Ana Loura esteve internada na unidade de infecciologia do Centro Hospitalar Universitário do São João, no Porto, tendo estado também nos cuidados intensivos.

“A memória. Já tenho 67 anos e a memória já não é o que era [quando era mais nova], mas piorei muito” depois do internamento, disse.

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O aparecimento de um nódulo num dos pulmões que desconhecia antes de sofrer de COVID-19 e uma queda abundante do cabelo são outras das sequelas que Ana Loura disse estar a verificar depois da alta hospitalar da COVID-19, em 05 de abril.

“O meu cabelo embranqueceu de um dia para o outro. Já era grisalho, mas agora está predominantemente branco”, contou, referindo que também continua a sentir “muito cansaço”.

Ana Loura sobreviveu à COVID-19 depois de ter entrado no dia 12 de março no São João e só ter tido alta em 05 de abril.

Reformada da profissão de técnica de telecomunicações aeronáuticas na empresa NAV na Ilha de Santa Maria (Açores) e ativista envolvida em várias causas sociais e culturais naquela ilha, saiu dos Açores no dia 17 de fevereiro, para estar presente no Correntes D’Escritas de 19 a 22 de fevereiro.

Questionada pela Lusa sobre se estaria disponível para participar num estudo científico sobre as sequelas que a COVID-19 deixa nos doentes recuperados, respondeu que está disponível.

“Claro que sim. Devo isso ao resto do universo. Aliás, já me inscrevi naquele programa de recolha de plasma. Eu acho que temos a obrigação de estar disponíveis para colaborar naquilo que for preciso”, assumiu.

Em entrevista recente à agência Lusa, o diretor do Serviço de Infecciologia do São João, António Sarmento, admitiu poder-se avançar com um estudo científico sobre as sequelas que a COVID-19 deixou nos doentes recuperados “quando as coisas acalmarem”.

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As sequelas das doenças geralmente manifestam-se ao fim de semanas ou mesmo meses, explicou António Sarmento.

No caso da COVID-19, uma doença “nova e desconhecida” é “impossível, para já, no mundo alguém dizer, seja na América, seja cá, com que sequelas as pessoas vão ficar”, afirmou.

“Não sabemos”, reconheceu António Sarmento, referindo que é “provável que fiquem com as sequelas duma pneumonia”.

O diretor do Serviço de Infecciologia ressalvou ainda que há “sequelas de cuidados intensivos” que são “comuns a qualquer patologia que obrigue a internamento em cuidados intensivos”, mas que depois são “reversíveis”.

Uma pessoa que esteve parada, sedada e ligada a um ventilador pode ter “sequelas neuromusculares”, “sequelas pulmonares” e podem ser “sequelas psiquiátricas ou psicológicas”, e, por esses motivos pode sentir “atrofias musculares”, “cansaço brutal”, “falta de forças”, “stress pós traumático”, que tem a ver com uma sedação prolongada, descreveu.

Em Portugal, morreram 1.184 pessoas das 28.319 confirmadas como infetadas, e há 3.198 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

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