Um luto de partes minhas que foram magoadas, pouco honradas, por mim ou por outros. Um luto de despedidas que não tiveram lugar, um luto pela incompreensão do ego - que tanto nos pode atraiçoar.
As gerações mais recentes crescem, agora, em lares onde se começa a investir na parentalidade consciente, onde existe espaço para ouvir e dialogar com crianças, onde as suas emoções são tidas em consideração e, queremos acreditar, não são relegadas para 2.º plano.
Sejam as emoções das crianças, sejam as emoções dos respetivos educadores. O exemplo faz toda a diferença na aprendizagem. Concorda? Não podem existir dois pesos e duas medidas, são os educadores que podem e devem inspirar os seus filhos, uma experiência emocional bem vivida exige muito de todos, muito estado de presença consciente.
Há um longo caminho a percorrer, no que há saúde emocional diz respeito, e a maioria de nós tem extrema dificuldade em lidar com o leque de emoções que nos invade, e as razões são variadíssimas: não aprendeu, não foi incentivada em criança, foi julgada, foi humilhada, foi ignorada.
Note que posso estar a referir-me à tristeza como também à alegria, à inveja como à empatia.
Não têm de estar relacionadas entre si, mas podem coexistir em nós.
"As lágrimas são um rio que nos leva a algum lugar. O choro cria um rio em torno do barco que transporta a nossa vida espiritual.", refere a psicanalista jungiana e autora Clarissa Pinkola Estés.
Infelizmente, partilho da opinião de que crescemos num sistema que nos toldou - e tolda - à volta da performance, da competição, da urgência de ter e parecer.
Não sentimos, não nos encontramos, não partilhamos. O fosso é cada vez maior, e esta coabitação digital, por muitos benefícios que tenha (que tem!), está a afastar-nos do essencial.
É à volta de uma mesa, sendo que antes era à volta de uma fogueira, que nos juntamos para partilhar da vida, dar a saber de nós e escutar o outro. Para amparar a dor e celebrar a saúde.
Energeticamente a esfera digital fica aquém, muitas interferências, e a principal continuamos a ser nós. Perpetua-se a experiência do 'mais vale parecer ter, do que correr o risco de simplesmente ser'.
A título de tantos testemunhos que circulam, no âmbito do desgaste emocional que se faz sentir pelo país, e aos quais não sou indiferente, assumi um compromisso de doar 1h semanal, no decorrer de 2021, para atendimento Pro Bono, conheça aqui como se irá proceder.
Viver as emoções implica perspetiva, observar-se a si próprio fora da circunstância, reconhecer a origem. E se está com dificuldade em ganhar perspetiva, em tomar consciência, saiba que poderá contar comigo, agende a sua sessão.
Deixo ainda, como sugestão, que assista à série 'Deus Cérebro', dividida em quatro episódios, que conta com a participação dos neurocientistas António Damásio, Alcino Silva, Rui Costa e os neurologistas Alexandre Castro Caldas e Pedro Cabral.
Continuação de uma boa semana.
Quem acolher ser, será.
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