Quando nasceu, prometi-lhe que iria tentar ser a melhor mãe possível. Prometi-lhe equilibrar coração e razão, numa crença absoluta de que a educação se maximiza com as emoções em funcionamento pleno. Garanti-lhe que lhe ensinaria o mais que pudesse, de forma a que, um dia, ela soubesse tomar as melhores das suas decisões. Quando nasceu, mal sabia que, neste processo, seria eu a grande aprendiz.
É sempre complicado falar sobre um filho. E é-o porque parece que as palavras nunca parecem chegar para descrever emoções tão fortes. Mesmo que a crianças esteja coberta de defeitos, nós conseguimos sempre descobrir uma essência pura e única em quem saiu de nós. Com esta minha filha, preciso de me esforçar pouco para o fazer.
A Matilde nasceu com a garra do amor, tendo revelado desde muito cedo o poder de um coração livre e gigante. Com um sorriso enorme que lhe salta facilmente dos lábios e dos olhos, esta minha filha ensinou-me desde sempre a desvalorizar os pequenos ‘grãos’ da vida.
- Tudo se resolve, mãe. Basta acreditar.
E assim tem sido. Com os seus abraços a ampararem as minhas quedas e com as suas palavras maduras sempre que dou um passo ao lado. “Não penses tanto, mãe. Aprende sobretudo a sentir”.
Esconde-se por trás de uma timidez residual e alimenta as amizades como quem cuida de uma planta frágil. Acredita que tudo é possível – naquela crença genuina que, infelizmente, vamos esquecendo com a passagem do tempo. Quer ser atriz, modelo e cantora. Mas vai à estante da sala procurar livros de psicologia, porque aquilo que mais deseja é ajudar quem mais precisa. “E porque quero compreender o funcionamento da cabeça das pessoas”.
Nasceu com os meus olhos, com as feições da avó materna e com o humor do pai. E orgulha-se dos seus longos cabelos dourados, fazendo da escova e do espelho uns amigos inseparáveis. Alta e com corpo de mulher, procura as minhas roupas à socapa quando precisa de um reforço de vaidade.
Quando a vi pela primeira vez, prometi-lhe, então, a minha entrega incondicional. Algo que nem sempre sinto cumprir, confesso. Mas se há pessoa que merece este amor, esta dedicação e este inebriante encantamento é esta minha princesa chamada Matilde.
Uma princesa que, pouco antes de completar 13 anos, sacou do seu humor habitual e me disse: “Se calhar, nunca vou ter tanta sorte como tu, mãe. É que é preciso muita sorte para se ter uma filha como eu”.
[Disseste-o a brincar, mas acertaste de forma acutilante na verdade, minha querida Matilde. Porque em 13 anos conheci a materialização do amor puro. Um amor que cresce todos os dias e que me faz acreditar – cada vez mais e mais – que a vida é, de facto, um milagre em que tudo é possível.]
Parabéns, minha querida Matilde. Prometo que, quando mais logo te abraçar para te congratular pela tua maravilhosa vi(n)da, derramarei as habituais lágrimas de amor, gratidão e felicidade. Por seres parte da minha vida mas, sobretudo, porque me teres tornado nesta eterna aprendiz do amor.
Alda Benamor
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