16 de maio de 2013 - 11h01
Uma cientista despedida em Espanha devido aos cortes no finaciamento da ciência foi uma das investigadoras que reprogramou, nos Estados Unidos, células de pele humana para produzirem células-mãe capazes de se transformarem noutras células do corpo.
A bióloga espanhola Muria Martí Guitérrez teve de imigrar para Estados Unidos depois de ser despedida, em 2011, do Centro de Investigação Príncipe Felipe, em Valência, devido a cortes nos fundos para o setor, segundo publica hoje a imprensa espanhola.
A descoberta da cientista espanhola, dada a conhecer esta semana na revista especializada norte-americana Cell, é considerada um passo importante para o tratamento de doenças como Parkinson ou Esclerose Múltipla.
As células-mãe ou células estaminais são as únicas que têm a capacidade de se diferenciarem em todo o tipo de células do organismo, e de se multiplicarem sem limite, apresentando assim um grande potencial terapêutico.
Para os cientistas, as células estaminais são promissoras no tratamento da doença de Parkinson, Esclerose Múltipla, bem como em patologias cardíacas e lesões da espinal medula.
Investigação promissora
Especializada em reprodução assistida, Muria Guitérrez participou no processo de transferência nuclear, a derivação de células-mãe, e na manutenção das linhas celulares como coordenadoras das doações de ovocitárias, trabalho que desenvolveu na Universidade de Oregon, nos Estados Unidos da América.
Os investigadores da Universidade de Ciências de Oregon conseguiram transferir o núcleo de uma célula da pele, contendo o ADN (informação genética) de uma pessoa, para a célula de um óvulo, de onde foi retirado o material genético. O núcleo de uma célula adulta uniu-se com um óvulo que produz células-mãe.
"As células-mãe obtidas por esta técnica demonstraram a sua capacidade para se diferenciarem, como as células-mãe normais, em diferentes tipos de células - nervosas, hepáticas e cardíacas", explicou o coordenador da investigação, Shoukhrat Mitalipov, citado pela revista Cell.
O médico adiantou que as células estaminais reprogramadas "podem ser obtidas a partir de material genético do núcleo [de uma célula] de um doente" e que "não há qualquer problema de rejeição das células implantadas".
Shoukhrat Mitalipov sustentou que "este avanço" científico "representa um passo importante na produção de células-mãe que podem ser usadas em medicina regenerativa", embora tivesse ressalvado que "há ainda muito a fazer, antes de se desenvolverem tratamentos eficazes à base de células-mãe".
A experiência da Universidade de Ciências de Oregon, que ocorreu depois de um bem sucedido ensaio do mesmo tipo com macacos, tem a vantagem, para os cientistas, de não utilizar embriões fertilizados, o que pode levantar questões éticas.
Lusa