O mais recente engenheiro civil do país chama-se Ihssan Khalifeh, tem 25 anos e, como sempre quis, tem à sua frente toda a vida para projetar e construir. O trabalho que nos últimos 8 meses realizou para a Mota-Engil no planeamento e gestão das obras de alargamento da autoestrada A1, em Gaia, valeu-lhe já um convite para continuar ao serviço da empresa.
Recebido na UA no âmbito da Plataforma Global de Assistência Académica de Emergência a Estudantes Sírios, uma iniciativa do ex-Presidente da República Jorge Sampaio que já trouxe para a academia de Aveiro sete jovens refugiados sírios, Ihssan Khalifeh estudava Engenharia Civil na Yarmouk Private University, em Damasco.
As primeiras bombas soaram quando o estudante terminou a licenciatura. Na capital síria deixou a família para se refugiar na Jordânia, em Amman, onde esteve 8 meses sem estudar. O sonho de ser um dia engenheiro civil parecia adiado até ter conhecimento da iniciativa de Jorge Sampaio. Inscreveu-se e foi aceite. Desembarcou em Portugal com o objetivo de estudar no Mestrado Integrado em Engenharia Civil da UA.
“Quero o tirar o meu mestrado para adquirir a experiência necessária para regressar depois da guerra civil acabar – o que espero que aconteça o mais rapidamente possível - e fazer parte do processo de reabilitação do meu país”, afirmava em março de 2014, altura em que desembarcou em Aveiro, explica a UA em comunicado.
Da UA para a Mota-Engil
“Quando cheguei a Portugal as aulas no DECivil já tinham começado e precisava de me adaptar rapidamente à nova vida universitária e à língua portuguesa”, lembra Ihssan Khalifeh. Na UA, reconhece, recebeu “um apoio enorme, não só dos docentes, mas também da maioria dos colegas do departamento que o ajudaram a adaptar-se “bem e o mais rapidamente possível”.
Depois de ter concluído as unidades curriculares, candidatou-se a um estágio curricular na Mota-Engil, proposta que a empresa acolheu há 8 meses de braços abertos. De lá para cá, esteve envolvido nas obras de alargamento, de duas para três vias de trânsito, do troço Carvalhos/Santo Ovídeo, em Gaia, da autoestrada do Norte.
10 percursos de vida que inspiram o mundo
Durante o estágio, especifica Agostinho Benta, o professor do DECivil que, juntamente com José Balsas, engenheiro da Mota-Engil, o orientou nesta fase, Ihssan Khalifeh “acompanhou as atividades diárias de planeamento e gestão de obra, em particular a construção dos pavimentos e os respetivos processos de formulação, fabrico, aplicação e controlo de qualidade das camadas betuminosas”. Estas atividades, aponta o docente, “envolveram o estudante em estudos de preparação em gabinete, trabalhos laboratoriais e acompanhamento da execução na frente de obra”.
Atualmente, quase um ano depois de ter chegado à Mota-Engil, Ihssan Khalifeh está a trabalhar no departamento de produção e é um dos adjuntos do diretor da obra.
Para amanhã, um dia depois de se ter tornado engenheiro civil, o plano inicial que o levou para a Mota-Engil continua intacto: “Continuar a aumentar a minha experiência na área da gestão da construção e, obviamente, numa das melhores empresas do país”.
Facilidade na integração
Desde o seu ingresso no DECivil, aponta Ana Velosa, diretora do Mestrado Integrado em Engenharia Civil, “o estudante Ihssan Kalifeh trilhou um percurso no qual se salienta a sua participação ativa nas aulas e atividades académicas, assim como a sua facilidade de integração num novo meio”.
Tendo tido o “privilégio” de acompanhar este percurso, a docente salienta “a simpatia e boa disposição que sempre fizeram parte das conversas” entre os dois. “Não posso deixar de me lembrar da primeira vez que tivemos uma conversa inteiramente em português, sem que eu estivesse minimamente preparada para o excelente domínio da língua por parte do Ihssan. Foi uma surpresa”, lembra.
O “enorme empenhamento e determinação de Ihssan Kalifeh aliados ao gosto pelo trabalho na área de Engenharia Civil”, antevê Ana Velosa, “vai-se traduzir com certeza num desempenho profissional de qualidade nesta área”.
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