Licenciada e consultora em Comunicação Empresarial, é mãe de quatro crianças. Os filhos dizem-lhe que é a melhor mãe do mundo, mas que não conhecem mais nenhuma mãe que seja assim "tão extrovertida". Ela reconhece o papel, assumindo que isso afasta, por enquanto, potenciais genros e noras que queiram aparecer para jantar.
Há dias, a minha filha mais velha deu uma resposta torta à irmã. Quando eu me preparava para intervir, ouvi: “não a repreendas, mãe. A adolescência é uma fase difícil e temos de entender quando ela fica mais instável”
Quando me soube grávida da primeira vez, determinei o tipo de mãe que queria ser e o género de rotinas que iria garantir aos meus filhos. Ia ser sempre paciente. Ia levá-los ao parque mesmo nos dias em que estivesse exausta. Ia definir um dia por semana para apenas falar noutro idioma com eles. Mal
A minha bebé tímida virou uma rapariga extrovertida, sociável e conversadora. Uma rapariga que se impõe desafios e que acredita na possibilidade das impossibilidades. Uma rapariga que está longe de perceber o tanto que me ensina todos os dias
Adoraria poder acreditar nos blogues e nos perfis de facebook que vendem a maternidade como uma maravilha constantemente boa e perfeita. Sem birras, sem respostas tortas, sem gritos e castigos e, sobretudo, sem momentos em que tudo parece estar à beira do descalabro
Há coisas que nós, simplesmente, não conseguimos ver. Que, derivado da correria da vida ou da miopia da rotina, nos passam literalmente ao lado – até ao dia em que a realidade nos assola como um verdadeiro balde de água gelada despejada em cima do nosso coração.
Estar a milhares de quilómetros dos meus filhos chega a parecer doentio de tão doloroso que é. Parece, sem exageros, que me falta uma perna e que ando a coxear, desorientada, pelas estradas da vida
Hoje, os meus filhos acordaram cedo demais. Invadiram a minha cama, encostaram-se a mim e, num sussurro pesado, um deles perguntou-me: “os terroristas vão chegar a Portugal?”
Garanti-lhe que lhe ensinaria o mais que pudesse, de forma a que, um dia, ela soubesse tomar as melhores das suas decisões. Quando nasceu, mal sabia que, neste processo, seria eu a grande aprendiz
Numa altura em que a crise económica parece arrebitar para dar claramente lugar a uma crise nacional de valores, eu queixo-me de outro mal: a crise das palavras. Porque, por mais que eu seja uma pessoa que as cultiva, ando há largas semanas carente das letras que as formam. Ou do tempo que me permit
A história e o relato foram marcantes. A dor que ecoava das palavras era acutilante. Mas a força de viver que aquele casal revelava era simplesmente pedagógica
O meu estado de “divorciada” não me trouxe quaisquer contratempos – a não ser na hora de ter de usar um berbequim ou de querer mais tempo para mim. Até que me deparo com um estigma público que desconhecia por completo
Não sou fundamentalista, mas assumo a determinação nas minhas crenças (sendo que – atenção! - as minhas crenças de ontem podem ser radicalmente diferentes das que terei amanhã). Leva-me isto a uma crença que, pelo menos até agora, não mudou. A de que devemos mesmo deixar os meninos voar.
Perguntam-me muitas vezes se é possível dar a quatro filhos a mesma atenção que se daria a um ou dois. Não, não é. E não é sobretudo quando, em casa, não existe uma mãe e um pai para se dividir as atenções, tendo de servir apenas dois olhos, dois ouvidos, uma boca e dois braços para dar conta de tod
Mas talvez tenha sido precisamente nesta “inconsciência consciente” que a maternidade e a vida me surpreenderam. Não ter criado expectativas fez com que o ser mãe tivesse sido (e continue a ser) a mais incrível e desafiante experiência que tive até hoje
Com os olhos pesados de uma direta para que já não tenho idade, vim até ao meu quarto, vesti o pijama e estava a preparar-me para me entregar ao maravilhoso conforto dos meus lençóis quando senti um braço a tocar-me
Não sei se esta é uma questão que assola o pensamento de outras mães. Mas são invariáveis as vezes em que eu dou por mim a viver um verdadeiro buraco temporal que não parece fazer mais do que dar-me um valente estalo de realidade