Aquilo que todos os pais querem é que os seus filhos sejam felizes, apesar disso, não são raras as vezes, que contactamos com pais que ficam na dúvida se de facto os seus filhos são felizes e, de repente, vivem inundados na dúvida se fazem o suficiente para garantir a felicidade de um filho.
Perante isto, é essencial não nos esquecermos que não existe felicidade sem que haja espaço a todo o mundo emocional, isto é, não existe felicidade, sem que exista espaço para a tristeza, a raiva, a alegria e o medo, por exemplo. E é precisamente neste ponto que muitas vezes se está a falhar, isto é, na ânsia de se desejar que um filho seja feliz, são demasiadas as vezes em que se procura impedir que surja a tristeza, ou o medo, por exemplo. Afinal, se pensar bem, quantas vezes, não reparou que o seu filho estava triste por algum motivo e não lhe disse “não chores, não estejas triste”. No fundo, quando fazemos isto com uma criança, atiramos a tristeza para bem longe dela, não a validamos, nem lhe damos espaço para existir.
Ou, pense agora noutro exemplo, quando surge um medo, como por exemplo o medo de fantasmas, quantas vezes disse “não tenhas medo, não há fantasmas!”, fugindo do medo da criança e reduzindo tudo aquilo que ela está a sentir. Os fantasmas, regra geral, representam muito mais do que apenas isso, e é essencial validar tudo aquilo que a criança sente, e, apenas depois disso, a trazer para a realidade e, se necessário, mostrar-lhe outra perspetiva.
Se fica demasiadas vezes assustado com a possibilidade do seu filho não ser feliz, faça uma análise, em primeiro lugar, ao espaço que está a dar a todas as emoções que ele vivencia.
Depois, de o fazer, opte por analisar porque tem esse medo, na verdade o que representa essa possibilidade para si e o que diz essa possibilidade a respeito daquilo que é, enquanto pai, ou mãe? Pense ainda se, enquanto criança, se sentiu uma criança feliz, procure identificar momentos de felicidade na sua infância, ou momentos em que sentiu falta dessa felicidade, e procure perceber como é que esses momentos o impactam enquanto pai, ou mãe. Esta tomada de consciência ajudará a orientar a forma como exerce a parentalidade e ajudará a identificar a direção certa.
Para além disso, lembremo-nos sempre que uma criança para ser feliz, não precisa que os seus pais sejam perfeitos. Aquilo que precisa é que se sintonizem com ela, que lhe dêem espaço para ser ela própria e para vivenciar todas as suas emoções, precisa ainda de se sentir amada e de sentir nos pais uma base de segurança firme e robusta. Se tudo isto existir, temos reunidas as condições para que uma criança, em tudo aquilo que é, cresça tranquila e feliz.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
Comentários