É normal surgir no bebé com dois/três anos de vida uma falta de apetite fisiológica, a vontade de negar os alimentos e a autonomia da “guerra” às refeições. Portanto, nem sempre é fácil tornar prazerosa a transição para os alimentos semisólidos e sólidos. As principais dificuldades são o designado sentimento de neofobia – uma reação natural do bebé menos positivo a tudo o que é novidade – e a preferência tão nítida pelo sabor doce.

 

Como agradar os bebés na alimentação do dia-a-dia é uma das grandes questões dos pais de hoje em dia que têm menos tempo do que gostariam para preparar refeições. O certo é que o modo como a criança encara e se relaciona com os alimentos tem muito a ver com a forma como os pais lhe apresentam o mundo dos alimentos não lácteos. Pelo menos é o que garante Maria Antónia Peças, mãe e autora do livro, em conjunto com João Breda, “1,2,3 uma colher de cada vez” (Difel, 2003).

 

AS REFEIÇÕES COMO UM ATO FAMILIAR

«Se a família come de forma prazenteira as frutas e os legumes, a criança vai absorver essa sensação porque se sente identificada com o comportamento dos pais», explica Maria Antónia Peças, que considera ser importante que as famílias invertam o processo a que se assiste nos dias de hoje de cada vez menos se comer em família.

 

E continua: «É tão mais produtivo e divertido ensinar às crianças as cores e as texturas dos alimentos... É uma experiência que nunca mais os pais vão esquecer». Um bolo caseiro, um arroz doce feito com fruta, um tabuleiro de biscoitos feitos com azeite – que podem ter olhos e bigodes desenhados – são exemplo de sobremesas saudáveis que podem ser feitas em conjunto com os filhos pequenos.

 

A transformação da alimentação em família acontece principalmente com os chamados pais de primeira viagem. É mais fácil que já haja na vida do casal hábitos saudáveis anteriormente ao nascimento do filho. «Introduzir uma refeição por semana em que se fazem os disparates pode ser uma boa política», aconselha Maria João Peças. Não vale a pena definir muitas regras no que diz respeito ao que dar ao bebé.

 

Os pais devem saber que o filho pode reagir de forma diferente do filho de uma amiga ou de uma vizinha, e criar as suas próprias estratégias!

 

Ana Margarida Marques

 

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