«O amor na espécie humana nasce com os cuidados, portanto o primeiro conselho prático é que repartam o tempo e os cuidados de maneira a serem pais presentes», refere a psicóloga clínica Isabel Leal. Todavia, os pais devem reorganizar-se para que não passem a viver para os filhos em exclusividade, aconselha a psicóloga. «Há uma questão do nosso mundo que é incontornável. As famílias têm hoje pouco tempo, portanto devem acreditar no tempo de qualidade com o bebé.»
De acordo com Isabel Leal, o tempo de qualidade com os bebés tem a ver, numa primeira fase, com os cuidados de sobrevivência e de conforto, como a alimentação e o banho. À medida que as crianças crescem, o tempo de qualidade passa pela interação, a brincadeira e o lúdico.
Repartir as tarefas com o bebé é muito importante, considera a psicóloga clínica. Se por um lado os primeiros tempos com o bebé são fundamentais para a aprendizagem dos cuidados e a adaptação do bebé aos pais e vice-versa, por outro é fundamental reajustar o quotidiano e evitar que o tempo seja exclusivo do bebé a partir do momento em que as rotinas já estão estabelecidas.
«Sou uma defensora incondicional dos recursos sociais, como as creches e os infantários. Os bebés devem ter contacto com o que os rodeia», refere a psicóloga clínica, acrescentando: «As crianças adaptam-se a rotinas criadas por pessoas diferentes. Desde que o mundo é mundo, as crianças convivem com outras crianças. Elas gostam de estar com os outros.»
Escolher a creche
Relativamente à escolha da creche ou jardim-de-infância, a revista Proteste aconselha os pais a averiguar as condições do espaço e normas legais.
É essencial que haja áreas diferenciadas para refeições, dormir e realizar atividades, e por grupos de idade, com boa luz natural e arejadas, bem como um espaço exterior.
Os pais devem poder conversar no local com a direção, educadora e auxiliares de ação educativa. A Proteste aconselha os pais a deslocarem-se à creche, em diferentes alturas do dia, para observar os espaços, as condições de higiene, segurança e equipamentos.
Os pais devem ser informados sobre os projetos educativos e pedagógicos ou do seu envolvimento nas atividades das crianças.
As escolas devem apresentar o menu alimentar semanal, útil para compensar as refeições das crianças em casa. O regulamento obrigatório com regras internas, preçário e serviços prestados também deve ser do conhecimento dos pais.
As creches devem estar num local de fácil acesso para pessoas com mobilidade reduzida e para as viaturas dos bombeiros. Os estabelecimentos com mais de um piso térreo são um entrave à evacuação rápida das crianças.
A mesma entidade alerta que continua a haver estabelecimentos a não respeitar a lei no número de crianças por sala e que negligenciam as condições de segurança.
Rede de apoio
Por outro lado, as próprias famílias com filhos (amigos, vizinhos) beneficiam se organizarem-se entre si no sentido de se ajudarem mutuamente, sugere a psicóloga clínica Isabel Leal.
Os pais não devem estar excessivamente centrados na sua tarefa parental. «É vulgar encontrarmos casais que têm filhos com três anos que nunca tiveram um fim de semana a dois», acrescenta. «É aí que entram os recursos sociais, que também podem ser os avós. Os avós não têm de estar disponíveis diariamente para ficar com os bebés, mas gostam de o fazer de vez em quando.»
O mais importante é não deixar as crianças isoladas, conclui.
Texto: Ana Margarida Marques
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