De acordo com um comunicado divulgado na página do Gabinente de Apoio à Comunicação Social, a Autoridade de Saúde Regional informa que houve oito análises laboratoriais realizadas no sábado sendo que apenas "um caso teve resultado positivo para infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença COVID-19". O mesmo documento explica ainda que "o resultado positivo aguarda contra-análise pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge".
Trata-se de uma mulher, de 29 anos, residente na ilha Terceira, com história de passagem recente por Amsterdão, na Holanda, e Felgueiras e que se encontra internada Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira, com uma situação clínica estável.
A doente entrou em contacto com a Linha de Saúde Açores – 808 24 60 24 -, no passado dia 12 de março, foi sinalizada e vigiada ativamente, através de contactos bidiários, tendo permanecido em isolamento profilático, uma vez que na altura não reunia critérios para caso suspeito. Os seus contactos mais próximos encontram-se sob vigilância.
A Autoridade de Saúde Regional faz ainda um apelo no comunicado: uma vez que esta mulher viajou no voo da Ryanair FR6037, a partir do Porto, no dia 9 de março, os passageiros que ainda não foram contactados por esta autoridade devem ligar para a Linha de Saúde Açores.
Recorde-se que durante o dia de ontem, o Governo Regional dos Açores anunciaram o regime de quarentena obrigatória a todos aqueles que cheguem a esta região autónoma e elevou a região para o Estado de Contingência, solicitando ao primeiro-ministro que suspenda as ligações aéreas de passageiros entre o continente e a região autónoma, com exceção de situações pontuais, como forma de controlar o contágio. O mesmo aconteceu na Madeira. O Governo português aconselhou que se evite viagens para estas regiões.
Durante o dia de ontem, também o Hospital Santa Maria detetou mais quatro casos positivos de COVID-19, além dos dois casos conhecidos na quarta-feira, após um "rastreio rigoroso" aos doentes internados nas enfermarias de Medicina, disse à Lusa uma fonte do hospital.
Segundo a fonte oficial do Centro Hospital Universitário Lisboa Norte (CHULN), estes novos casos não têm relação com os dois primeiros casos, que são de enfermarias diferentes
Nos últimos dias, entre doentes internados e doentes externos, foram testadas mais de 250 pessoas, disse, informando que "além dos dois casos conhecidos na quarta-feira, foram detetados apenas mais quatro casos positivos em doentes internados" à luz do novo critério de caso revisto pela DGS, que passou a incluir como critério para caso suspeito a existência de quadro infeccioso respiratório grave sem agente identificado.
"Neste momento esse rastreio está praticamente concluído, falta conhecer resultados de oito doentes", sublinhou a mesma fonte.
A ministra da Saúde, Marta Temido, anunciou ontem que o país vai entrar "numa fase de crescimento exponencial da epidemia".
Marta Temido afirmou que "daqui por alguns dias" será possível ter reflexos das medidas que estão a ser implementadas em termos de restrição do contacto social, sublinhando que "para isso é muito importante que todos colaborem nessas medidas".
"Estamos num momento de contenção e de apelo a que o isolamento social seja mantido e isso é mesmo uma prática que deve ser levada a sério", frisou a ministra da Saúde, apelando ao "civismo" também dos espaços que têm de ser encerrados, lembrando que "há um quadro legal" para esse efeito.
Segundo Marta Temido, o ministério e as autoridades e profissionais de saúde estão a trabalhar no sentido de "redesenho daquilo que são os fluxos de tratamento".
De acordo com os números oficiais, o número de casos confirmados em Portugal de infeção pelo novo coronavírus, que causa a doença COVID-19, subiu. A região norte do país mantém-se com o maior número de casos (77) mas a região de Lisboa também já conta com 73. O Alentejo e as Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores não tinham casos de infeção.
Segundo o boletim epidemiológico diário da DGS divulgado ontem, há 169 casos confirmados de COVID-19 em Portugal, mais 57 que ontem, 1 704 suspeitos, 126 aguardam o resultado laboratorial e 5 011 em vigilância pelas autoridades de saúde.
Como medida de prevenção, o Governo decretou ontem que os bares vão ter de fechar portas a partir das 21:00, todos os dias, como forma de tentar conter a propagação do surto de COVID-19, com efeitos imediatos. A medida vai vigorar até 9 de abril.
O novo coronavírus matou pelo menos 5.764 pessoas em todo o mundo desde o seu surgimento em dezembro, de acordo com uma avaliação da AFP às 17:00 de ontem a partir de fontes oficiais. Há também mais de 73 mil recuperados em todos o mundo de acordo com o mapa interactivo desenvolvido pela Universidade Johns Hopkins.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, na quarta-feira, a doença COVID-19 como pandemia, justificando tal denominação com os “níveis alarmantes de propagação e de inação”.
O surto de COVID-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 5 40o mortos em todo o mundo.
A Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, criou um mapa interativo que permite acompanhar a evolução do surto do novo coronavírus no mundo, com base em dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Se não conseguir ver o mapa desenvolvido pela Universidade Johns Hopkins, siga para este link.
Face ao avanço da pandemia, vários países têm adotado medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena inicialmente decretado pela China na zona do surto. Vários países na Europa, como Itália, Noruega, Irlanda, Dinamarca, Lituânia, França e Alemanha, encerram total ou parcialmente escolas, universidades, jardins de infância e outras instituições de ensino.
Em Portugal, o primeiro-ministro, António Costa, comunicou esta semana ao país o encerramento de todas as escolas para travar a proliferação do coronavírus, entre outras medidas. Esta semana já tinha sido anunciado a suspensão de todos os voos de e para Itália. A Direção-Geral de Saúde também reforçou as recomendações à população.
Nos últimos dias, Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China e o Governo italiano decidiu na segunda-feira alargar a quarentena, imposta inicialmente no norte do país, a todo o território italiano.
Na quarta-feira, as autoridades italianas voltaram a decretar medidas de contenção adicionais e ordenaram o encerramento de todos os estabelecimentos comerciais à exceção dos de primeira necessidade, como supermercados ou farmácias.
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