A escola é das instituições com maior presença na vida das famílias, mas sabemos que não foi sempre assim. Ainda encontramos pessoas de gerações anteriores que não tiveram acesso à escola, o que não é o
caso dos pais a quem nos dirigimos.
Todos eles passaram pela experiência de ser alunos durante mais ou menos tempo. Registaram-se mudanças desde então, mas não no essencial do funcionamento da sala de aula, o que quer dizer que há previsibilidade no que vai acontecer.
Será melhor para todos não dar uso à palavra stress, usar um tom de leveza, de entusiasmo, de normalidade. Até porque há razões para que os pais estejam tranquilos.
Como JÁ FOI ALUNO sabe o que correu bem e menos bem consigo, é capaz de olhar para trás com a distância necessária para perceber e identificar melhor o que se passou ao longo da sua vida de estudante; para ver que tipo de aluno você foi; de que forma aprendia e estudava melhor; que viveu períodos de desmotivação sem consequências de maior; que foi um aluno médio, um bom aluno, um aluno com altos e baixos; que se superou em momentos inesperados; que houve professores que influenciaram bastante a sua formação de pessoa e de aluno e outros nem tanto; que viveu episódios na aula e no recreio que ainda hoje recorda; que fez na escola um ou outro amigo que ainda hoje mantém, ou não, e que não veio daí mal ao mundo …
Para além da sua história de aluno, aliado à pessoa que foi construindo, conhece um manancial de outras histórias de familiares, amigos e companheiros, seguramente distintas em muitos aspetos.
Por último sabe que, ontem como hoje, nem tudo se consegue explicar e há que aceitar essa condição. O que é verdade é que você tem uma enorme experiência e poderá, com vantagem, tê-la presente no acompanhamento do seu filho.
Se porventura for um daqueles pais que se penaliza por não ter sido melhor aluno, liberte-se. Estamos noutro tempo, você e o seu filho não são a mesma pessoa. Focalize-se na pessoa que ele é neste momento, que será em cada momento e em cada contexto. Não queira confundi-lo com o estudante e a pessoa que você foi quando tinha a idade dele. Acredite que o seu filho quer ser um estudante bem sucedido mas terá de fazer o seu próprio caminho.
O que importa é que os pais permaneçam especialmente atentos e sem ansiedade nas primeiras semanas de aulas. A ansiedade contagia e não é isso que os pais querem. Importa OUVIR o que os filhos contam e ter paciência para os que preferem o silêncio. Falar menos e ouvir mais. Quer as crianças quer os adolescentes não se expressam exatamente no momento que os pais querem. Em qualquer dos casos convém estar atento aos sinais que vão dando. São por vezes sinais subtis, é preciso estar por perto para dar por eles. Estar por perto para dar confiança, encorajar, ajudar a entender, a esclarecer, a organizar-se.
Como poderão o pai, a mãe, um ou outro, estar mais por perto nestas primeiras semanas? A minha experiência diz-me que os pais são criativos e encontrarão uma forma de o fazer em tranquilidade.
Evitar o julgamento e estabelecer uma comunicação positiva são duas das condições fundamentais. Encontre neste livro algumas estratégias para o fazer.
Maria de Lurdes Monteiro
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