Não tenha medo de enfrentar o espelho nem de mudar. É através da mudança, que crescemos e nos reinventamos, na esperança de sermos cada vez melhores. Melhores amigos, pais, filhos, irmãos, colegas, companheiros…
Acontece que a mudança, por muito desejada ou programada que seja, depende de um fator difícil de conquistar, a coragem. É ela que nos empurra para fora da nossa zona de conforto.
E é também ela que nos obriga a enfrentar o desconhecido e que «nos permite acreditar que, mesmo perdendo alguma coisa agora, o que teremos no futuro fará de nós pessoas mais felizes». Pô-la em prática, explica Teresa Marta, coach para a coragem, implica aceitar «que precisamos de mudar, de agir com consequência» e rejeitar a culpa que tantas vezes nos impede de avançar.
Com este artigo, pretendemos inspirá-la a projetar uma versão melhor de si, por si e pelos que a rodeiam. Para que seja, finalmente, feliz! Muitas vezes, para agradar os outros, acaba por frustrar os seus desejos. Vítor Rodrigues, psicólogo e psicoterapeuta, indica as melhores estratégias para se valorizar… sem comprometer as suas relações sociais. Estas são algumas das mudanças que deve fazer:
- Vou dizer mais vezes que não
«Se nunca dizemos não, o nosso sim não vale nada. Saber dizer que não faz parte de sermos honestos connosco e com os outros e de nos sabermos respeitar a nós, aos nossos direitos e necessidades. De outro modo, frustramos a nossa verdadeira natureza e isso gera mal-estar e agressividade latente», realça Vítor Rodrigues.
«Ensaie face a um espelho e depois com um amigo. Isso ajudá-la-á a sentir que é possível, para si, dizer não», sugere o psicólogo clínico. «Além disso, questione-se. Estou a respeitar mais o outro e a mim ao dizer que sim a tudo? O que me leva a ter medo de dizer que não? Experimente gritar que não muitas vezes, em tons diferentes, e vá percebendo como se sente. Os primeiros nãos devem custar mais mas valem a pena», afiança o psicólogo clínico
- Não vou permitir que me maltratem
«Consentir ser maltratada e/ou humilhada resulta na perda de autoestima, produz ressentimentos latentes, conduz à perda de respeito próprio. É como se interiorizássemos a falta de respeito que os outros demonstram por nós. Fazer o oposto ajuda-nos a encontrar a nossa própria força», afirma Vítor Rodrigues.
Passe à prática e mude isso. «Comece por expressar o que sente perante as palavras e os atos da pessoa que a maltrata e/ou humilha e proponha-lhe que encontre melhores modos. Muitas vezes, isso exige saber usar a sua força interior. Nem que, para isso, seja necessário frequentar aulas de artes marciais», recomenda.
- Vou deixar de fazer fretes
«Fazer um frete implica um sentimento de frustração. Gera revolta e mal-estar. É como se uma parte de si estivesse a fazer força para realizar algo e a parte restante se opusesse, fazendo com que fique tensa e desgostada, opondo resistência passiva», sublinha o psicólogo clínico.
«Seja clara acerca do que está disposta a fazer e encontre o lado positivo nas coisas que faz. Por exemplo, em vez da atitude de revolta face a algo que não lhe dá especial prazer, encontre as razões para o fazer e a satisfação de agir de acordo com a sua ética. Por exemplo, pode não gostar de lavar o chão mas isso pode ser bom para si e para os outros e pode, nesse caso, ter o prazer de lavá-las para bem de todos», aconselha Vítor Rodrigues.
- Vou pedir desculpa
«Para muitas pessoas, não pedir desculpa impede-as de se perdoarem. É como se sentissem que algo fica por fazer e que o mal que fizeram permanece dentro delas, assombrando-as e dificultando o seu bem-estar interior», descreve o especialista.
Passe à prática e comece a agir de forma diferente. «É simples. Peça desculpa encarando isso como um ato natural e civilizado. Encontre um momento adequado e explique à outra pessoa que faz questão de lhe dizer alguma coisa. Estará a repor a harmonia dentro e fora de si», assegura Vítor Rodrigues.
Texto: Nelma Viana com Vítor Rodrigues (psicólogo e psicoterapeuta)
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