O eterno “até que a morte nos separe” tem assumido ao longo do tempo muitos sentidos. O mais recente é “até que haja alguma dúvida”, uma posição assumida por muitos casais que já não consideram o casamento, e muito menos, o amor, algo eterno.

Luís e Teodora Matos são casados há 35 anos e refutam estes modernismos: “Quando olhámos um para o outro sabíamos que era para sempre e assim tem sido desde então”. Pais de três filhos têm uma vida cheia para contar e uma outra para viver da qual não querem abdicar: ”Vieram os netinhos e com eles muitas alegrias. Adaptámos as nossas vidas, mas não deixámos de olhar um para o outro e… um pelo outro”. Este talvez seja o segredo romântico deste casal: continuarem a olhar um para o outro e um pelo outro.

A socióloga Carolina Dias esclarece o assunto: “Primeiro o conceito. O que é o amor eterno? É vivermos uma paixão intensa todos os dias ou é um mar sereno de companheirismo e dedicação? A sua subjetividade repercute-se nas expetativas que cada um tem do seu relacionamento. Imagine quando o casal tem conceitos diferentes…a rutura é inevitável. É isso ou a infelicidade eterna e hoje em dia já ninguém se prende por causa de um anel ou de uma tradição”.

Então, será que o amor eterno é uma utopia? Ana e Lourenço, a atravessar o seu sétimo aniversário de união de facto, defendem-se: “Parece uma ideia antiquada, mas se não acreditássemos na eternidade do amor, nunca faríamos projetos juntos. Estaríamos sempre na expetativa de que o amor iria acabar um dia e que não vale a pena investir numa casa, num carro, em filhos…”

A especialista em sociologia explica: “Até um determinado momento todos acreditamos que o amor pode ser eterno. Ou seja, quando nos apaixonamos, em qualquer idade, pensamos que aquele é o amor da nossa vida. Mas ao longo dos tempos, a vida vai-nos mostrando que pode ser ou não. E muitas vezes ele, o amor, acaba, de forma tão natural que ninguém sai ferido da relação”.