Wiley Post e Harold Gatty ficaram para a história como os pilotos americanos que deram a volta ao mundo em 8 dias, 15 horas e 51 minutos. Mas o seu nome ainda hoje é citado também para ilustrar o primeiro relato de jet lag conhecido.

Aconteceu em 1931 e, desde então, os sintomas que Post e Gatt relataram são comuns a milhões de pessoas que viajam de avião, sobretudo se viajarem durante mais de sete horas.

Estes sintomas traduzem, «a alteração dos padrões de sono e de outros biorritmos circadianos (relógio biológico interno do organismo) provocada pela passagem por muitos fusos horários num curto período de tempo», refere o Centro de Investigação em Saúde Comunitária (CISCOS)

O que mudou então? Os dados que a ciência foi reunindo, ao longo de décadas, e que, segundo explica Richard Dawood, no livro «Saúde dos Viajantes» (Europa América), permite que hoje «os viajantes aéreos se adaptem a novos fusos horários três vezes mais depressa do que é possível pela ação única da natureza».

Ritmos circadianos

A nossa temperatura corporal, a fome, a secreção de hormonas e a necessidade de dormir obedecem a um relógio biológico, situado no cérebro, que todos os seres humanos possuem. É o chamado ritmo circadiano que regula estas atividades e que é «sincronizado com os ciclos diários de luz e de escuridão», explicam Sandra Aamodt e Sam Wang, na obra o «Cérebro, Manual do Utilizador» (Pergaminho).

Esse mecanismo interno obedece ao ciclo da luz do sol, desencadeando ao anoitecer a produção da hormona melatonina. Na prática, o jet lag ocorre «quando o nosso ritmo circadiano está num tempo diferente do ciclo dia/noite externo», esclarecem Sandra Aamodt e Sam Wang.

Adaptação natural

Se viajar através dos meridianos por vários fusos horários, o seu organismo conseguirá, de forma natural, adaptar-se «ao seu novo fuso horário local numa taxa de aproximadamente uma hora por dia», escreve Richard Dawood.

Assim, segundo este médico, se fizer uma viagem que implique uma diferença horária de nove horas e não puser em prática algumas estratrégias demorará cerca de nove dias a adaptar-se à hora local. Pelo menos, é o que defendem alguns especialistas.

Além disso, quando regressar ao seu ponto de partida, terá de contar com cerca de mais nove dias para voltar a sintonizar o seu relógio biológico. Geralmente, é mais difícil adaptarmo-nos às viagens de Este para Oeste, porque viajamos contra o ritmo do sol.

Condicionantes

Se se prepara para fazer uma longa viagem no sentido dos meridianos saiba que quanto maior for a diferença horária entre o ponto de partida e o de chegada mais intenso tenderá a ser o impacto do jet lag.

Aliados do jet lag são também os problemas ligados ao sono ou do aparelho gastrointestinal ou ainda o facto de se ser muito rigoroso com horários. Os sintomas, geralmente, fazem-se sentir quando estão em causa viagens com uma diferença de pelo menos quatro horas entre o local de partida e o destino.

Sintomas do jet lag

São várias as manifestações físicas e psicológicas deste problema:

1. Insónia

2. Mal-estar

3. Incapacidade de concentração

4.
Irritação

5. Apatia

6. Perturbações gastrointestinais

7. Perda
de apetite

8. Desorientação

9. Alterações da memória

10.
Cefaleias

11. Desidratação

12. Fadiga

Texto: Nazaré
Tocha