“Queremos ajudar a resolver o problema, sendo que receio que a dimensão dos que não tem acesso a um computador ou à Internet seja maior do que a nossa capacidade de o resolver”, afirmou hoje Rui Nuno Castro, um dos fundadores do ‘Student Keep’.
A plataforma, desenvolvida para colmatar as desigualdades no acesso ao ensino à distância em fase de pandemia, surgiu de forma “muito imediata”, explicou Rui Nuno Castro, cuja mulher é professora.
“A minha esposa é professora e viu-se na iminência de dar resposta aos seus alunos devido às circunstâncias e apercebeu-se muito rapidamente que nem todos podiam acompanhar as atividades que ela propunha”, contou, recordando o caso de uma criança que vivia com a sua bisavó e que a única forma possível de a contactar era através do telefone.
Perante esta situação e com a sensação de que o “problema se ia adensando”, Rui Nuno Castro, que pertence à associação Alpha Coimbra, cujo propósito é dinamizar o ecossistema tecnológico, reuniu-se com alguns colegas e decidiu “unir as duas pontas”.
“Foi fácil unir as duas pontas: há aqui um problema e pensamos que conseguimos ajudar a resolvê-lo. A partir daí foi uma bola de neve”, recorda Rui Nuno Castro, adiantando que o ‘site’ da ‘Student Keep’ foi lançado no dia 29 de março.
O projeto 'Student Keep', que pertence ao movimento Tech4Covid-19, cujo objetivo é encontrar soluções tecnológicas para o combate à pandemia, permite assim “ligar” estudantes que não tem acesso a dispositivos informáticos ou à Internet e pessoas que estão disponíveis para emprestar ou até doar esses materiais.
Para ajudar ou ser ajudado, basta aceder ao ‘site’ do 'Student Keep', sendo que o levantamento das necessidades de cada estudante é coordenado pela Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE).
“Estamos em contacto e colaboração próxima com a DGEstE que, desde o primeiro momento, se mostrou disponível no que diz respeito ao levantamento das necessidades, mas também com o Ministério da Educação, uma vez que já houve contactos com o secretário de Estado da Educação”, avançou o responsável.
Desde domingo, a plataforma já recebeu 23 pedidos de ajuda de estudantes, de várias zonas do país, que não tem acesso à Internet ou dispositivos tecnológicos, bem como 40 respostas de pessoas que estão disponíveis para emprestar ou doar alguns desses materiais.
Com o intuito de conciliar a “proximidade geográfica” dos apadrinhamentos, que são solidários, mas que ainda assim requerem “rigor e transparência”, Rui Nuno Castro adiantou à Lusa que o ‘match’ vai, provavelmente, ser feito até ao final da semana.
Quanto às entregas, o responsável adiantou que poderão ser feitas de diferentes formas, diretamente entre o padrinho e o estudante ou por intermédio dos agrupamentos de escolas ou das juntas de freguesia.
“Temos de ser ágeis a resolver o problema, até porque o início do 3.º período está já aí à frente e prevê-se que durante algum tempo os alunos estejam à distância e não nas escolas”, concluiu.
Neste momento, são 60 os voluntários envolvidos no ‘Student Keep’, um dos cerca de 30 projetos que o movimento Tech4Covid-19 integra e que reúne mais de quatro mil pessoas das mais variadas áreas a trabalhar em soluções tecnológicas para ajudar a ultrapassar o desafio da covid-19.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 866 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 43 mil.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 187 mortes, mais 27 do que na véspera (+16,9%), e 8.251 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 808 em relação a terça-feira (+10,9%).
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