A tiroide é uma pequena glândula em forma de borboleta localizada na parte anterior e inferior do pescoço, por exemplo nos homens por baixo da maçã-de-Adão. As doenças da tiroide podem manifestar-se por alterações do funcionamento das células tiroideias ou pela formação de nódulos (“caroços”).

Os nódulos da tiroide são frequentes: cerca de 5 % da população portuguesa tem nódulos da tiroide e em 10% dos casos pode tratar-se de um nódulo maligno (cancro da tiroide).

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A frequência do cancro da tiroide tem aumentado nos últimos anos. Em Portugal, diagnosticam-se cerca de 400 novos casos por ano, representando cerca de 1% de todos os cancros. São cerca de quatro vezes mais frequentes nas mulheres do que nos homens.
O tratamento e prognóstico dependem do tipo de células da tiroide a partir das quais se desenvolve e da fase do carcinoma à data do diagnóstico. Os carcinomas diferenciados da tiroide, que incluem o carcinoma papilar e o carcinoma folicular, representam cerca de 90% dos casos de cancro da tiroide e se diagnosticado precocemente têm excelente prognóstico.

Quais as causas?

As causas não estão bem determinadas. O cancro da tiroide é mais frequente em pessoas com exposição prévia a altas doses de radiação, com história familiar de cancro da tiroide e com idade superior a 40 anos.

Os jovens expostos a altas doses de radiação têm um risco particularmente aumentado.

O cancro da tiroide pode ser causado por altas doses de iodo radiativo libertado durante os desastres nucleares, como em Chernobyl e em Fukushima. As crianças são as mais suscetíveis, mas os adultos também são afetados podendo vir a desenvolver cancro da tiroide até quarenta anos depois. A ingestão precoce de iodeto de potássio pode diminuir de forma significativa este risco.

Na maioria dos casos não há uma causa identificável.

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Como se manifesta e como se diagnostica?

O cancro da tiroide manifesta-se por um nódulo e habitualmente não provoca qualquer sintoma.

Pode ser detetado pelo próprio, que palpa um nódulo no pescoço ou pelo médico num exame de rotina. Pode ainda ser identificado por exames de imagem do pescoço ou tórax (ecografia ou TAC) realizados por qualquer outro motivo.

Em fases avançadas quando o nódulo atinge grandes dimensões pode provocar dor, dificuldade em engolir ou rouquidão.

O estudo do nódulo da tiroide exige:

  • Realização de análises para avaliar o funcionamento da tiroide;
  • Ecografia dirigida à tiroide, de modo a avaliar as características do nódulo. Alguns nódulos apresentam critérios de suspeição para neoplasia;
  • Citologia aspirativa da tiroide com agulha fina para colheita de células para análise. Este exame é de fácil realização, quase indolor e é habitualmente realizado com controlo de ecografia. Deste modo é possível orientar o local do nódulo ou dos nódulos que necessitam ser avaliados. Este exame é determinante para o diagnóstico e para a decisão da terapêutica. Nódulos com dimensões até 1 cm não têm indicação para realizar este exame.

O diagnóstico definitivo é feito pelo estudo da peça operatória.

Tipos de cancro da tiroide?

  • Carcinoma papilar – representa 70-80% de todos os cancros da tiroide
  • Carcinoma folicular – representa 10 – 15% dos cancros da tiroide.
  • Carcinoma medular – representa 5-10% dos casos e pode ter carácter familiar e associar-se a outras doenças endócrinas.
  • Carcinoma anaplástico – é raro, <2% dos casos e de muito mau prognóstico.

Tratamento e prognóstico

A cirurgia é a primeira opção terapêutica. A remoção total da tiroide (tiroidectomia total) é realizada na maioria das situações, no entanto a remoção pode ser parcial em casos selecionados.

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Após a cirurgia é necessário fazer medicação com hormona tiroideia, que terá que ser mantida para toda a vida.

Nos carcinomas de pequenas dimensões e sem gânglios atingidos a cura pode ser atingida apenas com a cirurgia. Nos carcinomas de maiores dimensões, com características mais agressivas e com gânglios afetados é necessário complementar a terapêutica com iodo radioativo. Esta tem como objetivo a destruição de células cancerígenas remanescente e deste modo evitar o risco de recidivas.

No caso de recidiva poderá ser efetuada terapêutica com iodo radioativo.

De um modo geral o prognóstico é excelente em especial nas pessoas menos de 45 anos e com carcinomas papilares limitados à tiroide.

O prognóstico é pior quando a remoção não pode ser total com cirurgia ou quando não é destruído com iodo radioativo. Mesmo nestas situações o prognóstico e qualidade de vida são fracamente bons, quando comparados com outros tumores malignos.

A substituição das hormonas tiroideias permite uma vida normal.

Mensagens-chave

  • O cancro da tiroide ocorre em 10% dos nódulos da tiroide e corresponde a 1% de todos os cancros.
  • A citologia aspirativa da tiroide por agulha fina é fundamental para a caracterização dos nódulos com mais de 1 cm.
  • A cirurgia é o tratamento indicado. Pode ser complementado por iodo radioativo.
  • O prognóstico é bom na grande maioria dos casos.
  • A morte por cancro da tiroide é extremamente rara.
  • Se tiver um nódulo da tiroide deve procurar um endocrinologista.

As explicações são da médica Luísa Raimundo, especialista em Endocrinologia e coordenadora da Unidade de Endocrinologia no Hospital Lusíadas Lisboa.