O conceito é simples: cada grupo ou board da TAB pode ter até dez membros, de áreas de negócio não concorrenciais, que reúnem uma vez por mês e, com apoio de um facilitador, se ajudam mutuamente a traçar não só as suas metas, como a forma de as alcançar, aproveitando assim a experiência dos seus pares para o ajudar a palmilhar o seu próprio percurso. Cada empresário reúne também a sós com o facilitador uma vez por mês, para ter acompanhamento personalizado do seu desenvolvimento e caminho a percorrer.

Sem a possibilidade de ter um conselho de administração como as grandes empresas, onde as decisões são debatidas por especialistas e as responsabilidades partilhadas, muitos empresários estão sozinhos na hora de decidir o rumo dos seus negócios. O objetivo da TAB é o de recriar esses conselhos de administração, com outros empresários, criando um ambiente de entreajuda para que todos possam alcançar os seus objetivos estratégicos.

De que forma é que a TAB pode ajudar novos empreendedores em Portugal?

A principal função da TAB é incentivar os empreendedores e empresários a parar para pensar sobre os seus negócios, que é algo essencial, mas que achamos sempre que não temos tempo para fazer. Através das várias ferramentas da TAB e, especialmente, dos advisory boards, onde os nossos membros se sentam com outros empresários, incentivamos a que reflitam e passem a ter uma visão e um pensamento estratégico dos seus próprios negócios.

Qual é o vosso principal objetivo?

O nosso principal objetivo é mudar a forma como se gerem negócios em Portugal. Não se aprende na escola a ser empresário ou a ser empreendedor e o melhor professor é a experiência e o mundo real. A TAB reúne essas experiências e aprendizagens de outros empresários para que se possam ajudar mutuamente a crescer, garantindo que temos empresas mais estruturadas e estrategicamente fortes no nosso país.

Qual é a diferença da TAB para um serviço de coaching ou outro semelhante?

A TAB também dispõe de serviço de coaching e consultoria de negócios, mas o que nos distingue dos outros é que é um serviço muito mais próximo do mundo real. Os nossos boards são compostos por empresários e todos os facilitadores da TAB são também eles empresários. Não temos coaches profissionais com apenas o conhecimento académico, mas sim empresários que passaram pelas mesmas fases e dores de crescimento dos nossos membros e têm o saber prático para aplicar, apoiados por uma série de ferramentas e metodologias comprovadas por mais de 30 anos de experiência.

Quais são as principais características que um bom empreendedor deve ter?

Há duas características que na minha opinião são absolutamente essenciais, a resiliência e a vontade de crescer. A resiliência porque ser empresário é um caminho solitário, porque a família e amigos por mais que apoiem, nem sempre percebem o fardo que é ter uma empresa e os funcionários olharão sempre para o empresário como “o patrão” e não como um deles. Um empresário sente-se constantemente sozinho e incompreendido e é preciso ser forte para aguentar esta pressão.

A vontade de crescer, porque as empresas que estagnam, não sobrevivem. Um empresário tem de estar disposto a crescer, a aprender e a desenvolver-se, profissional e pessoalmente.

Nasce-se empreendedor ou o empreendedorismo constrói-se?

Ser empreender não é inato, mas há uma série de características que nos tornam mais aptos ou pelo menos mais disponíveis para nos tornarmos empreendedores. Isto não implica que pessoas com enorme potencial para se tornarem empreendedoras não vivam a trabalhar por conta de outrem e o contrário. Ser empreendedor constrói-se e o essencial é ter essa vontade, esse “bichinho”. A partir daí, é trabalho e isso está ao alcance de qualquer um.

Qual é o maior feito da TAB até ao momento?

O maior feito da TAB é existir há mais de 30 anos e continuar a produzir resultado, tendo ajudado mais de 25 mil empresários. Actualmente são mais de 12 mil empresários na TAB, 25% dos quais é membro há mais de 10 anos, o que prova que a TAB fez e continua a fazer a diferença para eles.

Qual é o balanço destes primeiros 6 meses da TAB em Portugal e quais as previsões para o futuro?

Os nossos primeiros meses superaram as expectativas. A par da Roménia, fomos o país europeu com um arranque mais rápido. Nenhum dos outros países conseguiu tantos membros e tantos boards num espaço de tempo tão curto, o que prova que é um serviço que fazia falta e no qual as pessoas acreditam.

O que é que "ganha" um empresário por ser membro da TAB?

Na TAB um empresário ganha uma rede de suporte, que passa a conhecer o seu negócio e que o ajuda a tomar decisões e aconselha quando necessário, composto por outros empresários que já passaram pelos mesmos ou por desafios semelhantes, podendo usar da sua experiência para ajudar. No fundo, passa a ter aquilo que as grandes empresas têm, um conselho de administração, alinhado com o seu sucesso.

Sente que já fez a diferença para algum dos seus membros?

Sim. Temos membros que já são empresários há mais de 16 anos e percebem agora que foi a primeira vez que pararam para pensar no seu próprio negócio e perceberam que podiam estar a rentabilizar melhor o seu tempo, a sua equipa e a sua comunicação. Temos membros com aumentos incríveis de faturação, simplesmente por terem mudado a forma como abordavam os potenciais clientes e outros que reestruturaram a empresa de modo a torná-la mais eficiente.

Aceitar feedback não é fácil, especialmente quando implica mudanças profundas, mas posso dar como exemplo um membro que ouviu atentamente não só as recomendações dos facilitadores, mas também as dos restantes membros e aumentou em 20 vezes a sua faturação nos últimos meses, o que prova que muitas vezes, só precisamos de parar para pensar.

Quais as principais dificuldades que encontra nas empresas em Portugal?

A principal dificuldade das empresas em Portugal é que ninguém é formado para ser empresário e aprende “a fazer”. Este processo, com tudo o que tem de bom, tem também vários perigos, sendo o principal a cristalização de erros que podiam ser facilmente corrigidos. Falta aos empresários portugueses a capacidade de parar e pensar no seu próprio negócio, refletir sobre os seus erros e perceber como podem capitalizar as suas forças, porque mesmo quando o negócio está a correr bem, há sempre coisas a afinar e a melhorar.