Rosário Pinto Correia, a mais velha das irmãs Pinto Correia, licenciou-se em Economia pela Universidade Católica e fez posteriormente o MBA na Universidade Nova, mas é na Católica que continua a dar aulas de Gestão. Já lá vão 35 anos. Tudo nela é dinamismo, entusiasmo e paixão. Sem isso nada na vida vale a pena!


O seu trabalho tem sido sempre a gestão de empresas?
A gestão foi acontecendo na minha vida gradualmente. Comecei por fazer gestão de produto nos Correios, depois fui para uma agência de publicidade como account executive, diretor de contas, e, depois, de um núcleo de clientes, a seguir diretora-geral de uma agência, e depois nunca mais parei de gerir...

Percebe-se que está muito empenhada na Topázio. Está sempre apaixonada por tudo o que faz?
Gosto de fazer acontecer. E só se consegue fazer acontecer se a pessoa se envolver com paixão. Fazer acontecer sem alma, não faz sentido. De facto, entrego-me sempre. Às vezes até demais! Mas acho sempre que temos de agarrar nos desafios, motivas as pessoas, centrar as cabeças, fazê-las crescer e mandá-las para a frente.

É isso que está a acontecer na fábrica Topázio, no Porto?
Quando as pessoas percebem que se podem fazer as coisas de formas diferente, e vender pratas de uma maneira diferente, tudo muda. Acordar equipas é o meu maior prazer.

Está neste projeto há quanto tempo?
Fui convidada para o desenvolvimento da Topázio há meia dúzia de meses e estou entusiasmadíssima. O desafio é enorme e o mundo da prata é realmente muito bonito.

É a primeira vez que trabalha um produto?
É verdade. Sempre trabalhei em serviços, nomeadamente publicidade, telecomunicações, numa escola de hotelaria, na Universidade Católica e, de repente, tenho um objecto na mão... e isso é muito engraçado.

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O que mudou na sua vida desde que passou a deslocar-se à fábrica e à sede da Topázio, no Porto, todas as semanas?
Pela primeira vez na minha vida não tenho tempo o que me está a custar... Mas compensa. Sobretudo porque estou a fazer um esforço para fazer acordar uma coisa que estava adormecida, e isso dá-me um gozo enorme.

Esta empresa é a mais antiga com esta atividade em Portugal?
Tem cerca de 150 anos e um know how brutal que não se pode perder. Para além de ser a mais antiga, é a maior empresa de pratas em Portugal.

Já equacionou a possibilidade de se mudar para o Porto?
Está fora de questão. Tenho a minha vida em Lisboa, a minha mãe, a minha família e a Universidade Católica, onde dou aulas há 35 anos. Para além disso, muito do trabalho da Topázio tem de ser feito em Lisboa, e esta minha bipolaridade é muito conveniente.

Acaba por ser útil para a empresa esta ponte entre Lisboa e o Porto?
Em termos de negócio, faz todo o sentido. O único senão é ser muito cansativo.

Já trabalhou em Macau, já esteva na Madeira e agora trabalha no Porto. Gosta de mudar?
Gosto sobretudo de desafios e de fazer coisas novas. E também gosto de conhecer sítios novos e pessoas novas e de lidar com realidades diferentes.

Para além da sua intensa carreira profissional tem duas filhas com que idades?
Uma fez ontem 26 e a outra faz hoje 23 anos. A mais velha é hospedeira da TAP, e a outra está a estudar gestão fora de Portugal. Esteve na Suíça, depois em Copenhaga e agora está em Buenos Aires. Tenho uma relação fantástica com as minhas filhas!

Quais são as suas expectativas em relação ao seu novo trabalho?
O meu sonho é que um dia o patrão da Christofle acorde nervoso e pergunte: “quem são esses senhores da Topázio”?

Já deu o primeiro passo: acordou a empresa!
Isso já aconteceu e, a seguir, queremos aumentar o volume de produção da fábrica. Estamos com a fábrica a 50 por cento.

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Quantas pessoas trabalham na empresa?
Cerca de 85, embora a fábrica tenha de capacidade instalada duas vezes maior. Daí o objetivo seja duplicar o que estamos a produzir.

Para a exportação?
Sim. O mercado nacional tem estado a cair e nós estamos a tentar abrir outros canais. Queremos muito que a decoração, quer seja arquitetura de interiores, projetos de decoração ou lojas usem mais a nossa prata e banho de prata. E estamos a tentar que as pessoas percebam que a prata não é para estar fechada nos armários. Um faqueiro de prata ou de casquinha, se for usado todos os dias, não escurece!

A prata portuguesa é especial?
Sempre foi famosa no mundo. Se as peças dos séculos XVI e XVIII são valiosíssimas nos leilões, porque razão as do século XXI não hão de ser também valiosas no dia a dia das pessoas? É essa a nossa ambição.

Quando tem tempo livre o que a distrai?
Estar com as minhas filhas, cozinhar, viajar, andar a pé, e estar quieta sem fazer nada... e fazer ski! Mas também gosto, embora não o faça há muito tempo, de dançar, montar a cavalo, entrar em competições de automóveis, mergulho...

Quando diz cozinhar, é para os amigos?
Descontrai-me tanto cozinhar que até o faço para mim sozinha. Assim como planear viagens.

A família é muito importante?
Nós somos quatro irmãs e a família é tão importante que nem falo nela. Mas é absolutamente imprescindível para viver. Sem ela nada faz sentido.

 

Texto: Palmira Correia