Adèle Haenel acusou o cineasta Christophe Ruggia de a agredir sexualmente no início dos anos 2000, quando a atriz tinha entre 12 e 14 anos e ele estava na casa dos 30. O cineasta nega todas as alegações e intitula-as de "puras mentiras".
A audiência aconteceu esta terça-feira, 10 de dezembro, numa altura em que a indústria cinematográfica francesa está a ser abalada por várias alegações de abuso sexual.
Haenel, que participou no drama 'Retrato de uma Jovem em Chamas' em 2019 antes de abandonar o cinema, foi a primeira atriz a acusar esta indústria de ignorar os abusos sexuais recorrentes.
A procuradoria pediu cinco anos de prisão para Christophe Ruggia por ter agredido sexualmente a atriz e abriu a porta para que o resto da pena fosse cumprida em prisão domiciliária com pulseira eletrónica.
O caso de Adèle Haenel tornou-se público em 2019, quando esta acusou o realizador de a assediar constantemente desde os 12 anos, descrevendo "beijos forçados no pescoço" e "toques nas zonas genitais".
Além disso, Ruggia dirigiu o filme 'Les Diables', lançado em 2002, no qual Haenel era protagonista. A trama conta a história de uma relação incestuosa entre um rapaz e a sua irmã autista. O filme contém cenas sexuais entre crianças e primeiros planos do corpo nu de Haenel.
Durante a audiência de terça-feira, Ruggia alegou no tribunal que os seus comportamentos eram, na verdade, para tentar "proteger" a atriz das malícias da indústria cinematográfica. Logo após essa afirmação, Adèle Haenel levantou-se, bateu na mesa à sua frente e gritou: 'Cala-te!', antes de abandonar a sala do tribunal. Depois de se ausentar durante meia hora, a atriz voltou ao julgamento que é considerado histórico do movimento #MeToo.
A sentença será anunciada a 3 de fevereiro e o cineasta pode ser condenado a uma pena até 10 anos de prisão e uma multa de 150 mil euros.
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