O presidente da Associação de Pais, Cristiano Coelho, disse à Lusa que a degradação das instalações leva a que o frio “entre por todos os lados”, o que “obriga” os alunos a levarem “mantinhas” para se aquecerem.
“É o frio que entra por todos os lados, são coberturas em amianto, são salas em que são precisos baldes para aparar a chuva, são casas de banho que metem medo, é todo um conjunto de problemas que estão há muito identificados mas que não há meio de serem resolvidos. E os pais perderam a paciência, até porque, além do mais, é a saúde dos nossos filhos que está em causa”, referiu.
Segundo explicou, a escola aguarda há mais de 15 anos por obras de fundo.
Hoje, pais e alunos concentraram-se no exterior, com cartazes com frases como “Pais de luto”, “Projeto adiado, protesto marcado”, “Cansados de esperar”, “Salas de aula = doença” e “Amianto fora”.
Segundo Cristiano Coelho, o presidente da Câmara de Barcelos, Miguel Costa Gomes (PS), foi na terça-feira a Pousa garantir que as obras serão realizadas ainda no decorrer do atual mandato.
Mas os pais querem ver para crer e já equacionam manifestar-se na próxima sessão da Assembleia Municipal de Barcelos, que terá lugar em fevereiro.
A Escola da Pousa conta com 40 crianças no jardim de infância e 80 alunos no 1.º ciclo.
Funciona em dois edifícios, um com mais de 50 anos, para o 1.º ciclo, e o outro com cerca de 40.
Segundo Cristiano Coelho, a caixilharia, em madeira, está podre, permitindo correntes de ar que “põem em causa a saúde” das crianças.
O responsável contou que em novembro, numa altura de muito frio, 32 alunos ficaram em casa, com sintomas de febre e constipação.
Disse que houve mesmo uma criança que “quase entrou em hipotermia”.
Na manifestação de hoje, marcou também presença o Movimento Escolas sem Amianto (MESA), para “dar apoio” à luta dos pais pela remoção das coberturas em fibrocimento do edifício do jardim de infância.
“Estamos perante uma situação muito grave em termos de saúde pública, porque a degradação é tanta que o amianto está em libertação”, disse Mariana Pereira, do MESA.
Lembrou que os próprios alunos do 1.º ciclo também acabam por ser diretamente afetados, porque vão almoçar no edifício do jardim de infância.
O Bloco de Esquerda também se associou ao protesto, tendo o deputado José Maria Cardoso anunciado que irá fazer chegar o caso à Assembleia da República.
“Sendo certo que é uma escola tutelada pelo município, também é certo que o Governo não pode pura e simplesmente assobiar para o lado, como se não tivesse nada a ver com o assunto. As crianças têm direito a uma escola decente e o Estado tem a obrigação de lhes dar essa escola”, referiu.
Contactada pela Lusa, a Câmara de Barcelos disse que as obras na escola avançarão “logo que exista disponibilidade financeira por parte do município”.
Disse ainda que o projeto para a empreitada de requalificação “está pronto” e tem um valor base de 967 mil euros, acrescido de IVA.
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