"O número total de mortos por cólera aumentou em dois (pessoas), chegando a 30. As medidas de controlo permanecem ativas", disse o ministro da Saúde zimbabueano, Obadiah Moyo, segundo os meios locais.

Uma dezena de pessoas permanece em quarentena no hospital de doenças infeciosas de Bulawayo, algumas delas despois de viajarem até à capital, Harare, onde nos subúrbios - com escassez de água potável e altamente povoados - começou este surto.

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"Estamos a aumentar os fornecimentos de água e medicamentos nas áreas afetadas com a colaboração de vários parceiros. Também temos recebido medicamentos e roupa", especificou Moyo.

Surto detetado há pouco mais de uma semana

O surto foi detetado a 06 de setembro nos subúrbios de Glen View e Budiriro, de onde, segundo funcionários do Concelho Municipal de Harare, uma fuga nas canalizações teria contaminado a água dos poços comunitários que abastecem os vizinhos.

Harare, tal como outras cidades, não dispõe em muitas áreas de um sistema de água corrente potável, o que obriga os residentes a usar água de poços não protegidos.

No passado dia 11 as autoridades declararam o estado de emergência, proibindo concentrações nas ruas de Harare assim como a venda ambulante de carne e de peixe nas áreas afetadas, uma medida que alguns locais ignoram por tratar-se da sua única forma de subsistência.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) enviou para o Zimbabué, país fronteiriço com Moçambique, especialistas epidemiológicos e especialistas para organizar uma campanha de vacinação, além de mandar ‘kits’ com material de reidratação e antibióticos para tratar os doentes.

Organizações dos direitos humanos, como a Amnistia Internacional (AI), apontam como único responsável por esta crise o Governo do Zimbabué por não melhorar as precárias condições de higiene e saneamento dos seus habitantes.

"A atual epidemia de cólera é uma terrível consequência da incapacidade do Zimbabué para investir e gerir tanto as infraestruturas básicas de água e saneamento, como o sistema de assistência médica", denunciou na semana passada a diretora executiva de Amnistia Internacional no país, Jessica Pwiti.

"É espantoso que em 2018 as pessoas continuem a morrer de uma doença evitável", lamentou Pwiti.

Este surto de cólera é o mais mortal desde o de 2008/09, quando a doença matou mais de 4.000 pessoas e infetou cerca de 100.000 no Zimbabué.

Esta é a quarta vez nos últimos 15 anos que esta nação da África Austral sofre um surto de cólera, uma doença tratável que causa vómitos e diarreia intensos, e que pode chegar a ser mortal se não for tratada a tempo.