiciadas" várias medidas, quer com "o encerramento de alguns espaços públicos quer com a criação de condições de apoio à manutenção da atividade económica e apoio ao rendimento das famílias que possam vir a ser afetadas".

Evistar espaços mais conviviais

O primeiro-ministro fez hoje um apelo a quem estuda ou trabalha em entidades que encerraram devido ao surto para que evitem ir para “espaços mais conviviais”, como as praias, e ajudem a evitar “a difusão do vírus”.

A deslocalização do contacto do espaço educativo para outros espaços mais conviviais não resolve o fundo do problema, só deslocaliza os riscos

Em declarações aos jornalistas, António Costa fez um apelo, um dia depois de terem sido divulgadas imagens, por exemplo, de praias cheias de gente nos arredores de Lisboa, nomeadamente jovens.

“A deslocalização do contacto do espaço educativo para outros espaços mais conviviais não resolve o fundo do problema, só deslocaliza os riscos. O apelo que faria é que todas as pessoas que estudam ou trabalham em entidades que tem sido encerradas compreendem que devem ter um esforço acrescido no seu esforço de contenção na sua circulação social”, disse.

Questionado sobre se referia a praias, o chefe do Governo respondeu com um sim. “A liberdade de cada um tem que respeitar também a liberdade dos outros”, sublinhou ainda.

Costa considerou ser preciso “procurar evitar essas situações de convívio” em grandes espaços e avisou: “Ninguém pense que não é pelo facto de não estar numa sala de aula e estar noutros locais de convívio que esse risco de contágio é menor.”

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a doença COVID-19 como pandemia, uma decisão que justificou com os "níveis alarmantes de propagação e de inação".

A pandemia de COVID-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.500 mortos em todo o mundo.

O número de infetados ultrapassou as 124 mil pessoas, com casos registados em 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 78 casos confirmados. Até ao momento, as escolas portuguesas mantêm-se abertas, exceto aquelas encerradas de forma casuística por ligação a casos confirmados ou casos suspeitos.

O Governo português decidiu suspender todos os voos com destino ou origem nas zonas mais afetadas em Itália, recomendando também a suspensão de eventos em espaços abertos com mais de 5.000 pessoas. Ordenou também a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte, a mais afetada.

Foram também encerrados alguns estabelecimentos de ensino, sobretudo no Norte do país, assim como ginásios, bibliotecas, piscinas e cinemas.

Os residentes nos concelhos de Felgueiras e Lousada, no distrito do Porto, foram aconselhados a evitar deslocações desnecessárias. Um pouco por todo o país, centenas de eventos têm sido cancelados num esforço conjunto para travar a propagação do COVID-19.

A Itália é o caso mais grave depois da China, com mais de 12.000 infetados e pelo menos 827 mortos, o que levou o Governo a decretar a quarentena em todo o país.

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