As pessoas com diabetes têm de ter cuidados especiais com a pele? A resposta é afirmativa! Esta doença crónica que condiciona a vida de milhões em todo o mundo afeta vários órgãos e a epiderme não é exceção. "Além dos sinais da diabetes que são visíveis, sabemos, igualmente, que esta doença pode tornar a pele mais seca e suscetível a determinadas complicações", alerta o Diabetes 365º, um projeto multiplataforma de literacia sobre esta patologia.
"A pele é o maior órgão do corpo humano e atua como barreira protetora contra agentes externos do meio ambiente, como é o caso das bactérias ou dos vírus. Para além disso, é também responsável por funções essenciais como a regulação da temperatura corporal, funções sensoriais como o tato, a perceção da pressão, da temperatura ou da dor e por funções de excreção de substâncias que necessitam de ser eliminadas pelo organismo", refere ainda o Diabetes 365º.
Mas, afinal, que complicações dermatológicas é que podem ocorrer nas pessoas com diabetes? "Geralmente, são os mesmos que podem ocorrer em pessoas que não têm esta doença. No entanto, as pessoas com diabetes são mais suscetíveis a complicações dermatológicas, que podem incluir, por exemplo, infeções bacterianas", alerta. "Os diabéticos têm uma maior propensão para desenvolver infeções. Na pele, estas podem ser minimizadas se tiver os cuidados adequados de higiene e hidratação", advertem, contudo, os profissionais de saúde que colaboram com o projeto.
A possibilidade de desenvolverem infeções fúngicas também é grande. "Estes tipos de infeções geralmente ocorrem em pregas quentes e húmidas da pele. Entre as áreas problemáticas estão a área sob os seios, as unhas, as zonas entre os dedos das mãos e dos pés, mas também, os cantos da boca, o prepúcio e as axilas e as virilhas. Procure secar estas zonas adequadamente após o banho e não deixar resíduos de creme acumulados", aconselha o Diabetes 365º.
Os problemas de pele que mais atingem os diabéticos
A comichão, um prurido localizado, também é frequente em pessoas com diabetes. Pode ser causado, por exemplo, por uma infeção fúngica, pele seca ou má circulação. "Algumas condições de pele são maioritariamente específicas de pessoas com diabetes, como por exemplo, a necrobiose lipoídica, a acantose nigricans, a dermopatia diabética, o xantoma eruptivo e as bolhas diabéticas, bullosis diabeticorum como muitos dermatologistas também lhes chamam.
"Assim sendo, reconhecer desde cedo estes sinais dermatológicos é fundamental, principalmente, para evitar a progressão para situações mais graves", adverte o Diabetes 365º, que, tal como a Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV), alerta ainda para a necessidade de limpar, hidratar e proteger a pele do sol. "Utilize água tépida e produtos de higiene com pouco efeito detergente e mais suaves para não danificar a camada externa", apela.
"Assim sendo, devemos evitar os banhos longos com água muito quente, não sendo absolutamente necessário o banho completo diariamente", sublinha. "A utilização de produtos com um elevado efeito detergente pode levar a que a pele fique mais seca e áspera, o que pode muitas vezes causar comichão. O uso de esfoliantes e esponjas muito ásperas pode também provocar pequenas lesões na camada externa da pele, expondo-a a agressões", acrescenta ainda.
Os cuidados de prevenção a ter (sempre) em conta
Nas pessoas com pele mais seca, como os doentes com diabetes, a aplicação de um creme hidratante, logo após o banho, pode aumentar a fixação da água na pele, evitando a desidratação e melhorando a sua textura. "Prefira cremes com agentes hidratantes, pouco teor de álcool e idealmente sem perfume na sua composição. Evite produtos com agentes esfoliantes mais agressivos para a sua pele", recomenda a Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia.
Além de ter outros benefícios para o seu organismo, beber água com frequência ajuda também a manter a sua pele mais saudável e hidratada. "É fundamental não esquecer a proteção solar, não só com a aplicação de protetor solar de fator 30 ou superior, mas recorrendo também à utilização de vestuário adequado e evitando a exposição solar direta entre as 12h00 e as 16h00", insiste o Diabetes 365º. Informe-se ainda sobre os fármacos que está a tomar.
"Alguns medicamentos de utilização comum, como os antibióticos, os anti-hipertensores e os anti-inflamatórios, por exemplo, podem tornar a sua pele mais vulnerável à radiação solar e a agentes agressores externos", alertam os especialistas, que exortam ainda ao controlo regular dos níveis de glicemia. "Os níveis de glicose elevados no sangue podem fazer com que a sua epiderme fique mais seca e mais suscetível ao desenvolvimento de infeções", garantem os médicos.
Comentários