“Juntos pela educação”, “Respeito” e “Dignidade” eram algumas das palavras de ordem escritas nos cartazes que os 16 professores seguravam em frente à Escola Secundária Gil Vicente.
A ideia era seguirem, num cordão humano, até ao Largo da Graça, mas os docentes acabaram por ficar concentrados em frente à escola, que já tinha encerrado na sexta-feira devido à greve e voltou a fechar durante o dia de hoje.
“É por isso que nós lutamos, pela dignidade e pelo respeito pela educação, que é a estrutura básica de uma sociedade que se diz civilizada. Se um país não investe na educação, fica de rastos”, disse à Lusa Graciela Nunes.
Professora de Português e Francês há mais de 30 anos, Graciela Nunes queixou-se sobretudo do excesso de trabalho burocrático, que impede os docentes de se dedicarem, plenamente, às aulas e ao trabalho junto dos alunos, mas não só.
“A educação precisa de um outro investimento, também nos salários. É uma pobreza franciscana e não podemos ter um discurso miserabilista”, sublinhou, argumentando que os professores são remunerados abaixo das suas habilitações, um dos vários motivos para a pouca atratividade da profissão.
Outro dos motivos, acrescentou, é a falta de apoios aos professores deslocados.
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Cristina Marcelino, professora de Português e Inglês há três décadas, refere também a recuperação total do tempo de serviço em que as carreiras estiveram congeladas, uma reivindicação antiga dos profissionais, bem como as vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões da carreira docente, fator que tem prejudicado a sua progressão.
“O que o senhor ministro diz não nos adianta nada, não nos dá uma resposta que queiramos ouvir. Se calhar, é a resposta que ele quer ouvir, mas não está a falar connosco, e é isso que nós precisamos, que ele nos oiça”, sublinhou a professora.
Os professores estão em greve desde 09 de dezembro. A paralisação, por tempo indeterminado, foi convocada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP), que já entregou pré-avisos de greve para todo o mês de janeiro.
Entretanto, o Sindicato Independente dos Professores e Educadores (SIPE) convocou para a primeira semana de aulas do 2.º período uma greve parcial ao primeiro tempo letivo, que decidiu prolongar até fevereiro, sendo que entre 16 de janeiro e 08 de fevereiro realiza-se uma greve por distritos, convocada por oito estruturas sindicais, incluindo o SIPE e a Federação Nacional dos Professores (Fenprof).
Além de um conjunto de problemas antigos relacionados com a carreira docente e condições gerais de trabalho, os professores contestam também algumas das propostas apresentadas pelo Ministério da Educação no âmbito do processo negocial sobre a revisão do regime de recrutamento e colocação, que ainda decorre.
O ministro João Costa já veio, entretanto, esclarecer algumas dessas questões, assegurando, por exemplo, que a contratação de docentes não vai passar para as autarquias e que vai continuar a fazer-se com base na graduação profissional, abandonando também a intenção de permitir que os diretores possam selecionar 30% dos seus professores.
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