Hoje em dia as mulheres não se preocupam apenas com os aspectos do rosto e do corpo que estão visíveis, mas também com a beleza e a funcionalidade das questões íntimas.
A aparência da região genital interfere na auto-estima e na vida sexual das mulheres, por isso, actualmente, cada vez mais mulheres recorrem a técnicas para embelezar e reparar algumas imperfeições relacionadas com a sua intimidade.
Para além da epilação outra questão que tem conquistado cada vez mais mulheres, é a cirurgia íntima. Esta cirurgia não é uma novidade em termos médicos, mas só recentemente o tema tem vindo a ser abordado.
Esta intervenção procura a melhoria estética e funcional dos órgãos genitais femininos. A técnica inicialmente foi desenvolvida para reparar alguns defeitos, mas, com o tempo, os médicos aperceberam-se que poderia ser indicada para melhorar o lado psicológico das mulheres insatisfeitas com o aspecto estético da sua intimidade.
A procura deste tipo de cirurgias tem vindo a aumentar nos últimos 5 anos, porque as mulheres estão mais preocupados com a sua qualidade de vida, o que implica também melhor qualidade de vida sexual.
A técnica, originalmente desenvolvida em França pelo cirurgião plástico Jean Pierre Fournier, tem vindo a ser aperfeiçoada e hoje o procedimento é realizado, diariamente, em todo o mundo.
Entre os motivos mais comuns estão um excesso de tamanho dos pequenos ou dos grandes lábios vaginais ou ainda o monte de vénus muito volumoso, o que muitas vezes até impede o uso de calças justas ou biquínis. Para além disto existem mulheres que se queixam de alargamento vaginal provocado pelo parto.
Como qualquer outra cirurgia plástica, a cirurgia intima para além do aspecto físico melhora o desempenho sexual e pessoal, pois, como em qualquer outra cirurgia estética, a auto-estima e a confiança aumentam em grande escala.
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Os genitais femininos têm, ao longo de gerações, civilizações, e por razões culturais e tradicionais, sido alvo de múltiplas mutilações, quer nos grandes e pequenos lábios, bem como no clítoris, em especial no continente africano, e onde ainda perdura.
A mulher do século XXI, para além de ter acesso à reconstrução cirúrgica dos genitais (em especial da vagina, por malformação congénita, ou destruição traumática) tem ainda uma preocupação estética e funcional.
Para o cirurgião plástico Biscaia Fraga, “a correcção cirúrgica dos genitais femininos tem tido nas últimas duas décadas um incremento excepcional, o que penso dever-se à informação cada vez mais conseguida pela mulher actualizada, em especial pela imprensa, quebrando barreiras no relacionamento e tabus sociais”.
Assim, a mulher do século XXI sabe e quer desfrutar dos prazeres da vida e tem conhecimento de como pode conseguir esse objectivo, através de informação correcta, percorrendo grandes distâncias que já não constituem barreiras.
"Estas cirurgias, na grande maioria dos casos, são realizadas com anestesia local ou regional, sem internamento (regime ambulatório), o que as torna temporal e financeiramente muito mais acessíveis. Para o cirurgião, constitui uma actividade gratificante nomeadamente quando constata ter contribuído para conferir nova alegria de viver. O que fica espelhado no sorriso da face”, explica´Biscaia Fraga.
Quanto à idade mais indicada para a realização da cirurgia, o especialista refere que “qualquer mulher com mais de 18 anos pode recorrer à cirurgia íntima. No entanto, muitas vezes operam-se adolescentes com menos idade, pois é sempre avaliada a parte psicológica destas pacientes. Ou seja, quando a parte psicológica se sobrepõe à parte física optamos por realizar a cirurgia, e mais tarde fazemos alguns aperfeiçoamentos. O resultado é sempre satisfatório, já que interfere, positivamente, com a auto-estima do corpo e com a sexualidade”.
As correcções cirúrgicas mais frequentemente realizadas neste âmbito, segundo o cirurgião plástico Biscaia Fraga, são:
- Monte de Vénus volumoso (Lipoescultura da região pubiana), “chega-se a retirar um litro (1000 cc) de gordura, tornando esta zona mais conforme em volume e forma, em especial no uso do fato de banho”, refere o especialista.
- Dimensões desproporcionadas dos pequenos lábios (vulvoplastia),por razões congénitas, constitucionais ou adquiridas, chegam a ter dimensões desproporcionadas, “assemelhando-se a asas de morcego abertas", o que, para além de inestético, dificultam o relacionamento íntimo, causando forte inibição na vida sexual”, explica Biscaia Fraga.
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-Diminuição de volume da face interna das coxas por lipoescultura ou retirando pele e gordura (dermolipectomia) das coxas.
-Diminuição de volume da face interna das coxas por lipoescultura ou retirando pele e gordura (dermolipectomia) das coxas. É uma correcção muito frequente. Para o cirurgião esta intervenção “tem por objectivo a melhoria estética, e muitas vezes razões funcionais, pois facilita a marcha, impede as inflamações e infecções locais”.
- Estreitamento ou aperto da vagina (vaginoplastia), é uma correcção solicitada com mais frequência, nos últimos 15 anos, em especial pela mulher jovem, após o primeiro ou segundo parto, em que é evidente através do seu relato clínico, que as relações sexuais se alteraram profundamente pela laxidão dos seus tecidos.
“Esta reconstrução do canal vaginal, ao ser elaborada criteriosamente, é feita a nível dos músculos relaxados da bacia (músculos do pavimento do períneo) e realizada a modelação da mucosa vaginal, conferindo uma estrutura tridimensional, equilibrada e harmoniosa, com notória repercussão funcional sexual, o que leva as pacientes a afirmarem "que o relacionamento íntimo melhorou espantosamente, ou voltou à situação antes dos partos", refere o cirurgião plástico.
- Reconstrução do Hímen (Himenoplastia), é uma cirurgia, comparativamente às outras, mais rara, e tem a sua justificação em factores sociais, culturais e religiosos, “sendo vivida em alguns casos individuais com intenso "stress", quase estando em risco a própria vida da jovem, que atribuem ou definem como "honra da família."
O importante é que a mulher avalie se essa decisão é séria e não algo passageiro, feita por impulso ou por pressão da sociedade", alerta o cirurgião.
- Hipertrofia Vulvar (Reconstrução cirúrgica dos grandes lábios vulvares), exagerados em volume e dimensões, de causa constitucional e muitas vezes hormonal.
- Hipertrofia do clítoris (Correcção cirúrgica do clítoris), em algumas situações devido ao aumento exagerado das suas dimensões (hipertrofia), e noutras devido à sua aparente ocultação, por excesso do capucho envolvente.
-Ponto G (Remodelação do Ponto G),tornando-o mais saliente e evidente, com aplicação subjacente de tecido adiposo tratado (da própria paciente).
- Atrofia Vulvar (Reconstrução dos Lábios vulvares pequenos e apagados)
- Atrofia Vulvar (Reconstrução dos Lábios vulvares pequenos e apagados), correcção cirúrgica que confere volume e forma aos grandes e pequenos lábios vulvares, com tecidos da própria paciente (lipoplastia estruturante), isto é, tecido adiposo devidamente tratado e criteriosamente aplicado.
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Cuidados pré-operatórios
Antes de mais, ao preparar uma cirurgia deve-se programar as actividades sociais, domésticas ou escolares, de modo a não se tornar indispensável a terceiros, por um período de aproximadamente 4 a 5 dias.
- Evitar tomar aspirina ou medicamentos com ácido acetilicílico e vitamina E, pelo menos nas duas semanas que antecedem a cirurgia, pois poderá interferir no processo de coagulação.
- Evitar medicamentos para emagrecer, por um período de 10 dias antes do acto cirúrgico. Isto inclui também certos diuréticos. - Devem-se evitar suplementos que contenham Ginko Biloba.
- Evitar tomar ou usar substâncias tóxicas ou drogas.
- Não fumar nos 5 dias que antecedem a cirurgia e na primeira semana de pós-operatório.
- Comunicar ao médico se tiver episódios de erupção de qualquer tipo de herpes.
- Não beber bebidas alcoólicas.
- Recomenda-se usar roupa de algodão no dia da cirurgia.
- Deve-se comunicar qualquer sinal de constipação, herpes ou infecções que surgirem na semana anterior à cirurgia. Nestes casos, o procedimento cirúrgico deverá ser adiado.
Recomendações no dia
- No dia deve-se tomar banho geral usando sabonete anti-séptico. Lavar com especial atenção a região genital. Recomendações pós-operatórias.
Recomendações pós-operatórias
- Repousar nos 3 primeiros dias.
- Evitar esforços por 10 dias.
- Exercícios físicos moderados podem ser iniciados após 14 dias.
- Vida sexual pode ser iniciada com alguns cuidados após 3 semanas.
- Ter especial atenção à higiene íntima.
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Se a mulher tem vergonha da aparência dos seus genitais, dificilmente se vai sentir à vontade consigo própria ou confiante com o seu parceiro.
Com mais frequência do que se imagina, existem mulheres que se sentem muito incomodadas com as suas partes íntimas. Esta insatisfação acarreta traumas psicológicos, que interferem directamente no relacionamento sexual e afectivo, causando sofrimento associado muitas a vezes a uma dor física e psicológica.
Segundo a psicóloga clínica/sexóloga Marta Reis "a nível psicológico, destacam-se as seguintes razões que levam as mulheres a procurar este tipo de cirurgia: insatisfação com o aspecto visual dos genitais; complexos e baixa auto-estima pela não aceitação do formato genital; insegurança e ansiedade por considerar que não irá “agradar” o parceiro sexualmente; preocupação com a “elasticidade” da vagina, por exemplo: consideram a flacidez como responsável pela insatisfação sexual”.
“Saúde é sinónimo de bem-estar emocional, social e físico. Por isso, quando a pessoa está insatisfeita com a sua imagem a ponto de querer trocá-la, deve consultar especialistas que a ajudem na promoção da sua saúde mental e física.”, explica a psicóloga.
Quanto ao momento ideal para realizar uma intervenção cirúrgica deste género, a psicóloga Marta Reis diz que “será quando a pessoa tiver sido bem informada, demonstrar segurança com o que vai fazer, sem ansiedade excessiva e depressão. Para o cirurgião plástico é necessário ter a certeza de que a insatisfação do paciente está baseada numa visão coerente da sua aparência. Não deve ser uma queixa puramente emocional, com uma visão distorcida de si mesma. É fundamental abordar o lado psicológico, já que será uma transformação permanente no corpo, com um grande poder sobre a auto-estima”.
“É essencial e crucial o trabalho multidisciplinar com os diferentes especialistas, entre cirurgião, ginecologista e psicólogo, cujo objectivo principal é proporcionar na paciente uma melhor qualidade de vida e aumentar a sua satisfação sexual”, explica.
Texto: Stela Martins
Agradecimentos: Biscaia Fraga, cirurgião plástico; Marta Reis, psicóloga clínica
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