Para quem sofre de doenças da tiroide, a prática de exercício pode estar longe do primeiro lugar na lista de prioridades. Mas Inês Sapinho, médica endocrinologista, confirma que tal como para a população em geral, também para estes doentes a atividade física tem vantagens.
Aliás, “o facto de não se praticar exercício físico regular e adaptado à idade e à condição física, por si só leva a um agravamento do estado geral e ao aumento do cansaço. Sintomas muitas vezes atribuídos às alterações da função tiroideia, que desta forma podem melhorar”, confirma, numa mensagem deixada a propósito do Dia Mundial da Atividade Física.
“Reconhecido como um fator desencadeador de bem-estar e que contribui para a melhoria do humor”, o exercício físico é, por este motivo, “essencial para melhorar a qualidade de vida, que os doentes com alterações da tiroide sentem tão alterada”. Mas atenção: estes benefícios só se vão fazer sentir “se os exames da função tiroideia estiverem normais”.
Caso contrário, “se a função tiroideia estiver alterada, com hipotiroidismo ou hipertiroidismo, haverá dificuldade em realizar as atividades do dia a dia, quanto mais exercício físico. O médico irá certamente recomendar a redução, ou mesmo a sua suspensão, até à normalização da função tiroideia. O que é fácil de compreender, sabendo que as hormonas tiroideias atuam no coração e no aparelho respiratório e, por consequência, na capacidade de resposta ao exercício”.
Assumindo que tudo está normalizado, há que avançar. Aqui, a especialista recomenda “associar exercício aeróbico com exercício de força muscular”, que considera “o treino mais completo. O primeiro melhora a função cardíaca, respiratória, o perfil lipídico e a perda de massa gorda, e o segundo mantém e desenvolve a massa muscular”.
E, já agora, “escolher uma atividade que dê prazer, da qual se goste”, é meio caminho andado para o sucesso, sobretudo em tempos de pandemia, altura em que, segundo os dados da Direção-Geral da Saúde, mais de metade dos inquiridos num estudo publicado em maio de 2020 confirma ter reduzido a prática de atividade física, com menos de 1/5 a percecionar um aumento.
Ainda assim, Inês Sapinho revela que têm sido muitos os seus doentes que aproveitaram este momento para aumentar a prática de atividade física, considerando-a “como o grande auxílio para conseguir lidar com o sentimento de frustração existente”.
Além da prática regular de exercício físico, a especialista alerta também que seguir “uma dieta equilibrada e adequada é fundamental para o bem-estar e, obviamente, para o bom funcionamento da tiroide”. Em conjunto, estes dois hábitos saudáveis são excelentes aliados para a melhoria da qualidade de vida dos doentes com alterações na tiroide.
Comentários