HN – Com que objetivo avançaram para mais uma Conferência Nacional de Engenharia Biomédica?

Renata Fernandes (RF) – A primeira edição da Conferência Nacional de Engenharia Biomédica sucedeu há dois anos, em 2022. Este evento é bianual e tem como principal objetivo uma análise e discussão coletiva de assuntos relativos ao ensino da Engenharia Biomédica e à sua promoção atual e futura no contexto da saúde. Decidimos avançar com mais uma edição desta conferência porque teve bastante sucesso na primeira. Foi realizada na Ordem dos Engenheiros, no Porto, e agora, para mudarmos a localização e tentar abranger o maior número de estudantes, viemos para uma zona mais central. Será, então, realizada em Lisboa, novamente na Ordem dos Engenheiros.

HN – Quem gostaria de convidar?

RF – A conferência é dirigida a todos os estudantes de Engenharia Biomédica. Qualquer um, de qualquer um dos anos ou faixa etária, irá estar bem enquadrado no tema. No entanto, temos sessões mais direcionadas para os estudantes que ainda estão a frequentar a licenciatura. Queremos que eles conheçam os mestrados que existem, as diferentes possibilidades nas várias instituições de ensino superior. No entanto, também temos as outras sessões, ditas round tables, que conseguem abranger um público mais abrangente. Qualquer pessoa irá enquadrar-se nessas sessões.

HN – Quais são os temas em destaque?

RF – Uma das grandes round tables que iremos ter, e estamos enquadrados num sítio muito propício para a concretizar, é a das perspetivas da Engenharia Biomédica em Portugal: onde estamos e para onde vamos. Atualmente, estamos em processo de criação do Colégio da Especialidade de Engenharia Biomédica na Ordem dos Engenheiros. Vai ser um grande passo, e já está a ser, no avanço do curso e da profissão do engenheiro biomédico. Acho mesmo que esta round table vai ser muito importante porque vamos estar precisamente na Ordem dos Engenheiros e vamos poder abordar este tema e, principalmente, duas das pessoas que vão estar nesta sessão estão muito por dentro deste processo todo que está a decorrer na Ordem dos Engenheiros e podem atualizar os estudantes deste processo, e também vamos ter coordenadores de curso para darem uma perspetiva do ensino.

Depois, temos a round table da saúde 2.0: o amanhã. A Engenharia Biomédica está sempre muito presente na área hospitalar, e acho que é uma vertente que cada vez está a crescer mais. Com estes avanços na Ordem dos Engenheiros para os profissionais de Engenharia Biomédica e esses estatutos, acho que também é muito importante dar grande ênfase à parte hospitalar. Além disso, também temos sempre um climbing the ladder: como progredir na carreira. Essa round table também é mais direcionada para os estudantes, para eles perceberem como é que as pessoas que já estão bem posicionadas no mercado conseguiram chegar lá; percursos inspiradores para os estudantes ganharem força para este novo ano letivo. Eles ficam sempre muito interessados neste tema. Temos nomes bastante marcantes, como o Carlos Guimarães, que entrou agora na Forbes 3Under 30. E, por último, temos também a round table de inovações em Engenharia Biomédica: empresas na vanguarda. Vamos ter representantes de grandes empresas da área: a Siemens, a UpHill e a GE HealthCare, para dar essa perspetiva aos estudantes e eles começarem a ter mais contacto com empresas, que não é algo tão comum em contexto universitário; para ajudar os estudantes a aproximarem-se do contexto empresarial. Teremos depois uma sessão de networking com empresas e, também, aquela sessão de speed darting de que falei há pouco com diferentes alumni dos cursos de Engenharia Biomédica das várias instituições de ensino superior, para dar uma perspetiva aos estudantes dos vários mestrados que existem no país.

HN – O que é que será diferente nesta edição?

RF – Nesta edição, o que se vai mesmo destacar mais é este processo da criação do Colégio de Engenharia Biomédica na Ordem dos Engenheiros, porque é um momento bastante marcante para todos os estudantes e profissionais de Engenharia Biomédica. Iremos ter a oportunidade de ouvir o senhor bastonário da Ordem dos Engenheiros na sessão de encerramento. O senhor bastonário da Ordem dos Engenheiros conseguirá transmitir aos estudantes o que é a Ordem e falar deste processo todo. Acho mesmo que isto irá proporcionar aos estudantes uma maior proximidade com a Ordem dos Engenheiros.

HN – Quais são os principais desafios da ANEEB e do mundo académico na Engenharia Biomédica?

RF – Os maiores desafios da ANEEB já vêm quase desde a génese da associação, que é mesmo esta luta constante para uma maior proximidade com a Ordem dos Engenheiros, porque sentíamos que não tínhamos a representatividade que deveríamos ter dentro da Ordem dos Engenheiros. A ANEEB sempre tentou este contacto com a Ordem e fazer ver a mais-valia da criação deste colégio. Nem sempre foi fácil este contacto com a Ordem dos Engenheiros, mas termos conseguido este início, esta aprovação da criação do colégio, já foi um grande passo. Neste momento, estamos num processo muito burocrático. O maior desafio, neste momento, é mesmo estar a par do que está a acontecer, porque tem sido um processo bastante demorado, não por razões específicas da Ordem dos Engenheiros porque eles neste momento estão a fazer os possíveis e os impossíveis, mas como é um processo muito burocrático, acaba por ser muito demorado e os estudantes nem têm grande feedback. O que nós gostaríamos era de dar mais feedback aos estudantes de como é que está a decorrer o processo, mas também não conseguimos receber esse feedback. Por exemplo, tivemos uma reunião no início deste mandato, em novembro do ano passado, com o senhor bastonário, e conseguimos ter mais insights, mas, até ao momento, não conseguimos obter mais informações relativamente a isto. Isto é a maior luta dentro da ANEEB. E, depois, relativamente a desafios a nível académico, é a passagem para o mercado de trabalho, porque o curso de Engenharia Biomédica é muito versátil, dá para exercer funções em diversas áreas, e as pessoas do curso acabam por se dispersar muito, e não há um estatuto que diga quais é que são as principais funções de um engenheiro biomédico. Daí também a importância de juntar à Ordem o mundo académico e o mundo empresarial. Esse trio é fundamental para conseguir avançar com a profissão do engenheiro biomédico, porque também é uma profissão muito recente, é um curso muito recente, mas que precisa mesmo deste avanço para se conseguir ampliar; para conseguir dar maior visibilidade aos engenheiros biomédicos.

HN/RA