A poluição do ar vai aumentar o risco de desenvolver demência, alerta um relatório de um grupo de investigadores do governo britânico.

O Comité sobre os Efeitos Clínicos dos Poluentes do Ar publicou as suas descobertas após rever quase 70 estudos que analisaram como a exposição às emissões afeta o cérebro ao longo do tempo.

O relatório de 291 páginas conclui que a poluição do ar aumentará o risco de "declínio cognitivo" acelerado e de "desenvolvimento de demência" em idosos. Os specialistas acreditam que isso se deve ao impacto dos poluentes que entram no sistema circulatório, afetando o fluxo sanguíneo para o cérebro.

"As evidências epidemiológicas relatam de forma bastante consistente associações entre exposição crónica à poluição do ar e redução da cognição global e prejuízo nas habilidades visuoespaciais, bem como declínio cognitivo e aumento do risco de demência", lê-se no estudo citado pelo jornal The Guardian.

"Os resultados são heterogéneos em relação a outros domínios cognitivos, como função executiva, atenção, memória, linguagem e comprometimento cognitivo leve. Os estudos de neuroimagem identificados relatam consistentemente associações entre exposição à poluição do ar e atrofia da substância branca", refere a análise.

Cerca de 10% dos cancros da Europa estão ligados à poluição

Os efeitos decorrentes da poluição na saúde humana são parcialmente conhecidos há vários anos. Também cerca de 10% dos cancros na Europa estão ligados à poluição, nas suas diversas formas, e eram evitáveis na maioria dos casos, informou no mês passado a Agência Europeia do Ambiente (AEA).

“A exposição à poluição do ar, ao tabagismo passivo, aos raios ultravioletas, ao amianto, a alguns produtos químicos e a outros poluentes estão na origem de mais de 10% dos casos de cancro na Europa”, especificou a organização, em comunicado.

Este número pode contudo diminuir de forma drástica se as políticas existentes forem objeto de uma atualização rigorosa, nomeadamente na luta contra a poluição, segundo a organização.

“Todos os riscos cancerígenos ambientais e profissionais podem ser reduzidos”, afirmou Gerardo Sanchez, um perito da AEA, sobre o documento, o primeiro da agência sobre a relação entre cancro e ambiente.

Na UE, todos os anos 2,7 milhões de pessoas são diagnosticadas com um cancro, das 1,3 milhões morrem. A Europa, que representa cerca de 10% da população mundial, tem 23% dos novos casos e 20% das mortes.

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