As lipoaspirações são as cirurgias plásticas que mais se fazem em Portugal, seguidas das intervenções para aumentar os seios, disse Vítor Santos Fernandes, presidente do Colégio de Cirurgia Plástica da Ordem dos Médicos, à agência Lusa. Embora as mulheres representam a esmagadora maioria dos clientes dos cirurgiões, homens já totalizam cerca de 20 por cento dos casos. Segundo o cirurgião, a opção das mulheres acontece porque «isso corresponde à tendência para as coxas largas e barriga grande das mulheres portuguesas». Quando aos homens, as rinoplastias lideram as cirurgias estéticas realizadas.
O cirurgião considera que os portugueses que recorrem à cirurgia plástica são, de uma forma geral, sensatos e costumam ouvir os conselhos dos médicos. No entanto, este médico recusa anualmente operar alguns doentes, quando conclui que a intervenção não trará qualquer benefício ou porque a pessoa se encontra desequilibrada. «Há aborrecimentos que dinheiro no mundo paga. E, quando uma pessoa me pergunta o que eu acho que ela deveria mudar ou do que é que precisa, eu recuso a operação. Quando uma pessoa não está equilibrada, não devemos avançar para a intervenção», explicou à Lusa.
No entanto, disse, não há grandes limites para a realização de cirurgias estéticas, nem quanto à idade dos pacientes, nem em relação à quantidade de intervenções. Mas Santos Fernandes reconhece que «não é muito simpático fazer cirurgia estética a pessoas muito jovens», uma vez que ainda não foi atingido um grau de maturidade suficiente. «Para operar uma adolescente tenho de estar intimamente convencido de que é adequado», sustentou.
O especialista esclareceu ainda que também não há qualquer limite definido para o número de cirurgias estéticas a que uma pessoa pode submeter-se. «Clinicamente não há um limite. Apenas depende do estado de saúde de cada pessoas, mas antes de cirurgiões somos médicos e avaliamos essa questão. Convém é que as pessoas tenham bom-senso e sentido estético».
Quanto aos perigos que poderão existir neste tipo de cirurgias, Vítor Santos Fernandes lembrou que no ramo da cirurgia há sempre um grau de risco, acrescentando que são operações complexas, embora com procedimentos muito testados e feitas habitualmente em pessoas saudáveis. Segundo o cirurgião, a maioria dos casos de complicações graves em Portugal surge, segundo o médico, em clínicas de bairro ou consultórios que «não têm as condições mínimas para funcionar». «Há muitos a funcionar sem licenciamento, mas a inspecção não actua», declarou. «Alguém que é licenciado em medicina e em cirurgia pode fazer o que quiser, mas ética e deontologicamente não deve fazer estética. Eu também não opero estômagos, porque não o sei fazer. Há médicos que não são cirurgiões plásticos», alertou Santos Fernandes.
Fonte: Lusa
SSD
15 de Fevereiro de 2008
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