Não se trata de um mito. Em determinadas alturas do ano, como o outono e a primavera, a queda de cabelo pode, realmente, aumentar e, até, duplicar. Como explica Marília Moreira da Fonseca, dermatologista, «este fenómeno deve-se ao estímulo provocado pelo sol nas hormonas responsáveis pelo crescimento do cabelo. Acelerando o fim do ciclo do pelo, segue-se uma queda antecipada ao tempo normal e que corresponde ao fim do verão. Acresce ainda o stresse associado ao retomar a vida normal após as férias e, nas pessoas predispostas, o reaparecimento da dermite seborreica, uma causa importante na queda de cabelo.

Já na primavera, a queda é usualmente menos intensa e o mecanismo é semelhante, com o calor a finalizar antecipadamente os ciclos de cada pelo. Mas não há que entrar em pânico! Progressivamente, a intensidade da queda diminui e, em poucas semanas, tudo volta ao normal.» No entanto, existem também outros fatores que podem desencadear a queda de cabelo. Com a ajuda de Marília Moreira da Fonseca, fique a saber como prevenir e tratar este problema.

A queda no feminino e no masculino

«A alopecia androgenética, predominante no sexo masculino e causada por influência hormonal geneticamente determinada, caracteriza-se por um progressivo recuo da linha anterior de implante do cabelo e rarefação no topo da cabeça, ate à calvície (o padrão masculino mais observado nos homens) ou manutenção da linha frontal de implante com rarefação progressiva a montante desta linha até ao topo da cabeça (o padrão feminino mais observado nas mulheres)», descreve Marília Moreira da Fonseca.

«Já a alopecia difusa é, sobretudo, uma alopecia feminina, com a queda afetando generalizadamente o couro cabeludo, embora possa ser mais evidente nas regiões temporais», acrescenta ainda a especialista.

As principais causas

Conforme elucida a dermatologista, «a alopecia androgenética é a primeira causa de queda de cabelo no sexo masculino e a miniaturização, com posterior queda definitiva de cabelo mediante a ação dos androgénios geneticamente programada, é observada, em algum grau, em 50 por cento dos homens a partir dos 50 anos».

«Na mulher, observam-se, sobretudo, casos de alopecia difusa, acompanhando os vários estádios hormonais mais marcantes como os partos, a menopausa ou, ainda, a toma prolongada de contracetivos orais. Sem qualquer dúvida, as manipulações cosméticas a que a mulher frequentemente submete o cabelo têm um papel importantíssimo como potenciadores da queda», refere ainda.

Outros fatores

Entre outros fatores que podem provocar a queda de cabelo em ambos os sexos, encontram-se a dermite seborreica do couro cabeludo, tratamentos anticancerígenos, a toma de certos fármacos, doenças ou infeções prolongadas e, também, cirurgias recorrentes. A carência de vitaminas (particularmente B6 ou biotina e vitamina C), proteínas, aminoácidos e oligoelementos (ferro e zinco), necessários para uma boa maturação e condição do cabelo, pode provocar a sua queda. O stress pode estar, igualmente,

Prevenir a queda

Os conselhos de Marília Moreira da Fonseca são para que, no dia a dia, «o cabelo seja lavado com água tépida, se utilize um champô adequado a cada cabelo e, nos cabelos mais compridos, se aplique condicionador. Não nos devemos esquecer que o cabelo molhado estira mais e é mais suscetível de se partir. Por isso, comece por pentear as extremidades do cabelo e só depois deve aproximar a escova do couro cabeludo. Minimize a utilização do secador ou use-o com temperaturas pouco elevadas», recomenda.

«É de evitar também, no dia a dia, utilizar regularmente elásticos e faixas que exerçam uma tração contínua no cabelo, bem como fazer colorações, alisamentos ou ondulações com curtos intervalos de tempo entre si», afirma ainda a especialista. Controlar o stresse, dormir um número de horas suficiente, ter uma alimentação equilibrada e tomar suplementos alimentares antiqueda, que incluam aminoácidos, ferro, zinco e vitaminas (B e C), são outras medidas que podem ser úteis.

Sinais de alarme

A perda de cabelo diária ocorre, sobretudo, após as lavagens do couro cabeludo ou quando se realiza a primeira escovagem matinal. Segundo marília moreira da Fonseca, «ao longo do dia, a queda diminui substancialmente e não é geralmente identificada porque os cabelos que se desprendem do couro cabeludo soltam-se no ar».

«O número aceitável de cabelos em queda situa-se entre os 80 e 150 diariamente. Quando, durante o dia, ao pentear ou exercer tração ligeira do cabelo, este solta-se facilmente e continuamente ou, ao acordar, encontram-se cabelos na almofada, deve suspeitar-se de algum desajuste e tomar medidas para a interrupção do processo», adverte a dermatologista.

Controlar a queda

As ampolas ou soluções antiqueda, dependendo dos constituintes que integram, poderão ser benéficas em alguns casos. Em relação aos champôs, estes contribuem para que o cabelo e o couro cabeludo se mantenham saudáveis e devem também adequar-se à espessura do cabelo (fino ou espesso), ao estado do couro cabeludo (se está sensível, oleoso, descamativo) e, finalmente, às manipulações cosméticas recentes. Mas «a procura do especialista deve acontecer quando a queda de cabelo se torna persistente e/ou intensa ou, ainda, em situações em que se prevê ir acontecer uma queda acentuada», realça.

«A história familiar de alopecia é também um motivo de consulta, no sentido de interromper e adiar a queda espectável com a idade. O estudo adequado da causa da queda anormal e a correção dos fatores desencadeantes fazem com que a intervenção precoce tenha efeitos muito menos nefastos», refere ainda.

«As atitudes terapêuticas vão desde a aplicação de loções antiqueda, infiltrações de produtos ativos no couro cabeludo, medicamentos com potentes capacidades de interromper a queda e induzir o reponte de novo cabelo, acabando, nos casos mais severos, com os transplantes e implantes capilares», conclui Marília Moreira da Fonseca.

Se o seu cabelo é encaracolado e espesso, os fios da escova devem ser espaçados e podem ser naturais (javali) ou de nylon. Cabelos lisos e finos requerem fios de origem natural menos espaçados e os cabelos agredidos beneficiam de escovas de fios naturais e separados.

Texto: Teresa d'Ornellas com Marília Moreira da Fonseca (dermatologista)