“Nasci nisto. Não me imagino a fazer outra coisa”, desabafa a directora de marketing da Endotécnica, empresa também fundada pelo pai e que um dia, está consciente, lhe virá parar às mãos.
Para esta executiva, que se considera uma ambiciosa saudável, felicidade é passar bons momentos com quem ama a saborear as coisas simples da vida.
O que faz concretamente na Endotécnica, empresa de material cirúrgico hospitalar?
Sou responsável pelo Departamento de Marketing há dois anos, cabendo-me a elaboração de estratégias para o lançamento de novos produtos, nomeadamente, tudo o que está ligado à comunicação e formação do produto.
Também organiza congressos?
Nacionais e internacionais. Aí sou responsável pelo tratamento da imagem dos produtos que pretendemos dar mais destaque, quer da cirurgia geral quer da gastroenterelogia, as duas áreas que a companhia representa. Somos representantes de diversas marcas em ambas as áreas, mas não existe nenhum padrão de imagem estabelecido para o nosso País porque a empresa não é uma multinacional e somos nós que temos de elaborar essa estratégia de raiz.
O fabricante faz o quê?
Envia-nos uma matéria básica, só para termos conhecimento do produto, e se não houver tempo para formações, tenho de estudar para a seguir passar a informação cá para fora através de imagem e mensagem.
Viaja muito?
Muitíssimo. A minha carreira tem uma vertente internacional muito forte, quer europeia quer americana. Isto porque nos pedem ajuda para o lançamento de novos produtos, tudo graças à nossa experiência profissional de dezenas de anos no mercado. No estrangeiro o que acontece é que eles confiam em nós.
Acaba por ter uma experiência nesta área muito superior ao tempo de trabalho?
Desde criança que acompanho o meu pai. Foi sempre uma inspiração para mim. Tanto na área do Marketing como na área das empresas farmacêuticas, tenho sempre acompanhado este mundo. A referência que as empresas têm, é que a minha escola é a mesma do meu pai.
Começou a ir aos congressos com o seu pai a partir de que idade?
A partir dos 16 anos ia com o meu pai a congressos e a jornadas médicas. Tive sempre muita curiosidade e o meu pai levava-me para eu perceber como é que as coisas funcionavam no estrangeiro.
Este meio fascinava-a?
Muito. Acho que já nasci a comunicar. Acho que a primeira palavra que disse foi Marketing. Mas, de facto, temos uma cotação no mercado internacional muito positiva, não só em termos de vendas mas da nossa formação.
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A Endotécnica é uma empresa portuguesa?
É exclusivamente portuguesa e o meu pai, que está ligado a este mercado há mais de 30 anos, é um dos fundadores. Temos a sede em Lisboa, em Linda-a-Velha, uma delegação no Porto e outra no Centro, e empregamos 30 pessoas.
A equipa já trabalha junta há muitos anos?
As pessoas que trabalham connosco na área comercial já estão com o meu pai e os respectivos sócios, há mais de 20 anos. A escola da equipa é a mesma e isso é uma mais-valia lá para fora, daí confiarem tanto em nós.
É a equipa da Endotécnica que é chamada pelos fabricantes dos equipamentos a promoverem-nos lá fora?
E muitas vezes a testar os próprios equipamentos. É muito gratificante, porque passa por nós quase a última palavra sobre a funcionalidade do equipamento.
Representam maioritariamente equipamentos de que países?
Essencialmente Estados Unidos e Israel, mas também França e China.
As suas deslocações são mensais?
Depende dos anos. Há alturas em que estou um semestre a viajar, e outras em que saio de dois em dois meses. Só há uma altura em que saio sempre que é no último quadrimestre do ano: são viagens seguidas sempre obrigatórias para lançamento de novos produtos e congressos.
Essas reuniões servem para lançar os produtos que vão surgir no mercado no início de cada ano?
Tudo o que é lançado no ano seguinte é apresentado um ano antes para recolher informação e ver o produto a funcionar ou testá-lo muitas vezes. Estamos a falar de produtos que têm anos de investigação.
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Veio trabalhar para a empresa do seu pai assim que acabou a faculdade?
Sim, logo depois. E mesmo que não houvesse a possibilidade de trabalhar na Endotécnica, seria sempre nesta área de Marketing que gostaria de trabalhar. Isso é inquestionável.
O gosto pelo Marketing também tem a ver com o prazer de comunicar?
Às vezes vejo isto como uma arte. Porque o que é mais importante no Marketing é criar necessidades. Para mim a palavra “criar” é a que se encaixa melhor naquilo que eu faço.
A carreira profissional está a obrigá-la a adiar a maternidade?
Há seis anos. Estamos sempre à espera da melhor altura, e tenho adiado sempre em prol da carreira profissional.
Trabalha quantas horas por dia?
Normalmente mais de dez horas por dia.
Qual é o seu hobby?
Para além do cinema, teatro, e a leitura, faço teatro amador e jogo ténis.
Joga com o seu pai?
Jogo desde pequenina. O meu pai, que é presidente do CIF, entusiasmou-me a mim e ao meu irmão a jogar.
Nas férias prefere ficar em Portugal a descansar ou viaja também?
Depende. Sempre que posso, viajo, de preferência no Inverno. No Verão gosto de descansar cá.
Qual é o seu destino de sonho?
Austrália e Nova Zelândia.
Um sonho?
O maior é conseguir manter o meu casamento até ao fim dos meus dias! O meu sonho é não acabar sozinha…
É ambiciosa?
Sou muito. Mas uma ambiciosa saudável.
Tem consciência que um dia esta empresa lhe pode vir parar às mãos?
Tenho. É assustador mas tenho. Ao longo destes anos tenho vindo a preparar-me para isso.
A felicidade é o quê?
É podermos ter bons momentos com quem temos ao lado, é ter família e ter tempo de saborear as coisas simples da vida.
Texto: Palmira Correia
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