O despertar das consciências ocorreu nos anos 80, quando associações se revoltaram contra o uso de animais em testes de cosmética.

Várias celebridades vestiram a camisola desta causa e algumas marcas começaram a usar a denominação no animal testing como estandarte.


Agora as bandeiras são outras e têm como principal missão preservar a natureza das plantas, dos produtos e, consequentemente, da sua pele. No universo da cosmética são cada vez mais as marcas a apostar em produtos naturais, em que a intervenção da química é reduzida para dar destaque à autenticidade de cada ingrediente.

A variedade é grande e basta olhar para as embalagens para perceber que o natural está, definitivamente, na moda. Mas nem todos os produtos naturais são idênticos. Há que saber ler nas entrelinhas, como lhe iremos demonstrar.

Natural ou bio?

Presença frequente nos rótulos, as palavras «natural» ou «biológico» são sinónimo de verdadeiro ou puro, algo que não reflecte a realidade em todos os casos. Enquanto um produto natural pode conter até 50 por cento de ingredientes naturais, a palavra «biológico» apenas pode figurar na embalagem se este preencher alguns requisitos.

Tal como na alimentação, em que os produtos biológicos têm de ser cultivados e preparados em condições específicas, também na cosmética há regras a cumprir. Por exemplo, para exibir a denominação «biológico» o produto deve conter 95 por cento de ingredientes naturais obtidos da produção biológica, ou seja, plantas ou flores cultivadas de forma sustentável e sem o uso de químicos.

Também os métodos de fabrico são alvo de regras rigorosas e de análise por organismos que certificam este tipo de produtos, atribuindo um símbolo de garantia.

Lista negra

São vários os ingredientes que, embora integrem muitas fórmulas dos cosméticos comuns e sejam considerados inócuos para o ser humano, não são bem-vindos na família «bio». É o caso dos conservantes (como os parabenos), dos corantes e aromas sintéticos ou ingredientes obtidos através da manipulação química.

Estas recomendações podem também aplicar-se à própria água usada no formulação de um determinado produto, sendo frequente algumas marcas recorrerem, por exemplo, à água floral libertada durante a destilação da planta. O resultado são produtos com um teor elevado de nutrientes naturais que funcionam como concentrados do melhor que as plantas nos podem dar.


Veja na página seguinte: Como escolher este tipo de produtos

Na pele

Cada vez mais em voga no universo da cosmética os produtos biológicos surgem como uma lufada de ar fresco numa sociedade onde a poluição e o contacto com substâncias tóxicas é praticamente constante.

As propriedades cutâneas regeneradoras de algumas plantas (camomila, jojoba, lavanda ou aloé vera) são amplamente reconhecidas.

Contudo, na escolha de um produto biológico, como em qualquer outro cosmético, deve ter sempre em conta o seu tipo de pele e sensibilidade a alergias, já que também na natureza pode encontrar alguns inimigos. Para além da autenticidade dos ingredientes, esta geração de cosméticos é claramente uma tendência que veio para ficar. Faz bem à pele e ao meio ambiente. Que mais podemos querer?


Ficha técnica
O que define um produto biológico?

- Não é submetido a testes em animais.

- Contém na sua composição pelo menos 95 por cento de ingredientes naturais provenientes de agricultura biológica.

- É isento de corantes, fragrâncias e conservantes artificiais, substâncias sintéticas ou geneticamente alteradas.


Os produtos que a saber viver sugere:

Gel défatigant pour les jambes aux huiles essentielles de citrus, Weleda, 75 ml, 8,70€. Gel refrescante rico em óleos essenciais cítricos.

Acqua Melissae, Sanoflore, 100 ml, 34,90€. Fórmula anti-idade que alia o poder antioxidante da erva-cidreira à acção regeneradora da água floral e dos óleos essenciais.

Care, Calming and soothing elixir, Stella McCartney, 30 ml, 59,98 €. Loção com camomila e arnica que acalma e amacia a pele.

Eau Tonique des Fleurs, L'Occitante en Provence, 150 ml, 15 €. Água hidratante facial que associa o mel biológico da Provença às propriedades de cinco flores.

Esfoliante de açúcar amarelo, Urtekram, 380 g, 18,99 €. Esfoliante corporal à base de cana de açúcar e óleos vegetais essenciais. À venda através do site www.rita-c.com.

Loção hidratante facial chá verde & Ginkgo, Aubrey Organics, 118 ml, 24,50 €. Fórmula com chá verde, gingko e óleo de jojoba biológico que hidrata o rosto. Inclui SPF 15. À venda através do site www.rita-c.com.

Olive Body ScrubThe Body Shop, 200 ml, 16.50 €. Esfoliante corporal com azeite biológico de Itália. Aplicar no corpo com massagens circulares e retirar com água.

Huile d'Argane Pure Non Parfumée, Vitargran. Serum de óleo de argão puro, substância antioxidante, hidratante e cicatrizante. Pode ser usado na pele, cabelo ou como óleo de massagem (saiba mais em http://users.casanet.net.ma/arganier/).


Texto: Manuela Vasconcelos
Foto: Artur (com produção de Mónica Maia)