Medo do futuro. Do que possa ser
o nosso futuro. Do que possa ser o futuro
dos nossos filhos.
aqueles que nos são próximos. Do nosso
emprego. Da nossa vida.
Medo de acabar.
Por alguma vez já sentiu algum destes medos?
Bem-vindo à Humanidade.
De facto, uma das maiores questões existenciais
que desde sempre acompanha o Homem
é a sua relação com o Tempo. Somos
e realizamo-nos em função de uma escala
temporal dividida entre passado, presente e
futuro. Não somos sem tempo. Não existimos
fora dele. Por muito que nos isolemos
ou que tentemos não pensar, o Tempo está
lá. Sempre.
Não é pois por acaso que a nossa relação
com o tempo condiciona aquilo que somos,
o que fazemos, a forma como vivemos e o
que sentimos. A nossa relação com o tempo determina, por exemplo, o modo como deixamos
ou não que o passado invada o nosso
presente (gerando sentimentos como nostalgia,
saudade, culpa, frustração e impotência)
mas, igualmente, a forma como nos vemos
no futuro (os nossos sonhos, os nossos desejos,
os nossos projetos). Como nos conseguimos
projetar para além do hoje que
vivemos e para lá do passado que deixámos
(ou que nos continua a perseguir).
A dimensão temporal futuro está a
transformar-se numa das nossas angústias
existenciais mais limitativas. Até por questões
culturais e de educação, o futuro é-nos
apresentado como incerto, o lugar de todas
as possibilidades (desconhecidas e incertas),
o lugar onde tudo pode acontecer, o lugar
que não podemos controlar. O lugar da concretização
dos nossos desejos e dos nossos
sonhos mas, igualmente, o lugar da ansiedade
e da angústia face à possibilidade de não
conseguirmos. O lugar onde podemos vir a
sofrer. O lugar onde podemos vir a não ser.
Eugene Minkowski (1885-1972), um dos
autores das correntes da Psicopatologia
Fenomenológica, teorizou exatamente
sobre esta «doença do Tempo». Segundo
Minkowski, o indivíduo adoecia sempre
que quebrava a sua escala progressiva no
tempo. Deixando de se projetar na escala
do devir, o indivíduo deixava de ter projetos,
deixava de se conseguir ver a si próprio
no futuro. Não se conseguindo projetar
no futuro, o indivíduo tornava-se apático,
perdia alento, vivia sentimentos de não
vale a pena, não há nada a fazer, o mundo
não tem nada de bom para me dar.
De facto, a nossa felicidade passa muito
pela forma como somos ou não capazes de
nos projetar no futuro. Embora podendo
estar a passar por um momento difícil,
aquilo que verdadeiramente nos paralisa é a
possibilidade da nossa situação angustiante
se manter ou agravar-se. E, nestes momentos
de angústia, passamos a sentir não tanto
a vivência do momento mas o receio de que
o momento angustiante se venha a agravar,
que seja algo interminável.
Entramos desta forma num processo de
reforço do sofrimento. Para ultrapassarmos
este estado temos de deixar de rejeitar o futuro
porque o mesmo representa um lugar
de insegurança. Ver o futuro como um lugar
inseguro é uma atitude de sabotagem da
nossa própria acção e das nossas capacidades,
da nossa força de vontade. Uma atitude de
sabotagem daquilo que nos faz ultrapassar
os obstáculos (naturais) que a vida nos apresenta
(e nos apresentará sempre)! Força de
vontade que é inata em nós mas que, tantas
vezes, não usamos.
Por isso, deixe de pensar na incerteza e
naquilo que pode perder no futuro. Concentre-se, em vez disso, naquilo que pode
vir a ganhar. Concentre-se em tudo aquilo
que enche o seu coração de felicidade. Vai
ver que, no futuro, a felicidade que projeta
estará lá.
Texto: Teresa Marta (mestre em relação de ajuda e consultora de bem-estar)
Comentários