Há pouco mais de duas semanas, centenas de milhar de pessoas foram enviadas para casa, para trabalharem à distância, uma solução que afetou tanto funcionários públicos como trabalhadores privados.

As medidas excecionais tomadas para se reduzir o risco de contágio do novo coronavírus que já matou mais de 900 pessoas e infetou mais de 40 mil levou ao fecho de escolas e encaminhou milhares de crianças para os lares. Os trabalhos de casa diários preenchem-lhes as rotinas e há mesmo exercícios físicos aconselhados, com muitos pais impedidos de os levarem aos parques infantis, encerrados aos públicos.

Hoje, o Governo de Macau divulgou uma série de panfletos nos quais se reitera precisamente a proibição de utilização de parques, zonas de lazer, campos livres e instalações de diversão infantil, assim como de trilhos de manutenção, ciclovias e parques naturais. Tudo para evitar a aglomeração de pessoas, medidas que vão ao encontro das recomendações para as pessoas permanecerem em casa que ecoam nas ruas, a cada passagem de viaturas equipadas com altifalantes, em mensagens em mandarim, cantonês, inglês e português.

Nos mesmos panfletos, pode ler-se: “Adultos e crianças devem fazer exercício físico sozinhos em casa, assim contribuindo para combater a epidemia”.

As instalações desportivas fechadas afastaram daqueles recintos amadores, profissionais e semiprofissionais da prática de modalidades que vão do futebol, passando pelo ténis até ao badmington.

Também com o objetivo de prevenir aglomerações, as autoridades fecharam espaços de diversão noturna, para além de cinemas e do mediatizado encerramento dos casinos, que atraem milhões de pessoas todos os meses à capital mundial do jogo.

Macau conta atualmente com nove pessoas infetadas que, nos próximos dias podem receber alta, de acordo com as autoridades, que sublinharam já o facto de não terem sido identificados mais casos há cinco dias consecutivos.

As medidas praticamente paralisaram a economia, com muitas casas a fecharem portas, como é o caso da restauração, afetando a comunidade portuguesa no território que explora estes negócios.

As autoridades chinesas elevaram hoje para 908 mortos e mais 40 mil infetados o balanço do surto de pneumonia na China continental causado pelo novo coronovírus (2019-nCoV) detetado em dezembro, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro).

No domingo, segundo dados divulgados pela Comissão Nacional de Saúde da China, foram registadas no território continental chinês 97 mortes e detetados 3.000 novos casos de infeção.

O número total de mortes ascende a 910, contabilizando as duas registadas fora da China continental, uma nas Filipinas e outra em Hong Kong.

O balanço ultrapassa o da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que entre 2002 e 2003 causou a morte a 774 pessoas em todo o mundo, a maioria das quais na China, mas a taxa de mortalidade permanece inferior.

Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais de 350 casos de contágio confirmados em 25 países. Na Europa, o número chegou no domingo a 39, com duas novas infeções detetadas em Espanha no Reino Unido.

Uma missão internacional de especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) partiu no domingo para a China. A OMS, que declarou em 30 de janeiro uma situação de emergência de saúde pública internacional, indicou no sábado que os casos de contágio revelados diariamente na China estão a estabilizar, mas sublinhou que era cedo para concluir que a epidemia atingiu o seu pico.