“As redes sociais trouxeram uma coisa ótima, que é a possibilidade de as pessoas se manterem em contacto, de forma mais simples e rápido, mesmo estando longe ou passado anos”, começa por dizer a psicóloga Catarina Lucas, do Centro Catarina Lucas Psicologia e Desenvolvimento. Se as redes sociais vieram trazer um impacto positivo à vida das pessoas, também tem o reverso da medalha.
“Acrescentou também um vazio, o que até pode parecer contraditório, pois a socialização e o contacto direto foi gradualmente substituído pelas conversas nas redes sociais. Isto faz com que, aparentemente estejamos rodeados de pessoas, quando na prática estamos sozinhos e fechados no nosso mundo”, explica a psicóloga.
O que acontece particularmente no caso dos jovens, onde se tem verificado mais dificuldades no relacionamento interpessoal e na socialização. Isto significa também que se estão a perder algumas competências.
“Nos jovens, é comum haver uma rede social com muitos “amigos”, mas na realidade é um jovem muitas vezes isolado. A própria abordagem àquele rapaz ou rapariga que o/a jovem acha interessante torna-se mais fácil por essa via e, muitas vezes, os jovens deixam de saber como o fazer numa situação real. Estas competências de socialização encontram-se muitas vezes diminuídas, sendo que, as interações via redes sociais acabam por reforçar a manutenção destes comportamentos de isolamento”, acrescenta Catarina Lucas.
A distância aqui tão perto
No entanto, as redes sociais também vieram permitir uma maior conexão entre as famílias, nomeadamente os avós. A distância encurta-se com as várias plataformas que nos permitem conversar, seja em texto ou vídeo, com aquele elemento da família que vive longe. Para a psicóloga, esta é uma das grandes vantagens das redes sociais. “Facilmente comunicamos estando a milhares de quilómetros de distância. Sem dúvida, a tecnologia tem este aspeto muito positivo”. Mas faz um alerta: “é importante que não se dispensem as interligações diretas e presenciais, sempre que possível”.
Há, de facto, uma alteração na forma como nos relacionamos hoje em dia. Tudo é mais rápido e fácil. Basta um clique e estamos ligados ao mundo.
Nas relações interpessoais houve mudanças desde que estamos à distância de um clique como forma de comunicarmos com os outros. “Há, de facto, uma alteração na forma como nos relacionamos hoje em dia. Tudo é mais rápido e fácil. Basta um clique e estamos ligados ao mundo. Basta um segundo e estamos conectados ao outro. E a verdade é que não podemos fugir à tecnologia e a este novo modo de comunicar, pois ele veio para ficar e é também conveniente que nos ajustemos a ele, até porque nos pode trazer benefícios. As redes sociais têm um papel ativo até em termos profissionais, sendo um recurso importante na forma como as empresas se relacionam e comunicam com os seus clientes”.
Pode igualmente ter um efeito negativo quando induz nas pessoas um sentimento de inferioridade, motivado pela comparação que é feita entre aquilo que cada um tem e aquilo que é observado nas redes sociais.
O impacto na saúde mental
Por outro lado, e tendo em conta que passamos muitas horas por dia na internet, seja por motivos de trabalho ou pessoais, as redes sociais vieram levantar algumas questões quanto ao seu impacto na nossa saúde mental.
Para Catarina Lucas, há um lado positivo no sentido que nos permite estar mais próximos e conectados com as pessoas que nos são mais queridas, “mas pode igualmente ter um efeito negativo quando induz nas pessoas um sentimento de inferioridade, motivado pela comparação que é feita entre aquilo que cada um tem e aquilo que é observado nas redes sociais".
Será que as redes sociais podem causar mais stress do que propriamente aliviar as tensões do dia a dia? “Podem causar mais stress e agravar quadros depressivos. A imagem que vemos nas redes sociais é sempre de alegria, festas, férias, entre outros. É um mundo que não corresponde à realidade, pois no mundo real os problemas existem, não estamos sempre bonitos e arranjados, discutimos".
"Para quem se sente só, tem problemas de auto estima ou até depressão, as redes sociais podem ser um fator de agravamento de sintomas. Surge também a pressão para se ser como as pessoas que lá se observam, para vestir de igual modo ou fazer umas férias parecidas. É preciso cuidado e bom senso na utilização das redes sociais”, conclui a psicóloga.
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