Dá por si a começar dietas que não
consegue cumprir? A tomar suplementos
para emagrecer e, em simultâneo,
a comer às escondidas? A achar sempre que
a próxima segunda-feira é o dia ideal para
começar a cuidar da sua imagem?

Se alguma
destas questões lhe soa familiar, talvez
esteja a sabotar o seu corpo. O que significa
dizer que está a sabotar a sua capacidade
inata de escolher o que é melhor para si e
para o seu bem-estar.

A questão é porque é que
o faz? Não se considerará verdadeiramente
importante para merecer a imagem que
cria de si própria? Ou será que aquilo que
pretende é tão desfasado daquilo que genuinamente
deseja que fica sem força suficiente
para cumprir os seus planos? Analisamos o nosso corpo como analisamos
a nossa vida, através de perceções.

E estas dependem da forma como interpretamos
o que nos acontece. Este processo interpretativo
condiciona aquilo que é a
verdade para nós. Por isso, a nossa verdade
depende da forma como percecionamos o
que nos acontece. E assim ocorre também
com o nosso corpo. Também ele é o resultado
prático da forma como o interpretamos.

Tenho aprendido, como coach que sou, que
quando não se consegue emagrecer, persistir
num tratamento estético, num programa
de bem-estar ou num processo terapêutico,
seja ele qual for, tal deve-se, na
maioria das vezes, a fatores internos que
estão a sabotar o desejo de prosseguir. Isto
é, a própria pessoa cria barreiras a que o
processo se desenvolva.

Não há forma de dizer qual a interpretação
correta no que respeita à relação
do «eu» com o corpo. Esta relação
caracteriza-se por ser subjetiva. A nossa
atenção seletiva tende a focar-se na imperfeição,
no que está mal. O que nos
surge em primeiro lugar não é a mudança
interior, mas as mudanças que achamos
dever implementar no exterior para
nos sentirmos bem, felizes e completos.

Na verdade, nós somos ser na medida em
que somos para os outros. Por isso, não
nos basta a realização enquanto corpo
biológico. Almejamos algo superior, a
aceitação social. Em busca dela tornamo-nos imagem do outro e é neste processo
que nos questionamos «Quem sou
afinal?».

Uma das melhores atitudes que pode
adotar para não se sabotar é deixar de se
focar naquilo que interpreta como «estando
mal» para se centrar nos aspetos do seu
corpo pelos quais se sente grata neste momento.
Podem ser coisas tão simples como
as sardas que lhe dão um ar de menina
rebelde, as suas pestanas longas, o timbre
da sua voz ou simplesmente o facto do seu
corpo, independentemente da forma como
o trata, lhe permitir algo tão válido
como, por exemplo, ser autónoma.

O nosso corpo tem consciência. Marca
o que passámos. É o reservatório das
nossas experiências de dor e de alegria.
Os medos, a insegurança, a preocupação,
as dificuldades, tudo fica registado no
corpo. E todas estas sensações se podem
transformar em mal-estar existencial. Por
isso, tente perceber, face ao que lhe acontece,
se está a interpretar a sua vida em
função da dor e da preocupação. Estas
emoções provocam medo.

E o medo faz
muitas vezes com que tenhamos necessidade
de comer mais. É como se o nosso
corpo criasse uma barreira protetora aumentando
de peso. Para para (re)olhar para o seu corpo.
Como se vê? Que mudanças deseja fazer?
Se está insatisfeita com o seu corpo, use
essa energia para mudar de atitude. Sem
sabotagem. Se tem de escolher onde vai
habitar, está a seu cargo escolher viver do
lado da alegria. O seu corpo agradece.
E isso vai notar-se!

Texto: Teresa Marta (mestre em relação de ajuda e consultora de bem-estar)