Originalmente mediterrânea, a Oliveira, encontra-se hoje, praticamente disseminada em todo o Mundo. O seu plantio iniciou-se cedo, na História, mal os nossos antepassados se aperceberam dos poderes alimentares da azeitona e do produto que lhe está associado; o azeite.
Os portugueses são grandes apreciadores de azeitonas e do óleo delas extraído, o azeite, partilhando essa adoração pelo fruto da oliveira com todos os outros povos mediterrânicos. Aliás, apesar de hoje em dia existirem oliveiras em locais tão distintos como a China, a Califórnia e o Sul da Austrália, a oliveira é uma árvore originalmente mediterrânica e o seu fruto há vários milénios que integra a dieta alimentar dos povos do Sul da Europa, do Norte de África e do Médio-Oriente.
Sabe-se que pelo menos desde 3500 a.C. se plantava já a oliveira na ilha de Creta e os povos semitas do Médio-Oriente começaram a praticar essa cultura por volta de 3000 a.C. Os gregos revelaram-se igualmente grandes apreciadores da azeitona e do azeite, tendo transmitido essa paixão aos romanos. A primeira referência à azeitona num livro de culinária pertence, aliás, ao romano Apicius, que na sua obra “De re coquinaria” fala mesmo das características de sabor específica de cada uma das muitas variedades de fruto da oliveira.
A oliveira em diversas civilizações
Com o Império Romano, a oliveira torna-se a árvore mais comum da zona mediterrânica e a azeitona assume-se como parte importante da dieta alimentar dessas populações. Ainda hoje, mais de 90 por cento dos 800 milhões de oliveiras que se calcula existirem no mundo estão espalhadas pelos países ribeirinhos do Mar Mediterrâneo, onde se encontram também os principais países produtores de azeitona: Espanha, Itália, Grécia, Portugal, França, Turquia, Marrocos e Tunísia.
Os povos árabes são, tal como os europeus meridionais, grandes consumidores de azeitona. A passagem e fixação de populações do Norte de África pelo território que é hoje Portugal deixou marcas muito fortes mesmo nos termos em que designamos o fruto. Assim, se a oliveira provêm do latim olivaria, a palavra azeitona deriva do árabe az-zaituna.
A Oliveira e o seu gosto pelo mundo mediterrânico
Uma oliveira pode começar a dar fruto ao fim de oito anos ou até menos, mas geralmente a sua capacidade produtiva só atinge o pleno ao fim de 15 ou 20 anos. Existem atualmente centenas de variedades de azeitona, muitas delas para consumo à mesa, outras para a produção de azeite. Geralmente, a azeitona que se destina diretamente ao consumo é colhida antes de amadurecer, enquanto a destinada a ser transformada em azeite se permite a completa maturação, para assim permitir a obtenção de mais óleo.
Tal como a azeitona, o azeite é tradicionalmente parte da dieta mediterrânica e o seu consumo tende a aumentar à medida que são estudadas e divulgadas as suas características benéficas para a saúde humana.
A procura mundial tem, contudo, que coadunar-se com limitações geográficas de cultivo da oliveira, pois esta dá-se bem apenas em duas cinturas geográficas: uma situada entre os 30º e os 45º de latitude Norte e a outra entre os 30º e os 45º de latitude Sul.
Da Europa e Norte de África, a oliveira expandiu-se para muitas zonas do mundo, como a China, o Chile, o Peru, o Brasil, o México, Angola, a África do Sul, o Uruguai, o Afeganistão, a Austrália e os Estados Unidos, mas tal como o seu fruto continua a ser um símbolo do mundo mediterrânico.
Texto originalmente publicado no livro "Alimentos com História".
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