Depois de escrever para pais e professores, a jornalista cria aventuras para os mais novos.

A Escola Ideal, um livro para aconselhar os pais a escolher a melhor escola, foi o primeiro livro, editado em 2005, seguiu-se, no ano passado, A Minha Sala de Aula é uma Trincheira, vocacionado para os professores. Agora aventura-se numa experiência completamente diferente, a ficção, uma coleção infanto-juvenil. Desta vez Bárbara Wong, jornalista do Público há 15 anos, e mãe de dois adolescentes, de 13 e 15 anos, dividiu a tarefa com a sua amiga Ana Soares, professora de português que, tal como ela, também tem dois filhos, e adora ler e escrever.

Estas histórias são aventuras?
Mas com um extra! Os personagens adquirem poderes dos deuses do Olimpus. Portanto são mais do que uns adolescentes que vivem aventuras, eles são deuses com poderes que os ajudam a resolver os perigos em que se envolvem. Com a coleção Olimpvs.net procuramos ir ao encontro da magia e imaginação dos mais novos. E, ao mesmo tempo, temos a preocupação de ensinar, em cada livro, um mito ou uma história da Grécia Antiga.

Quantos livros já escreveram?
Este é o terceiro. No início do Verão lançámos No Labirinto do Minotauro e O Túmulo Perdido. No primeiro contamos a história do Minotauro e no segundo a Caixa de Pandora. Agora acaba de sair No Mundo dos Mortos, cujo mito é a criação das estações. A coleção é editada pela Alfaguara. Em 2013 estão previstos mais três livros.

O facto de as autoras terem filhos adolescentes ajuda-as a desenvolver estas histórias?
Ajuda porque ouvimo-los a falar com os amigos e usamos a mesma linguagem. Mas eles também nos ajudam, dão imensas sugestões. Por exemplo, chamam-nos a atenção – quando leem os rascunhos – para cenas com pouca ação ou para comportamentos que acham pouco verosímeis um jovem daquela idade ter. Os filhos da Ana Soares ainda não chegaram à adolescência mas são uns entusiastas! Por exemplo, a filha mais nova, com apenas cinco anos, ajudou-nos a preparar um powerpoint para apresentarmos nas escolas. É muito engraçado o entusiasmo dos nossos filhos!

Acaba por ser um estímulo?
Sem dúvida. Temos tido facilidade e rapidez a escrever as nossas histórias porque temos muitas mãos! Normalmente planeamos a história e depois cada uma de nós escreve alternadamente. E o mais engraçado é que nem sempre seguimos o guião original: frequentemente as personagens pegam em nós e levam-nos para outros lados...

Escreve normalmente à noite?
Todos os dias uma ou duas horas mas o grande avanço é dado aos fins de semana. Nessa altura, eu e a Ana reunimos as famílias e, enquanto os nossos filhos brincam, nós trabalhamos. Claro que isto é possível porque temos maridos entusiasmados com este projeto!

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As ilustrações são de quem?
Da Patrícia Furtado, que é uma excelente ilustradora. E também contamos com a colaboração de Cristina Pimentel, professora e diretora do Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que nos faz a revisão dos livros, para garantir que não estamos a cometer nenhuma gafe histórica já que ela é especialista em cultura grega. E o mais curioso é que o mito, que os leitores podem ler no site www.olimpvs.net é escrito por ela. Ou seja, também conseguimos criar esta parceria com a Faculdade de Letras que é uma espécie de selo de confiança para os pais dos nossos leitores.

Quanto custam estes livros?
Custam cerca de 11 euros. À partida parece um preço alto quando comparado com outras coleções mas esta têm outras mais-valias: criámos o sitio na Internet, o olimpvs.net, onde os miúdos podem acompanhar o desenrolar da história porque tem um capítulo extra, a que se acede só através de um código. Dentro do sitio há ainda uma rede onde os leitores podem falar com os heróis dos livros e os diálogos são uma delícia! E ainda o “selo” do Centro de Estudos Clássicos.

É isso que as distingue das autoras de Uma Aventura?
O nosso objetivo é escrever histórias que ensinem alguma coisa aos jovens e que lhes permita esta ligação às novas tecnologias. Hoje em dia queixamo-nos muito que as crianças não leem por causa do computador. Aqui eles não só leem como podem ir ao computador continuar a ler, assim como ainda podem falar com os heróis. E ainda temos guiões para os professores.

Pensaram em tudo...
É verdade! Os professores que queiram trabalhar estes livros na sala de aula, podem fazê-lo porque preparámos fichas. Também criámos guiões para as bibliotecas. O nosso objetivo foi tornar o projeto o mais completo possível. E, sobretudo, tornar a leitura um momento de prazer para os jovens.

Como é que as crianças sabem da existência destes livros?
Os livros estão à venda nas livrarias, em papelarias, nas livrarias online… E temos ido a escolas, onde a recetividade tem sido muito boa.

Qual vai ser o próximo projeto?
No início do ano, vou lançar outro guia para os pais, com pistas sobre o relacionamento das famílias com a escola. Este livro resulta de um convite que a Porto Editora me fez, há cerca de um ano, e vai chamar-se O Meu Filho Fez O Quê?

Como é que consegue escrever tantos livros a trabalhar um dia inteiro num jornal?
Chego de manhã muito cedo ao PÚBLICO e trabalho o dia inteiro. Depois, quando chego a casa, mudo o chip e começo a escrever. Isto é possível porque tenho o melhor dos apoios em casa, do marido e dos filhos que compreendem que estes projetos me completam e me fazem feliz. E onde, na verdade, eles também participam com a sua ajuda, apoio e sugestões. Nas capas dos livros, onde se lê o meu nome, deve ler-se também os nomes deles!

 

Texto: Palmira Correia