Essas conclusões são o resultado de uma combinação de dados recolhidos por milhares de cidades, explicou à imprensa Sophie Gumy, do Departamento de Meio Ambiente, Alterações Climáticas e Saúde da OMS.
Num relatório, a OMS indica que um número recorde de mais de 6.000 áreas urbanas em 117 países é agora monitorizado em termos de qualidade do ar. Isso representa "cerca de 80% da população urbana do mundo", segundo Gumy.
No entanto, esses habitantes respiram níveis perigosos de partículas finas e dióxido de nitrogénio, e os mais expostos são as populações que vivem em países de baixo e médi0 rendimento.
"Tendo sobrevivido a uma pandemia, é inaceitável continuar com 7 milhões de mortes evitáveis e perder incontáveis anos de boa saúde devido à poluição do ar", lamenta a Maria Neira, diretora do Departamento de Meio Ambiente da OMS.
"Há mais investimentos dedicados a um ambiente poluído do que a um ambiente de ar limpo e saudável", assegura Neira.
A maioria das medidas referidas no relatório foram tomadas entre 2010 e 2019, antes da pandemia de covid-19, que teve impacto nos transportes e em vários setores económicos e industriais poluentes.
Para a OMS, as conclusões do relatório revelam a importância de reduzir o uso de combustíveis fósseis e a adoção de outras medidas concretas para reduzir os níveis de poluição do ar.
Partículas
"As preocupações atuais com a energia destacam a importância de acelerar a transição para sistemas de energia mais limpos e saudáveis", ressalta Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em comunicado.
"Os preços crescentes dos combustíveis fósseis, a segurança energética e a urgência de enfrentar os dois desafios de saúde - poluição do ar e alterações climáticas - ressaltam a necessidade urgente de fazer progressos mais rápidos em direção a um mundo muito menos dependente de combustíveis fósseis", indica.
Dados atualizados do Banco de Dados de Qualidade do Ar da OMS apresentam pela primeira vez medições terrestres das concentrações médias anuais de dióxido de nitrogénio (NO2), um poluente urbano comum.
Cerca de 4.000 locais em 74 países recolhem dados sobre o dióxido de nitrogénio no solo. Apenas um quarto dos habitantes desses locais respiram concentrações médias anuais de dióxido de nitrogénio de acordo com as diretrizes da OMS.
O dióxido de nitrogénio está associado a doenças respiratórias, principalmente asma, e gera sintomas respiratórios (como tosse, falta de ar, etc.) que podem levar a internamentos.
Nos 117 países que controlam a qualidade do ar, a OMS constata que a qualidade do ar de 17% das cidades de alto rendimento está abaixo das diretrizes da OMS.
Em países de baixo rendimento, a qualidade do ar em menos de 1% das cidades atende aos limites recomendados pela OMS.
As partículas são capazes de penetrar profundamente nos pulmões e na circulação sanguínea, causando problemas cardiovasculares, cerebrovasculares e respiratórios.
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