Qual o balanço atual?
Até este sábado foram contabilizados 1.300 casos, incluindo 41 fatais, na China, onde a epidemia começou. Outros países asiáticos são afetados e alguns casos foram detectados na Austrália, França e Estados Unidos. Nenhum paciente morreu fora da China.
"Atualmente, é difícil determinar a taxa de mortalidade, já que, na fase inicial da epidemia, apenas casos graves são detectados", explica na revista médica The Lancet a cientista chinesa Lili Ren.
Em outras palavras, sabemos quantos pacientes morreram por causa deste vírus, mas não quantos estão realmente infectados no total.
Batizado de 2019-nCoV, este novo vírus pertence à vasta família dos coronavírus.
No passado, apenas duas epidemias mortais foram causadas por um coronavírus: SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio).
Segundo a OMS, a epidemia de SARS matou 774 pessoas em todo o mundo de 8.096 casos em 2002/2003 antes de ser controlada, ou seja, uma taxa de mortalidade de 9,5%. Ainda em andamento, a epidemia de MERS matou 858 dos 2.494 casos desde setembro de 2012, representando uma taxa de mortalidade de 34,5%.
"Em geral, os pacientes (afetados pelo novo vírus) estão numa condição menos grave do que com a SARS", disse o professor francês Yazdan Yazdanpanah.
Quais os sintomas?
Alguns são semelhantes aos da SARS, de acordo com cientistas chineses em trabalho publicado na sexta-feira pela The Lancet, com base nos primeiros 41 casos na China.
Todos esses pacientes tiveram pneumonia, quase todos tiveram febre, três quartos tosse, mais da metade dificuldade em respirar.
Mas "existem diferenças importantes com a SARS, como a ausência de sintomas que afetam as vias aéreas superiores (coriza, garganta inflamada, espirros)", analisa o principal autor dessas observações, o professor Bin Cao.
A idade média dos 41 pacientes é de 49 anos, 30 são homens e 27 foram ao mercado de Wuhan, onde a epidemia começou. Finalmente, quase um terço desenvolveu desconforto respiratório agudo e seis morreram.
Embora não haja uma conclusão geral a ser tirada, dado o pequeno número de pacientes considerados, essas observações fornecem um quadro clínico inicial da doença.
Essas indicações são ainda mais preciosas, uma vez que o diagnóstico é dificultado pela epidemia de gripe que está a ocorrer atualmente, com sintomas semelhantes.
Qual a taxa de transmissão entre humanos?
Esta é uma questão central. Se o risco de transmissão de humano para humano primeiro foi considerado "baixo", não há mais dúvidas. Resta saber a sua intensidade.
"O problema é que ainda não temos dados suficientes para determinar com precisão a taxa básica de reprodução desta doença", ressalta o professor William Keevil (Universidade de Southampton, Inglaterra).
Utilizada em epidemiologia, esta unidade designa o número médio de casos causados por um único paciente com uma doença transmissível.
"Se essa taxa for alta e o vírus sofrer uma mutação no futuro para uma forma mais perigosa, isso tornaria-se preocupante", segundo o professor Keevil.
O período de incubação (entre a infecção e o início dos sintomas) é estimado em duas semanas no máximo.
Qual a origem?
Os investigadores estimam que este novo vírus provavelmente provém de morcegos, como o da SARS, com o qual compartilha 80% de semelhança genética.
Mas ainda não sabemos que animal o transmitiu aos seres humanos. Na quarta-feira, uma equipa chinesa especulou que poderia ser a cobra, mas isso foi imediatamente contestado por outros especialistas, que tendem a favorecer um mamífero.
A identificação deste animal é importante, pois pode ajudar a conter a epidemia.
No caso da SARS, o animal em questão era o civet, um mamífero cuja carne é apreciada na China.
"Foi-se proibindo o consumo de civet e fechando-se as fazendas de criação que conseguimos impedir qualquer reintrodução" do vírus, lembra o professor Arnaud Fontanet, do Instituto Pasteur, em Paris.
Por outro lado, uma das razões pelas quais a epidemia de MERS continua ativa é o fato de o reservatório do vírus ser o dromedário, um animal doméstico.
Como se pode proteger?
As autoridades científicas e de saúde destacam a importância de "medidas de barreira" eficazes para outras doenças virais, como a gripe: lavar as mãos com frequência, tossir ou espirrar na dobra do cotovelo ou para um lenço, evitar tocar no rosto (nariz, mãos, boca)...
Além disso, se um caso for encontrado, o paciente deve ser isolado para evitar contágio.
"Como um grande número de pacientes com SARS e MERS foram infectados em centros médicos, é preciso tomar cuidado para evitar que o vírus se espalhe nos estabelecimentos de saúde", escrevem cientistas internacionais num comentário publicado pela The Lancet.
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