Algumas escolas privadas estão a oferecer cursos de pós-graduação em terapia sexual que não “cumprem os requisitos mínimos”, permitindo às pessoas exercer sem preparação, alertou a presidente da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica (SPSC).
“A verdade é que o sexo vende e algumas escolas privadas veem estas pós-graduções como comércio, como uma forma de lucro”, lamentou a presidente da SPSC, Ana Alexandre Carvalheira, lembrando que a SPSC é a única entidade portuguesa habilitada a acreditar terapeutas sexuais, que são reconhecidos pela Associação Mundial de Saúde Sexual e pela Federação Europeia de Sexologia.
Nos últimos anos, “começaram a surgir cursos que não cumprem os requisitos mínimos ou médios necessários para quem depois vai fazer clínica”, contou à Lusa a presidente da associação, que decidiu colocar no site da SPSC um comunicado alertando para a situação.
“As pessoas fazem clínica sem estarem devidamente preparados. E, tal como acontece com todos os cursos, os profissionais sem requisitos acabam por fazer um mau trabalho”, alertou a presidente, apontando a inexistência de um estágio clínico como uma das situações mais gravosas detetadas.
A presidente da sociedade lembra que “para se fazer sexologia clínica é preciso fazer um estágio”, tal como acontece nos cursos lecionados pela SPSC, que começam com uma formação de dois anos em sexologia clínica, seguida de um estágio supervisionado numa consulta de sexologia clínica e apresentação de uma monografia final.
A SPSC já realizou cinco cursos de Pós-Graduação em Sexologia Clínica, nos quais a prática clínica supervisionada é considerada uma "componente fundamental da formação implicando 12 meses de estágio e um total mínimo de 150 horas de prática clínica efetiva numa consulta de sexologia reconhecida".
Apesar de existirem pós-graduação sem qualidade, Ana Carvalheira lembra que a Comissão Científico-Pedagógica da SPSC também já reconheceu mestrados de terapeuta sexual e atribuiu títulos de terapeutas sexuais a profissionais que frequentaram a pós-graduação da Universidade Lusófona.
"A intervenção em sexologia clínica exige um conjunto de competências científico-profissionais e humanas e a Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica, pela sua responsabilidade social acrescida na formação nesta área, tudo fará para impedir a utilização abusiva do título de terapeuta sexual e prevenir as más práticas nesta área tão sensível que é a Saúde Sexual", lê-se na página oficial da SPSC.
Fonte: Lusa19 de Maio de 2011
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