Queria ser uma estrela de rock, mas por falta de talento achou que acabaria escritor. A comédia tomou conta da sua vida e ensinou-lhe que através dela conseguiria ser feliz.

Estreou-se como argumentista, iniciou-se depois nos espetáculos de ‘stand up’ e só mais tarde descobriu a sua veia de ator. Um percurso repleto de grandes surpresas, que Eduardo Madeira ou o tipo a quem tudo acontece, como descrevem os seus amigos, recordou em entrevista ao Notícias ao Minuto.

Usando as suas palavras, foi com a mítica frase ‘onde é que tu estavas no 25 de Abril?’ que deixou direito e começou a "macacada". É verdade?

Tal e qual [risos].

Como é que se dá este início de carreira?

Conheci há muitos anos, 20 anos talvez, o João Quadros e ele na altura trabalhava para as Produções Fictícias. Um dia decidiu desafiar-me e eu escrevi alguns textos em coautoria com um amigo e um dos textos era precisamente esse. A surpresa foi que de repente o nosso ídolo Herman José queria gravar um sketch escrito por nós. No meu caso, tive uma epifania: isto é o que eu quero para a minha vida, pensei. A partir daí nunca mais parei de fazer humor, primeiro como guionista a escrever para o Herman, o ‘Contra informação’, a ‘Conversa da Treta’. Escrevi muita coisa, até começar a apostar numa faceta mais visível do meu trabalho.

O Direito era uma coisa muito técnica e muito ao lado daquilo que eu queria fazer

O Eduardo estava de facto a estudar Direito e também chegou a estudar História. Imaginava-se como advogado ou professor?

A minha mãe acha ainda hoje que eu deveria fazê-lo [risos]. ‘Pelo menos o estágio, Eduardo’… Ainda hoje ela acha isso. Ia ser um péssimo advogado, não ia ser feliz. Podia até ter sucesso, não se sabe. Estudei História durante muito pouco tempo, mas mesmo assim gostei mais do pouco que estudei de História do que de Direito. O Direito era uma coisa muito técnica e muito ao lado daquilo que eu queria fazer.

O facto de ter nascido na Guiné tem influência na sua vida?

Tem muita influência mais do que aquilo que se pensa. O meu pai esteve muitos anos em África e eu nasci lá, esse lado meio tropical esteve sempre presente na minha formação e na minha vida. Lembro-me muito de ser criança e de ouvir discos de música de Angola de Cabo Verde e não vi isso na casa dos meus colegas. Essa maneira de estar, essa matriz cultural, acaba por estar em mim quando venho para Portugal. Obviamente que depois fui criado cá e passei a estar em contacto com esta realidade, mas África está em mim e vai estar sempre.

Nunca fui o ‘palhacinho’ da turma, nunca fui o mais engraçado

E o humor, também vem de família?

Acho que sim. Às vezes começo a procurar no código genético da família de onde é que veio [risos]. Creio que sim, o meu pai é um ótimo contador de histórias e improvisador e a minha mãe tem um sentido de humor a roçar o humor negro, muito sarcástico. Eu tenho um bocadinho dos dois e creio que é por aí. Mas é uma coisa inexplicável. Quando tento perceber de onde isto vem lembro-me de no colégio onde eu andava, em Coimbra, passarem uma fitas de cinema Super-8 do Charlie Chaplin ou de desenhos animados. Quando acabávamos de ver os filmes, reproduzia-os para os meus amigos e eles ficavam sentados a ver-me. Teria uns 6, 7 anos e é uma imagem que tenho muito forte na minha cabeça, acho que estava ali a génese de tudo.

Nessa altura o Eduardo era o ‘palhacinho’ da turma?

Não, curiosamente não. Nunca fui o ‘palhacinho’ da turma, nunca fui o mais engraçado. Tinha um sentido de humor muito forte e tinha uma noção de que tinha de fazer as coisas às vezes e no momento certo, mas não era aquele que estava sempre com a piada pronta. Nesse aspeto, até tinha alguma timidez.

Sonhava ser estrela de rock, achei por falta de talento que ia ser escritor e acabei comediante

Começou a escrever, passou depois a fazer ‘stand up’ e já mais tarde mostrou a sua veia de ator. Um humorista é necessariamente ator?

Não, pode não ser. Na realidade, creio que há humoristas excelentes em ‘stand up’, mas depois como atores não funcionam. E o contrário também acontece. No meu caso, acho que consigo fazer as duas coisas. Gosto muito do palco, passei muito tempo em cima do palco. Vai fazer 20 anos que faço espetáculos, já fiz muitos. A parte de ator é uma coisa que começa lentamente, começo aos poucos a ser convidado para fazer coisas como ator e de repente dou por mim e já nem consigo escrever, já nem consigo fazer mais nada a não ser representar. Só escrevo as coisas que faço no ‘stand up’ neste momento.

O mais surpreendente para mim foi ganhar prémios como ator de comédia. Para mim era algo impensável há 15 anos

A inteligência é essencial para se fazer humor de qualidade?

Creio que sim. Há vários tipos de inteligência e o que acontece é que o cérebro de certas pessoas se desenvolveu no sentido de ter uma visão especial das coisas, dos acontecimentos. Assim como há pessoas que são ótimas em física nuclear e há outras que são grandes cirurgiões ou grandes escritores. Um comediante é uma pessoa que tem uma parte do cérebro, porque bateu com a cabeça ou algo parecido, que o levou a ir por ali. Eu, por exemplo, era uma pessoa que sonhava ser estrela de rock, achei por falta de talento que ia acabar como escritor e acabei comediante. Porque na verdade a comédia puxou-me assim: 'anda cá, é aqui que tu vais dar-te bem'. Tu não és só um escritor e também não és um músico bom, mas podes ser um comediante muito razoável… depois brincas à música e à literatura pelo meio. E foi isso que me aconteceu.

A famosa banda Cebola Mole foi uma tentativa de realizar esse sonho de ser estrela de rock?

Acho que sim. O que os Cebola Mole me fizeram foi perceber que eu não conseguia viver sem o palco. Até aí nunca tinha tido essa noção. Já tinha tido alguns momentos, mas como não era um ator de formação.... Hoje em dia já fiz peças, cinema... Aprendi a ser ator, a fazer as coisas, porque não fiz escola. Aprendi com os melhores também, por sorte. O mais surpreendente foi ganhar prémios como ator de comédia. Para mim era algo impensável há 15 anos, nunca me passaria pela cabeça que isso pudesse acontecer. Quando de repente estás a estás a receber um prémio de melhor ator de comédia do ano X, pensas assim: O que é me aconteceu? Onde é que está aquele rapazinho, cheio de vergonha, que escrevia piadas para o Herman José? Aconteceu.

Não é o humor que vai matar a sociedade, o que mata são as pessoas que falam a sério. Os racistas verdadeiros é que são o alvo a abater, não são as pessoas que fazem piadas supostamente racistas

E as imitações são uma das vertentes que mais notoriedade lhe dão entre o público. Se tivesse de eleger a sua preferida qual seria?

Sei lá, elas estão sempre a acontecer. O Nuno Markl é uma imitação na qual tenho muito prazer. Fisicamente nós não somos particularmente parecidos, mas com o trabalho do [Sérgio] Alxeredo e com o facto de eu o conhecer bem, de repente, é uma réplica. Até eu olho e fico fascinado com o que está ali. Há pouco tempo coloquei a mim próprio o desafio de fazer o Herman José com a mãe. Lá está, uma pessoa depois de fazer isso, e se corre bem, fica a pensar: e agora? O que é que eu vou fazer depois disto? Já fiz o mestre.

É possível fazer humor com todos os temas, até com os mais sensíveis?

É, é possível fazer humor com todos os assuntos. Isto agora é uma discussão que tem sido muito atual: os limites do humor. Há muitas pessoas que ficam ofendidas e há uma tentativa de tornar o politicamente correto, que também tem os seus méritos, na nova cartilha da igreja católica. Não se pode gozar com a Nossa Senhora! Não se pode gozar com isto, com aquilo. Qualquer dia há um livro para consultarmos: deixa lá ver dentro dos temas o que posso dizer.

Na minha opinião, não há limites para o humor, as pessoas que se sentem ofendidas vejam outras coisas, não liguem. Não é o humor que vai matar a sociedade, o que mata são as pessoas que falam a sério. Os racistas verdadeiros é que são o alvo a abater, não são as pessoas que fazem piadas supostamente racistas. Essas piadas acabam por funcionar como uma chamada de atenção para essa coisa que é o racismo. Temos de combater é as pessoas que falam a sério, as pessoas que pensam de uma determinada maneira e que são realmente homofóbicas na rua e que são realmente sexistas no trabalho. Essas pessoas não estão a brincar, estão a fazê-lo. Fazer uma piada sexista, homofóbica, é uma piada. O mundo não morre com uma piada, o mundo morre com uma pistola. Acho que se pode fazer humor sobre tudo. Como é óbvio pode fazer-se bom humor e mau humor sobre tudo. Há humor negro genial, há humor escatológico interessante, há humor de todos os géneros: sarcástico, irónico.

Existe mau humor ou humor mal feito em Portugal?

Existe humor mal feito e até muito mal feito. O que acontece, normalmente, é que às pessoas que fazem humor mal feito ou evoluem e começam a fazer bem feito ou mais tarde ou mais cedo o mercado vai-lhes dizer: Não quero ver o que estás a fazer. Não enchem salas, não têm programas, não têm visualizações em lado nenhum e acabam por ter de desistir.

Temos tido muitas artistas a fazer humor em Portugal, houve um crescimento do público ou uma abertura maior para a comédia?

Creio que sim. Por exemplo, há 10 anos não tinhas artistas de ‘stand up’ que enchessem o coliseu. Talvez o Herman... Nós enchemos o Coliseu com uma coisa que foi o ‘Clube da Comédia’, mas eram seis artistas. Hoje em dia, tens o Salvador Martinha que é ótimo e enche salas grandes. Tens o [António] Raminhos que encheu agora o Coliseu. O [Luís] Franco Bastos ou o [Rui] Sinel de Cordes, são artistas que enchem salas grandes sozinhos. Isto só prova que o público de repente quer ver ‘stand up’ e os melhores, ou pelo menos os que estão a fazer melhor neste momento.

Todos os malucos vêm falar comigo e parece que tenho íman para eles. Acontecem montes de coisas assim insólitas, situações estranhas

Hoje em dia já é possível viver em Portugal apenas a fazer humor?

Sim. Acho que pessoas que gerem as carreiras bem, como estes de que acabei de falar, nem sequer precisam de televisão. São livres e independentes, não têm um diretor de televisão que lhes diz isto tem de ser feito assim. Na realidade, acho que eles são uma nova ordem, apontam para o futuro e vivem daquilo, vivem do humor. Quem enche um Coliseu e depois faz uma digressão grande tem uma vida porreira.

E o Eduardo nunca achou que era melhor ter um plano B para o caso de o seu futuro na comédia correr mal?

Isso é um bocado a coisa da minha mãe, era dar-lhe razão [risos]. Acho que, felizmente, consegui ser multidisciplinar dentro da comédia. Portanto, o pior dos cenários para mim é sempre bom. Se deixar de ter coisas para fazer em televisão, vou fazer espetáculos. Canso-me de fazer espetáculos, escrevo. Ou seja, como fiz um bocadinho de tudo e sei fazer, só tenho de andar um bocadinho dentro da minha área. Por exemplo, não faço teatro porque não tenho tempo, mas já experimentei e gostei muito. Há muito tempo que não faço um solo de ‘stand up’… tudo isso está aqui à espera para o dia em que me disserem: olha, agora não temos programa. Ai não, ótimo, vamos lá fazer uma peça ou um solo.

As pessoas que melhor o conhecem definem-no como um contador de histórias. Os seus amigos dizem mesmo que é ‘o tipo a quem tudo lhe acontece’. É verdade?

Sim… sim. Os meus amigos preferem ver-me a contar histórias que me aconteceram do que a fazer ‘stand up’. O Bruno Nogueira, o Salvador Martinha, estão sempre a dizer: ‘o melhor ‘stand up’ que um dia vais fazer é quando decidires contar essas histórias’. São histórias que me acontecem no dia a dia. Tenho várias coisas estranhas. Parece que tenho uma coisa na testa a dizer: se tiver problemas mentais, fale com esta pessoa. Todos os malucos vêm falar comigo e parece que tenho íman para eles. Acontecem montes de coisas assim insólitas, situações estranhas.

Os filhos do Eduardo, a Leonor, fruto do seu casamento com a Joana Madeira, e o seu filho mais velho, também já têm jeito para o humor?

O que os pais fazem não tem necessariamente de passar para os filhos, mas eu noto nos meus filhos, mais não seja por lidarem connosco no dia a dia, que têm um sentido de humor muito especial. Se calhar é só influência do meio em que estão a crescer. Mas não faço ideia do que é que eles querem fazer.

É uma fatalidade nossa, as pessoas acham sempre: ‘este tipo deve ser um prato’. E o que é certo é que nós temos momentos bons e momentos maus

E o facto de o Eduardo e de a Joana serem ambos humoristas faz com que a vossa relação seja sempre uma animação?

Há uma coisa muito gira entre nós, apesar da diferença de idades e da diferença de gerações. A nossa relação, além de ser uma relação normal, assenta muitas vezes em dois amigos que estão mesmo a curtir e a falar de coisas e a rir à gargalhada. Acho que isso para nós funciona como um bálsamo para a relação, há uma sintonia de rir e saber rir um com o outro que é muito gira.

Sente que sempre que as pessoas falam consigo na rua estão à espera de que seja uma conversa engraçada ou que diga uma piada?

Sim, isso acontece a todos os comediantes. É uma fatalidade nossa, as pessoas acham sempre: ‘este tipo deve ser um prato’. E o que é certo é que nós temos momentos bons e momentos maus e há momentos do dia em que nem sequer estamos com o chip da comédia, estamos a fazer coisas como qualquer outra pessoa faz. Um médico não está constantemente a pensar em medicina. As pessoas esperam muitas vezes de mim piadas em situações muito estranhas. Lembro-me de dois casos específicos: nas finanças, quando recebi uma multa gigante para pagar e o senhor das finanças queria que eu lhe contasse uma piada; e outra vez que tive um acidente, um senhor a sair de uma garagem partiu-me a parte da frente toda do carro, e há uma senhora que vem a passar e diz: ‘Então, Madeira, você tem sempre piada’. Eu pensei: que inoportuno, estou eu com o carro todo partido… Devo ter feito má cara, porque naquele momento estava mesmo triste com a situação.

Os artistas mentem sempre um bocadinho quando dizem que não gostam de ser abordados. Na realidade, às vezes, há um pânico que isso um dia deixe de acontecer

É difícil respeitar-se a tristeza de quem habitualmente faz rir os outros?

Acho que depende das pessoas. Já tive casos muito estranhos de pessoas que me ignoraram olimpicamente e em que eu pensei: não gosta de0 mim, não me conhece. E de repente, quando penso que já nada vai mudar isso, a pessoa diz-me: desculpe, não queria incomodar, mas sou um grande admirador do seu trabalho. Eu pensava que a pessoa estava a ser antipática para mim e afinal não. Só estava a ser bem educada e discreta. Também há pessoas que dizem coisas agradáveis num tom mais animado e nós também gostamos. Os artistas mentem sempre um bocadinho quando dizem que não gostam de ser abordados. Na realidade, às vezes, há um pânico que isso um dia deixe de acontecer. Faz parte do jogo.

Nas redes sociais o Eduardo é muitas vezes considerado polémico pelas suas publicações. Dar que falar é efetivamente o objetivo dessas publicações?

Não, não é. Aconteceu ao contrário, quando percebemos que causava polémica divertíamo-nos com isso. Somos muito descomplexados com isso. Há um gossip por trás de coisas com muitas visualizações e nós poderíamos entrar nesse 'business' [negócio], mas nunca entrámos. Nunca fizemos muito o negócio de faturar com as redes sociais, são coisas espontâneas. Às vezes, dá-nos na cabeça fazer uma coisa mais maluca e pronto tem impacto ou não.

Não quero ser para sempre o tipo que faz as imitações

E consegue gerir os comentários, muitas vezes ofensivos, que as publicações polémicas acabam por gerar?

Lido relativamente bem, a maior parte das vezes estou-me a borrifar e tenho até alguns 'haters' a que acho imensa piada. Há sempre aquele 'hater' residente que anda sempre atrás de mim a dizer mal de tudo aquilo que faço, mas vê tudo para poder dizer mal. Esses até me serviram de inspiração para uma das minhas personagens que é o Osório - o 'hater' que não larga. Mas sei que, ao princípio, à Joana fazia-lhe um bocadinho de impressão quando havia algum cyberbullying, depois aprendeu a viver com isso e hoje em dia acho que ela está absolutamente tranquila.

O programa não acabará para sempre, mas vai fazer uma pausa larga

A Ana Bola falou recentemente à imprensa sobre o fim do programa ‘Donos Disto Tudo’. A RTP já o informou a si e ao restante elenco sobre o destino do programa?

Creio que o programa teve uma vida longa, esteve no ar três anos e agora no fim do ano deve acabar. Acaba em alta, que é uma boa maneira de acabar. Fizemos muita coisa gira, mas corríamos agora o risco de começar a cair. Não há muito mais a fazer e temos de ter noção disso. É necessário parar durante uma boa temporada - não sei se será para sempre -, e irmos fazer outras coisas. Até para o nosso bem. Também não quero ser para sempre o tipo que faz as imitações.

Então, o destino do programa já está traçado?

Creio que sim. O programa não acabará para sempre, mas vai fazer uma pausa larga. Eu espero aproveitar essa pausa para fazer outras coisas, mas para já preciso de descansar. Depois, vão com toda a certeza surgir ideias muito giras e espero que seja na RTP que as consiga fazer. 80% dos melhores programas que fiz foram na RTP: ‘Contemporâneos’, ‘Donos Disto Tudo’, ‘Estado de Graça’.

Desde esse dia, fiquei com a noção de que sou grande entre os assassinos

Para terminar, penso que nada melhor do que o Eduardo contar-nos uma daquelas suas histórias de que falávamos há pouco. Com certeza que os nossos leitores vão divertir-se a lê-la.

Então vamos lá… Uma vez ia passear cedo com a minha mulher, a Joana, e com a pequenina, a Leonor [filha], na Marginal. Passámos debaixo de um túnel para ir para a praia e vem um tipo com muito mau aspeto. Quando o vi de pacote de vinho na mão, pelas razões que eu disse há bocado, percebi que ele se ia meter comigo. Claro que aconteceu, cumprimentou-me e foi logo uma chatice. Ele não estava propriamente asseado e eu fiquei logo com a mão suja… já não podia mexer na miúda, passei o resto da manhã com a mão no ar. No meio disto tudo, ele disse-me uma coisa incrível e que me leva a pôr em causa toda a minha vida. ‘Eduardo, eu estive institucionalizado, preso, e vou-te dizer uma coisa que é mesmo verdade. Não foi na prisão toda, estou a falar na ala dos assassinos, que é o pior que há: Eduardo, tu és grande entre os assassinos’. Pronto, desde esse dia, fiquei com a noção de que sou grande entre os assassinos.