Este tipo de perturbações afeta mais gente do que se julga. Segundo um estudo encomendado pela Society for Women's Health Research no início da década, cerca de 75% por cento das mulheres sofre ocasionalmente de falta de libido, enquanto apenas 14% procura ajuda médica para se tratar. Nos dias que correm, as percentagens não se alteraram significativamente, uma vez que o assunto continua a ser tabu para muitos casais.

A rotina, as doenças e respetiva medicação, sem esquecer o stresse, uma das epidemias dos dias de hoje, são os principais inimigos do sexo. Mas existem outros fatores que podem impor-se como verdadeiros obstáculos ao prazer. Os efeitos secundários de alguns fármacos, medicamentos ou tratamentos médicos podem causar vários problemas sexuais na vida do casal, como também sublinham muitos especialistas.

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As benzodiazepinas, presentes em  ansiolíticos, por exemplo, podem dificultar a obtenção do orgasmo. Já os medicamentos para a tensão podem reduzir a libido, os antidepressivos podem dificultar a obtenção do orgasmo e alguns tratamentos de quimioterapia podem causar secura vaginal. Segundo cientistas do Instituto Gustave Roussy, em França, os pacientes submetidos a tratamentos de quimioterapia viram afetada a função sexual em vários aspetos, desde problemas de desejo, ereção, satisfação sexual, orgasmo, lubrificação e dor. As alterações vaginais requerem, contudo, cuidados especiais.

O mais importante é não ignorar o problema e falar com um especialista. A utilização regular de um gel lubrificante pode corrigir a secura vaginal que condiciona a vida sexual de muitas mulheres mas, ainda assim, deve alertar o médico para estes sintomas. Use roupa interior de algodão para evitar infeções e evite também calças muito apertadas. Estes são dois dos conselhos que muitos dos médicos mais repetem.

A interferência da menopausa e da andropausa

A passagem do tempo tem, inevitavelmente, consequências. "Com a diminuição hormonal durante a menopausa, a mulher passa a ter menos  lubrificação vaginal, devendo ter alguns cuidados adicionais na relação sexual", refere Marta Crawford no livro "Sexo sem tabus", publicado peça editora A Esfera dos Livros. Isto porque em caso de secura, a fricção do pénis pode magoar, provocando alergias ou infeções.

Já no homem, a andropausa pode ser a principal responsável pela disfunção erétil, um problema que, segundo dados de um estudo elaborado em meados da década de 2000, afeta, em média, 13% da população masculina. A andropausa é, assim, a incapacidade de obter ou manter uma ereção adequada para uma atividade sexual satisfatória. De acordo com a sexóloga, "o uso de lubrificantes é indispensável".

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A possibilidade de reposição hormonal também. Existem no mercado lubrificantes à base de água, bem como uma terapia local à base de estrogénios, em óvulos ou em creme, que permitem manter as  características físicas da vagina. No homem, as soluções incluem "medicamentos [terapia de substituição hormonal, alteração de medicamento ou de dosagem] ou fármacos que atuam diretamente sobre os mecanismos que comandam a ereção", realça ainda a sexóloga portuguesa. A terapia sexual ou de casal também pode ajudar. Consulte o seu médico, se sentir que necessita de ajuda a esse nível.

Estima-se que mais de um terço das mulheres portuguesas sente falta de desejo. De acordo com números tornados públicos nos últimos anos, 32% tem dificuldades em atingir o orgasmo, diminuição da excitação ou da lubrificação e 34% sente dor ou desconforto durante as relações sexuais. Se reconhece alguma destas situações, procure ajuda médica. Se necessita de sugestões de posições sexuais complementares, encontra-as já de seguida.

Texto: Sónia Ramalho