É assim esta minha filha do meio. Puramente boa. Com um coração que todos os dias me ensina alguma coisa. Correta e ética ao ponto de achar preferível prejudicar-se a magoar os outros.

Faz agora 14 anos, esta rapariga que já pouco tem da bebé rechonchuda que a 21 de outubro caiu nos meus braços. Têm sido 14 anos de uma aventura desafiante pelos milagres da vida. 14 anos de histórias, de carinho, de cumplicidade, de gargalhadas e, claro, também de desesperos e lágrimas sentidas.

Houve alturas em que eu senti que não estava preparada para as respostas que esta menina me trazia. “Porque é que existem pessoas más?”. “Porque é que a escola não ensina que a partilha é tão importante quanto o saber do mundo?”. “Porque é que os homens provocam sofrimento uns aos outros?”.

- O que é que gostavas de ter neste aniversário, Matilde?

- Nada de especial... qualquer coisa, mãe!

E foi com ela que aprendi a admirar ainda mais as pequenas coisas da vida. A luz da lua, a força do sol, o cheiro das plantas, a felicidade de um simples abraço. O tudo no nada.

Porque é assim que esta miúda vive os dias. Numa simplicidade e num sossego absolutos que parecem contrastar com a complexidade da vida.

Gostava de lhe prometer que o mundo vai ficar mais cor-de-rosa. Que as tristezas e as desgraças da vida vão ficar numa página escondida do Universo. Que as injustiças do Homem são passado. No fundo, gostava de lhe dar uma Terra plantada de flores coloridas, de animais protegidos e de pessoas cúmplices, como tantas vezes ela relata nas inúmeras histórias que escreve com palavras de gente grande.

Esta minha Matilde é muito mais do que algum dia sonhei. É minha e do mundo – um mundo com promessas infindáveis para quem sonha tanto e tão alto.

14 anos de uma vida em comum e numa caminhada para fora de mim. 14 anos de muitos mais em que, minha adorada Matilde, serás a estrela da tua vida e de quem contigo se cruze.

Alda Benamor