A relva é muitas vezes esquecida no que diz respeito ao importante papel que desempenha na qualidade de vida do nosso meio ambiente.

A relva possui capacidades e funções de extrema
importância na preservação do meio ambiente,
sobretudo nas cidades, onde a pressão ambiental é muito
maior.

A relva protege o solo dos fenómenos de erosão.

O efeito
quantitativo do arrastamento de terra em solo nu ou com
relva é inferior na relva entre 4 a 20 vezes. A relva filtra a água e fixa substâncias poluentes que
acabam por ser degradadas pelos micro-organismos que
vivem em torno da sua camada de manta morta, de folha e
raízes, evitando assim a poluição das águas subterrâneas.

O fumo e as poeiras fixam-se à superfície das folhas de
relva, através da água que estas condensam à sua superfície. Quando chove ou quando a relva é regada, estas
partículas são arrastadas para a camada filtrante da relva
onde são degradadas sem nunca voltarem à atmosfera ou
poluírem as águas subterrâneas. Os aeroportos arrelvam
as laterais das pistas de aterragem para prolongar a vida
dos motores dos aviões.

A relva atua como um regulador de temperatura.
A temperatura ao nível da superfície da relva num dia
quente é de menos 10º C que no asfalto e 4,5º C menos do
que num passeio de calçada.
Além disso, atua como um aparelho de ar condicionado,
diminuindo a temperatura ambiente. Estima-se que o efeito
de arrefecimento de 100m2 de relva pode libertar para
a atmosfera 10 mil litros de água por evaporação por ano,
o que corresponde a 70 toneladas de ar condicionado.

A relva atua como redutora da poluição sonora. Em
meio urbano, o barulho excessivo é um problema crescente
já que age sobre o sistema nervoso, aumentando os
níveis de stress e causando problemas nas artérias para
uma intensidade superior a 90 décibeis e uma frequência
a partir de 4.000 ciclos/segundo, valores muitas vezes
ultrapassados nas nossas grandes cidades. Os estudos
demonstram que a relva absorve os sons mais elevados
bem melhor do que as superfícies duras como o empedrado
o asfalto e o solo nu.

A relva contribui decisivamente para a melhoria da
qualidade do ar atmosférico, uma vez que 230 m2 de relva libertam
oxigénio suficiente para suportarem as necessidades de
uma família de quatro pessoas e absorvem em contrapartida
CO2 que polui a atmosfera.
Acrescente-se que esta possui ainda importantes qualidades que se
refletem diretamente na nossa qualidade de vida quer
física quer psicológica. Entre as mais importantes, são de
assinalar, nomeadamente a salubridade, o equilíbrio psicológico, o valor estético e o suporte seguro.

Veja na página seguinte: Salubridade, equilíbrio psicológico e valor estético

Salubridade

O efeito relaxante das atividades relacionadas
com a manutenção de um relvado funciona como uma
verdadeira terapia contra o stress da vida profissional.

Equilíbrio psicológico

Os parques e jardins aumentam a qualidade
de vida de uma população urbana já que proporciona
atividades de ar livre fundamentais na manutenção
do equilíbrio psicológico saudável, assim como tem um
efeito altamente positivo sobre os níveis de otimismo da
população.

Estudos feitos em hospitais demonstram que
pacientes em igualdade de circunstâncias recuperam
melhor se estiverem em enfermarias com vista para um
espaço relvado do que se tiverem vista para um pátio
acimentado.

Valor estético

O valor imobiliário de uma urbanização
aumenta se o espaço envolvente estiver relvado. A relva
põe em evidencia as árvores e os arbustos de um jardim,
valorizando o seu projeto.

Suporte seguro

A relva proporciona suporte seguro às
atividades lúdicas e desportivas pelo efeito amortecedor
que exerce sobre a marcha e a corrida diminuído o impacto
destas sobretudo sobre ao joelhos e tornozelos bem
como amortecendo o impato das quedas acidentais.
Neste sentido, é importante equacionar o importante
papel que a relva tem nas nossas vidas, sobretudo nas
cidades onde o seu papel na nossa ligação à natureza e
ao nosso planeta na sua essência é fundamental.

Quem
ainda não experimentou o que caminhar descalço num
relvado de um parque faz quer, pela nossa capacidade de
concentração quer pela diminuição dos nossos níveis de
stress, além do que nos refresca no verão, devia experimentar.
Afinal, os Jardins da Gulbenkian, a Alameda D. Afonso
Henriques, os do Campo Grande, o Jardim das Ondas, o
Parque do Tejo ou os internacionais Hyde Park ou Central
Park não seriam certamente os mesmos sem os seus
relvados.

Curiosidades

Sabia que um relvado em bom estado absorve seis vezes
mais chuva do que um campo de trigo de iguais
dimensões? E que um hectare de relvado produz mais oxigénio
por ano do que um hectare de floresta tropical? É verdade!

Texto: Ana Caldeira Cabral (engenheira agrónoma)