Dois meses após o início das greves nas escolas, que “afetaram de forma muito diferente os alunos”, a presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) disse que “pais e alunos do secundário estão preocupados” com os exames nacionais.
“Não gostaríamos que houvesse uma maior sobrecarga, mas estamos a ver que é o que vai acontecer. Terá de haver um reforço de aulas de apoio que permita aos alunos realizar os exames nacionais. Só acho que não se devem fazer exames mais fáceis”, disse Mariana Carvalho em declarações à Lusa.
Mariana Carvalho sublinhou que a greve iniciada a 9 de dezembro do ano passado foi sentida de forma muito diferente nos mais de cinco mil estabelecimentos de ensino públicos espalhados pelo país.
“Há imensas escolas que não sentiram qualquer efeito das greves, outras estiveram um ou dois dias fechadas, o que é facilmente gerível e recuperável. Mas depois há casos de alunos que praticamente não tiveram aulas durante todo o mês de janeiro, nomeadamente na zona do Algarve e de Lisboa”, afirmou, em declarações à Lusa.
Por isso, para a Confap, “tem de haver uma estratégia diferenciadora para que os alunos mais prejudicados consigam ter o mesmo nível de aprendizagem, porque há alunos com um impacto zero ou muito próximo de zero e outros em que o impacto foi grave”.
A esta desigualdade, soma-se a de pertencer a uma família com ou sem capacidade financeira para poder pagar a um explicador que possa ajudar a recuperar a matéria que não foi dada na escola, acrescentou Mariana Carvalho.
Para a Confap, é preciso fazer um levantamento do real impacto das greves nas escolas e depois desenhar estratégias que permitam aos alunos recuperar matéria.
A representante dos pais lembrou que existem “muitas estratégias” que os professores podem usar tendo em conta a singularidade da sua turma, tais como constituir grupos mais pequenos de aprendizagens ou contar com a ajuda dos próprios alunos, que se podem apoiar mutuamente.
Para a Confap, também faz sentido prolongar o Plano de Recuperação de Aprendizagens criado pelo Governo para tentar colmatar as falhas provocadas pelo confinamento forçado pela pandemia de covid-19.
A presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais voltou a apelar a um consenso entre sindicatos e ministério da Educação.
A tutela iniciou, este ano letivo, as negociações para um novo modelo de contratação e colocação de professores que, desde o início, contou com a oposição dos sindicatos.
Em dezembro, o Sindicato de Todos os Profissionais de Educação (STOP) convocou uma greve por tempo indeterminado, que ainda está a decorrer e tem já pré-avisos entregues até 24 de fevereiro.
Atualmente, estão a decorrer ainda outras duas greves convocadas por uma plataforma de sindicatos e pelo Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE).
No início do 2.º período, o (SIPE) iniciou uma greve parcial ao primeiro tempo letivo, que termina a 8 de fevereiro. Também a greve por distritos convocada por uma plataforma de estruturas sindicais, que inclui a Fenprof, termina esta quarta-feira no Porto.
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