Foi na Quinta do Retiro Novo, em pleno Douro vinhateiro, que fomos recebidos pela equipa da Winestone, um ano depois do lançamento da holding do Grupo José de Mello para o negócio do vinho que passou a integrar a Ravasqueira, a Quinta de Pancas, a Quinta do Retiro Novo, a Quinta do Côtto e Paço de Teixeiró.

Cinco quintas que representam quatro regiões vitivinícolas portuguesas de peso (Alentejo, Lisboa, Douro e Vinhos Verdes) e que, com a entrada na Winestone, ganham um novo alento na produção de clássicos e na criação de novidades, contando com uma equipa de enologia reforçada e com vontade de pôr as mãos na massa, neste caso, nas uvas.

A equipa de enologia da Winestone
A equipa de enologia da Winestone A equipa de enologia da Winestone: Vasco Rosa Santos, David Baverstock, Mafalda Bahia Machado, Ana Filipa Pereira, Vasco Costa e Francisco Garcia créditos: Divulgação

O CEO do grupo, Pedro Pereira Gonçalves, fez um balanço “muito positivo”, num ano em que “muita coisa foi feita em termos de estruturação das equipas, dos processos, da integração de cada uma das aquisições e renovação de portefólios”, explicou em entrevista ao SAPO Lifestyle. Só na quinta da Ravasqueira, a primeira propriedade do grupo, foi feito um investimento de seis milhões de euros.

“Fundamentalmente, fizemos o investimento que tinha de ser feito em cada um dos ativos a nível das vinhas, porque sem as vinhas, não temos produção, não temos a qualidade para os nossos produtos e para a nossa estratégia das marcas”, completou o CEO da Winestone.

Com vista para as vinhas da Quinta do Retiro Novo, no vale do rio Torto, Pedro Pereira Gonçalves salientou que o objetivo da Winestone passa por “manter a individualidade de cada uma das quintas, o ADN que cada uma transporta”. “Origens sólidas, grandes ambições” é o slogan do grupo.

Pedro Pereira Gonçalves
Pedro Pereira Gonçalves Pedro Pereira Gonçalves, CEO da Winestone créditos: Alice Barcellos

Ao mesmo tempo, “cada uma das quintas tem uma equipa independente que reporta ao eixo central”. David Baverstock, como Chairman Winemaker, e Vasco Rosa Santos, como COO, lideram as equipas locais de produção, viticultura e enologia.

Nos antigos lagares de granito e xisto na quinta duriense de Sarzedinho, David Baverstock, com uma longa carreira na enologia, disse que “voltar a este vale é um sonho”, não tendo dúvidas de que “o segredo de fazer grandes vinhos, está nas vinhas”. E é dali que saem os Vinhos do Porto da marca Krohn, fundada em 1865.

A história e o enquadramento natural da quinta fazem sonhar com uma experiência de enoturismo e Pedro Pereira Gonçalves não nega a ideia, mas reconhece que, em primeiro lugar, está o “investimento na naquilo que são as áreas produtivas em termos de vinificação e adegas”. Contudo, esta vertente de negócio faz parte dos planos futuros do grupo. “Estamos a olhar para o enoturismo também de forma bastante séria, exaustiva, e mais novidades haverá no futuro”, rematou o CEO da Winestone.

Os vinhos da Quinta do Côtto
Os vinhos da Quinta do Côtto Os vinhos da Quinta do Côtto créditos: Alice Barcellos

Dos Vinhos Verdes ao Alentejo, uma viagem pelas marcas da Winestone

Com a ambição de se tornarem num dos grupos mais relevantes no mercado do vinho português, Pedro Pereira Gonçalves destaca o facto de terem no portefólio algumas das “marcas mais admiradas no país”.

Ainda assim, algumas destas quintas estavam mais apagadas no mercado nacional, passando agora por um “crescimento orgânico” que começará a dar resultados nos próximos anos, com o objetivo de chegar também ao mercado internacional.

“É bastante relevante ter esta visão de investimento, de consolidação do setor, de criação de grandes marcas que possam ter projeção lá fora e que possam ajudar a marca Portugal”, afirmou o CEO.

Da região dos Vinhos Verdes, mais a norte, até chegar ao sul, nos vinhos alentejanos, saiba quais são as marcas que fazem parte da Winestone.

Vinhas
Vinhas créditos: Divulgação

Paço de Teixeiró, Baião (Vinhos Verdes)

A casa da casta Avesso. Situado em Baião, este terroir único está localizado em solos xistosos, ao contrário da maioria dos produtores de Vinho Verde. O local perfeito para produzir vinhos brancos minerais e de acidez crocante, principalmente a partir das castas Avesso, Loureiro e Alvarinho. Um vale profundo que provoca grandes amplitudes térmicas mesmo no verão. Ideal para a produção de grandes vinhos brancos.

  • Castas presentes: Avesso, Trajadura, Loureiro.

Novidades e referências apresentadas: Paço de Teixeiró Vinha de Souzais 2023.

Quinta do Côtto, Cidadelhe (Douro)

Onde nasceram os primeiros vinhos Douro DOC. Numa encosta com vista privilegiada para o rio Douro, as vinhas crescem em perfeita harmonia com a floresta que as circundam. As vinhas velhas oferecem condições únicas para a produção de grandes vinhos do Douro. Os declives acentuados e a localização no Baixo Corgo tornam este local único. Um terroir onde se produzem há mais de 50 anos alguns dos vinhos mais icónicos da região, cheios de elegância e frescura.

  • Castas presentes: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Sousão, Bastardo, Tinto Cão, Rabigato, Viosinho, Avesso, Arinto.

Novidades e referências apresentadas: Quinta do Côtto Bastardo 2022, Quinta do Côtto Sousão 2021, Quinta do Côtto Reserva Branco 2023.

Quinta do Retiro Novo, Sarzedinho (Douro)

Fundada em 1989, esta quinta está situada num dos melhores locais do mundo para a produção de vinhos de qualidade. Há séculos que esta terra, estas encostas e socalcos produzem algumas das uvas de melhor qualidade da região. É daqui que saem os vinhos da marca Krohn, reconhecida pelos seus Vinhos do Porto envelhecidos em casco, em particular os seus "Colheitas" ou tawnies single-harvest, onde mantém reservas de vinhos raros do século XIX.

  • Castas presentes: Touriga Franca, Tinta Roriz, Touriga Nacional, Tinta Barroca e Tinto Cão.
As vinhas da Quinta do Retiro Novo
As vinhas da Quinta do Retiro Novo As vinhas da Quinta do Retiro Novo créditos: Alice Barcellos

Quinta de Pancas, Alenquer (Lisboa)

Uma propriedade histórica que remonta ao século XV. Com uma área total de 75 hectares, a Quinta de Pancas tem mais de 60 hectares de vinhas situadas a 35 quilómetros a leste do Oceano Atlântico. As vinhas estão plantadas numa paisagem de montanhas, montes e vales protegidos pela Serra de Montejunto. A partir deste terroir único produzem-se vinhos intensos, complexos e elegantes.

  • Castas presentes: Cabernet Sauvignon, Merlot Syrah, Touriga Nacional, Touriga Franca, Chardonnay, Arinto, Vital.

Novidades apresentadas: Quinta de Pancas Cabernet Sauvignon 2022.

Ravasqueira, Arraiolos (Alentejo)

A casa da família de José de Mello, foi adquirida em 1943 e tem sido desde então um refúgio da cidade no Alentejo. A paixão de José Manuel de Mello pelo vinho levou-o, juntamente com a sua ambição, a plantar 45 hectares de vinha em 1998. As vinhas estão rodeadas por mais de 600 hectares de montado, um ecossistema rico e diversificado com mais de 3000 hectares que tem um impacto positivo nos vinhos.

  • Castas presentes: Syrah, Touriga Franca, Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Petit Verdot, Alfrocheiro, Sangiovese, Nero D’Avola, Aragonez, Trincadeira, Alvarinho, Viognier, Semillon, Arinto, Marsanne.

Novidades apresentadas: Ravasqueira Alvarinho 2023, Ravasqueira Espumante Brut Nature 2015.